Bras�lia, 16 (AE), 16 - O executivo Alexandre Jos� Lopes Barradas disse em dela��o premiada que tratou do pagamento de caixa 2 em 2010 diretamente com o deputado federal F�bio Faria (PSD-RN), conhecido como "Garanh�o" na planilha da empreiteira.
Na �poca, F�bio Faria concorria a uma cadeira na C�mara dos Deputados, enquanto o pai, Robinson Faria (PSD), era o vice na chapa encabe�ada por Rosalba Ciarlini (PP) na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte. Hoje, Robinson � o governador do Estado e Rosalba, prefeita de Mossor�.
"Ele (F�bio Faria) falou que precisava de R$ 100 mil pra campanha dele e R$ 350 mil seriam repassados pra campanha majorit�ria (de Rosalba Ciarlini ao governo estadual), mas essa conversa foi s� com ele. N�o teve o pai dele nessa conversa", disse Barradas em depoimento � Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR).
Indagado se o parlamentar perguntou de onde vinha o dinheiro, Barradas foi categ�rico: "A maneira de fazer (o repasse) foi logo colocada: 'Agora eu n�o tenho condi��es de fazer forma oficial, eu tenho de fazer via caixa 2...' Isso foi falado".
Rosalba foi eleita governadora do Rio Grande do Norte no primeiro turno das elei��es com 52,46% dos votos v�lidos. F�bio Faria, por sua vez, garantiu uma cadeira na C�mara dos Deputados naquela elei��o.
Segundo o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, Barradas tinha a fun��o de identificar lideran�as pol�ticas que pudessem apoiar e criar um ambiente favor�vel aos projetos de parcerias p�blico-privadas e privatiza��es no mercado de saneamento.
"Toda doa��o de uma empresa tem sempre uma ideia... Ou ela vai apoiar uma pessoa pelas ideias, mas sempre um sentimento... At� uma institui��o de caridade voc� doa porque est� vendo um trabalho bem feito ali. Toda doa��o tem sempre um objetivo", comentou Barradas em seu depoimento.
"Voc� n�o pode apoiar um candidato com ideias estatizantes, vai ser um choque. Porque se o cara � estatizante, est� na contram�o daquilo que n�s vendemos", explicou o delator.
Segundo Barradas, a quest�o do saneamento foi um dos principais pontos discutidos com Rosalba, que lhe teria prometido que a �rea seria prioridade de sua gest�o, caso fosse eleita.
Para Janot, as condutas narradas "n�o se tratam de mera doa��o eleitoral irregular". "Vislumbra-se, na verdade, uma solicita��o indevida em raz�o da fun��o p�blica que se almeja ou que ocupa, a pretexto de campanha eleitoral. Por esta raz�o h� fortes ind�cios de que se est� diante de crimes graves que precisam ser minuciosamente investigados. O recebimento de valores a pretexto de doa��o eleitoral pode configurar verdadeiro ato de corrup��o com um lastro de depend�ncia entre recebedor e doador que pode ser cobrado imediata ou futuramente, n�o determinado, mas certamente determin�vel", escreveu o procurador-geral da Rep�blica, ao pedir a abertura de inqu�rito.
A reportagem n�o obteve resposta do deputado federal F�bio Faria, do governador Robinson Faria e da prefeita Rosalba Ciarlini. Al�m de Robinson Faria, outros dois governadores s�o investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas dela��es da Odebrecht: o de Alagoas, Renan Filho (PMDB), e o do Acre, Ti�o Viana (PT).
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Delator diz que tratou de caixa 2 diretamente com deputado 'Garanh�o'
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