
O casal Luiz In�cio Lula da Silva e Marisa Let�cia (que morreu em fevereiro deste ano) planejava passar as festas de fim de ano de 2014 no triplex 164-A do Edif�cio Solaris, que o empreiteiro Jos� Aldem�rio Pinheiro, o L�o Pinheiro, diz ter sido comprado e reformado pela OAS, como vantagens indevidas concedidas ao petista.
L�o narra que depois da primeira visita com Lula, foi feita uma segunda visita. Dessa vez Lula n�o foi, havia preocupa��o porque era ano de elei��o. L�o foi com dona Marisa, ocasi�o em que ouviu um pedido.
"Ent�o dona Marisa fez um pedido: 'N�s gostar�amos de passar as festas de fim de ano aqui no apartamento. Teria condi��es de estar pronta?'", relatou L�o Pinheiro ao juiz federal S�rgio Moro, dos processos da Opera��o Lava Jato em audi�ncia na quinta-feira, 21.
Moro perguntou depois se deu tempo de terminar a obra e o empreiteiro disse que sim.
"Pode ficar certo que antes disso...", disse L�o Pinheiro, o empreiteiro do cartel, que fatiava obras na Petrobras pagando propinas a pol�ticos e agentes p�blicos, mais pr�ximo do ex-presidente.
A den�ncia do Minist�rio P�blico Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milh�es em benef�cio pr�prio - de um valor de R$ 87 milh�es de corrup��o - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As acusa��es contra Lula s�o relativas ao recebimento de vantagens il�citas da empreiteira OAS por meio do triplex no Guaruj�, no Solaris, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016.
O Edif�cio Solaris era da Cooperativa Habitacional dos Banc�rios (Bancoop), a cooperativa fundada nos anos 1990 por um n�cleo do PT. Em dificuldade financeira, a Bancoop repassou para a OAS empreendimentos inacabados, o que provocou a revolta de milhares de cooperados - eles protestam na Justi�a que a empreiteira cobrou valores muito acima do previsto contratualmente. O ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto foi presidente da Bancoop.
Defesa de Lula
"L�o Pinheiro, no lugar de se defender em seu interrogat�rio, hoje, na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, contou uma vers�o acordada com o MPF como pressuposto para aceita��o de uma dela��o premiada que poder� tir�-lo da pris�o. Ele foi claramente incumbido de criar uma narrativa que sustentasse ser Lula o propriet�rio do chamado tr�plex do Guaruj�. � a palavra dele contra o depoimento de 73 testemunhas, inclusive funcion�rios da OAS, negando ser Lula o dono do im�vel".
"A vers�o fabricada de Pinheiro foi a ponto de criar um di�logo - n�o presenciado por ningu�m - no qual Lula teria dado a fantasiosa e absurda orienta��o de destrui��o de provas sobre contribui��es de campanha, tema que o pr�prio depoente reconheceu n�o ser objeto das conversas que mantinha com o ex-Presidente. � uma tese esdr�xula que j� foi veiculada at� em um e-mail falso encaminhado ao Instituto Lula que, a despeito de ter sido apresentada ao Ju�zo, n�o mereceu nenhuma provid�ncia".
"A afirma��o de que o tr�plex do Guaruj� pertenceria a Lula � tamb�m incompat�vel com documentos da empresa, alguns deles assinados por L�o Pinheiro. Em 3/11/2009, houve emiss�o de deb�ntures pela OAS, dando em garantia o empreendimento Solaris, incluindo a fra��o ideal da unidade 164A. Outras opera��es financeiras foram realizadas dando em garantia essa mesma unidade. Em 2013, o pr�prio L�o Pinheiro assinou documento para essa finalidade. O que disse o depoente � incompat�vel com relat�rios feitos por diversas empresas de auditoria e com documentos anexados ao processo de recupera��o judicial da OAS, que indicam o apartamento como ativo da empresa".
"L�o Pinheiro negou ter entregue as chaves do apartamento a Lula ou aos seus familiares. Tamb�m reconheceu que o im�vel jamais foi usado pelo ex-Presidente".
"Perguntado sobre diversos aspectos dos 3 contratos que foram firmados entre a OAS e a Petrobras e que teriam rela��o com a suposta entrega do apartamento a Lula, Pinheiro n�o soube responder. Deixou claro estar ali narrando uma hist�ria pr�-definida com o MPF e incompat�vel com a verdade dos fatos".
