O executivo Luiz Eduardo da Rocha Soares disse em dela��o premiada que a Odebrecht evitava a realiza��o de pagamentos l�citos, por isso elegia a via do caixa 2 e da propina para satisfazer pol�ticos e partidos. Em um dos depoimentos � for�a-tarefa da Procuradoria-Geral da Rep�blica, tranquilamente ele explicou. "Primeiro que n�o gost�vamos de fazer muitos pagamentos l�citos, porque chamava muito a aten��o."
"Por exemplo, se a gente fosse pagar tudo da forma l�cita daria 100 milh�es de d�lares em doa��es eleitorais da Odebrecht", disse, referindo-se �s elei��es de 2010. "Em 2010 acho que foram 50 milh�es de reais, ent�o � pouco."
"� pouco?", questionou um procurador.
"� pouco, � pouco", respondeu o delator.
"Logo que n�s assumimos essa �rea, Hilberto (Mascarenhas, chef�o do Departamento de Propinas da empreiteira) e eu, essa �rea de opera��es estruturadas, tivemos que apoiar toda parte de pagamento a campanhas eleitorais e apoiar o Benedicto J�nior (o 'BJ') para fazer isso."
Segundo o executivo, o Grupo decidiu escalar "um coordenador nesse neg�cio".
"Como a empresa � altamente descentralizada, v�rias pessoas poderiam ter contato com os mesmos pol�ticos. Ent�o, tudo era centralizado, tudo em uma pessoa s�, a Infraestrutura. O Benedicto J�nior pediu meu apoio para apoi�-lo tanto no controle de pagamento de coisas de doa��es l�citas como as il�citas tamb�m."
Luiz Eduardo, sob compromisso de "dizer a verdade" - conforme o Acordo de Colabora��o Premiada que assinou - entregou aos procuradores uma planilha de controle de desembolsos. "Fizemos diversos tipos de planilhas. Eu fazia o acompanhamento. Nos primeiros momentos a gente usava muito codinome estranho, assim tipo 'capit�o', 'tenente', 'sargentos' e 'cabos'."
Indagado sobre quem fazia os pagamentos l�citos, o executivo informou. "Era a tesouraria corporativa da empresa. Eu controlava e coordenava tudo. O Benedicto J�nior me falava quais pagamentos era para serem feitos. Eu solicitava para a tesouraria corporativa da empresa. Como se fosse uma pessoa cuidando da parte de elei��o, doa��es eleitorais � com o Luiz Eduardo."
Ele disse que 'BJ' o comunicava sobre quais partidos e pol�ticos iriam receber. "Eu providenciava o pagamento dessas doa��es. Tinha planilhas. Doa��es para partidos e candidatos. A� � que est�, n�s nunca pag�vamos os candidatos diretamente, a gente s� gostava de pagar o Diret�rio Nacional, da� o Diret�rio Nacional tinha que mandar para quem de direito."
Luiz Eduardo contou que fazia os contatos com os pol�ticos, informando sobre a doa��o que estava sendo mandada para o Diret�rio Nacional.
No caso de elei��o de vereador e prefeito, os repasses eram feitos para os Diret�rios Municipais.
Sobre a planilha que entregou aos procuradores, referente a este tema espec�fico, o delator garantiu a autenticidade do documento. "Planilha da �poca (dos lan�amentos de valores). Em arquivo eletr�nico."
O procurador indagou. "Se a gente colocar em per�cia vai dizer que foi criado em tal dia, l� atr�s? N�o foi modificado?"
"N�o, n�o tinha como fazer agora."
"Estava guardado no sistema?", insistiu o procurador.
"(esta c�pia) Estava fora, mas est� no sistema tamb�m."
Sobre o cotidiano de pagamentos il�citos ele explicou. "Vou te dar um exemplo. Tinha o LE, l�der empresarial, e v�rios diretores, o S�rgio Neves, de Minas, o Leandro Azevedo, do Rio, cada um fazia a sua planilha com os codinomes. A gente se reunia com os codinomes para quem a gente ia pagar, de que forma ia pagar, e sa�amos fazendo os pagamentos durante o ano eleitoral."
Ele contou que "n�o tinha esse poder" de decidir sobre o que era pagamento l�cito do il�cito. "Vinha ordem para pagar, de uma forma ou de outra. � claro que o meu trabalho, logicamente, era executar e fazer a administra��o da falta. Ent�o, quanto n�s demos de dinheiro? Dessa forma quanto temos de dinheiro? Eu sugeria 'estamos pagando muito atrav�s dessa empresa, temos um limite de dois por cento sobre o faturamento, n�o vamos mais pagar com essa empresa, vamos por aquela'. Nisso eu ajudava."
Os investigadores insistiram com o delator sobre as alcunhas lan�adas nas planilhas de propinas. "No come�o a gente fazia at� uma brincadeira. Se era o centroavante era o presidente, ou o capit�o era o presidente, tenente o governador, sargento deputado federal e cabo deputado estadual, s� para separar um pouquinho."
Ele traduziu alguns codinomes. "'Pr�ximus' � S�rgio Cabral, 'Mineirinho' � A�cio Neves, 'Nervosinho' � Eduardo Paes, 'Vizinho' � o Jos� Serra, Humberto Costa � o 'Dr�cula', Campari � o Gim Argello, 'Ferrari' o Delc�dio Amaral."