Depoimento de Lula e habeas corpus de Palocci definir�o novas dela��es

Bras�lia – A semana que come�a � vista como uma das mais importantes para o futuro do Partido dos Trabalhadores desde que o in�cio da Lava-Jato, em 2014. Isso porque tr�s petistas considerados figuras centrais no esquema de desvios de recursos na Petrobras, o ex-diretor da estatal Renato Duque, o ex-tesoureiro da legenda Jo�o Vaccari Neto e o ex-ministro Antonio Palocci, esperam os acontecimentos desta semana para decidir se fecham um acordo de dela��o premiada e contam tudo o que sabem. O depoimento do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e o julgamento do habeas corpus de Palocci no Supremo Tribunal Federal (STF), que devem acontecer entre amanh� e quinta-feira, s�o fatores que v�o pesar na balan�a de quem cogita colaborar com a Justi�a.

Como o habeas corpus do ex-ministro Jos� Dirceu foi concedido pela Segunda Turma do STF, o julgamento de Palocci � considerado mais representativo para os pr�ximos passos das investiga��es, pois ser� analisado por todos os ministros da corte. Caso seja seguido o entendimento que beneficiou Dirceu, crescem as chances de potenciais delatores recuarem, uma vez que poder�o vislumbrar a possibilidade de deixar a cadeia. O relator da Lava-Jato no STF, ministro Edson Fachin, decidiu encaminhar o caso do ex-ministro da Fazenda ao plen�rio depois de a Segunda Turma, composta por cinco magistrados, se posicionar de maneira contr�ria �s pris�es preventivas alongadas impostas por Moro em tr�s oportunidades.

Apesar de ter uma batalha mais �rdua que Dirceu na Suprema Corte, Palocci estuda as op��es que tem � sua frente. N�o descarta o acordo com os procuradores, mas agora o ritmo � diferente e a tend�ncia � de que ele reavalie a disposi��o de fechar o acordo de dela��o premiada.

Condenado duas vezes pela Lava-Jato por lavagem de dinheiro e corrup��o passiva, Vaccari, no entanto, sempre resistiu em negociar com a Justi�a. Duque j� demonstrou disposi��o em colaborar. Pelo menos no depoimento que prestou na sexta-feira ao juiz S�rgio Moro, passou a impress�o de n�o ter reflu�do na decis�o de falar o que sabe. “Lula sabia de todo o esquema de corrup��o na Petrobras. E tinha comando sobre tudo”, admitiu Duque, colocado na Petrobras pelo PT.

INC�MODO Para Antonio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), as senten�as proferidas nas �ltimas semanas beneficiando r�us da Lava-Jato demonstram um inc�modo da Suprema Corte com a possibilidade de se manter encarcerado presos que ainda n�o foram condenados em segunda inst�ncia. “N�o sei e nem acredito que isso v� se manter como tend�ncia daqui para frente”, ponderou Toninho.

O professor de ci�ncia pol�tica da Funda��o Getulio Vargas S�rgio Pra�a lembra que, mesmo que outros r�us da Lava-Jato recuem do �mpeto de fechar dela��o premiada, isso n�o significa que o PT e os governos de Dilma e Lula possam se sentir mais aliviados. “Tanta coisa j� foi dita e revelada que h� elementos suficientes para se analisar os fatos. Acho, inclusive, que, no caso de Palocci, institui��es do Sistema Financeiro Nacional deveriam ficar mais preocupadas do que Lula e Dilma”, completou o professor.

A situa��o do PT � t�o delicada que at� mesmo a liberta��o de Jos� Dirceu da cadeia � vista com reserva por parlamentares da legenda. Isso porque ele j� emitiu sinais de que pretende operar politicamente na legenda e defendeu que o partido fa�a uma oposi��o aguerrida. Na vis�o de petistas renomados isso atrair� ainda mais antipatia para a legenda. “O PT est� em uma tentativa de reconstru��o, com Lula subindo nas pesquisas. Dirceu � considerado o bandido n�mero 1 do pa�s por parte da popula��o”, lamentou um petista.