A bancada mineira do PMDB j� n�o se entende em rela��o ao engenheiro el�trico Ricardo Medeiros, indicado h� menos de um ano para a presid�ncia de Furnas. Sem conseguir emplacar um s� ministro no governo Michel Temer, este � um dos poucos cargos de “peso” que restaram a Minas Gerais. Parte da bancada quer que fique; a outra j� trabalha nos bastidores para retir�-lo do cargo.
A favor de Medeiros, o argumento de que sendo homem de carreira, conhece o setor e estaria conduzindo a gest�o com o vi�s mais “t�cnico” do que pol�tico. Contra o engenheiro, contudo, h� parlamentares que reclamam do que chamam da falta de “pulso” para determinar o planejamento estrat�gico de Furnas: ele estaria sendo excessivamente “submisso” �s determina��es do executivo Wilson Ferreira Junior, presidente da Eletrobras e do Conselho de Administra��o de Furnas.
Subsidi�ria da Eletrobras e vinculada ao Minist�rio de Minas e Energia, Furnas, que tem or�amento de R$ 820 milh�es para este ano, foi criada em 1957 para dar sustenta��o ao processo de industrializa��o ent�o em curso no pa�s com a constru��o da primeira hidrel�trica de grande porte. O lago de Furnas, tamb�m chamado de “mar de Minas”, � um dos maiores lagos artificiais do mundo, cobrindo uma superf�cie de 1.406,26 quil�metros quadrados e recriando paisagens em 34 munic�pios.
Para al�m do peso pol�tico “territorial”, j� que muitas decis�es e pequenas a��es envolvem interesses das popula��es e prefeituras municipais, Furnas tem grande peso econ�mico: participa de empreendimentos que respondem por 10% da energia produzida no Brasil. S�o 20 usinas hidrel�tricas, das quais seis pr�prias, seis sob administra��o especial, duas em parceria com a iniciativa privada e nove em Sociedades de Prop�sito Espec�fico (SPEs), al�m de duas termel�tricas e tr�s parques e�licos.
Com os esquemas de financiamento de campanhas pol�ticas reprimidos, influenciar nas nomea��es para a presid�ncia e cinco diretorias de Furnas � considerado importante para parlamentares, � medida em que indicam assessores que lhes s�o leais politicamente e ainda facilitam no encaminhamento de demandas de suas bases eleitorais na regi�o sob a influ�ncia da empresa.
As rela��es passadas entre pol�ticos e Furnas est�o sob o crivo da Justi�a. Est� em curso na 35a Vara Criminal do Rio, o julgamento de den�ncia da chamada “lista de Furnas”, caso que envolve 150 pol�ticos acusados de terem se beneficiado no in�cio dos anos 2000 de esquema de desvio de recursos destinados � constru��o de termoel�tricas, quase todos ligados ao ent�o governo de Fernando Henrique Cardoso. Na semana passada, o Minist�rio P�blico do Rio de Janeiro ratificou den�ncia do Minist�rio P�blico Federal.