
A turbul�ncia pol�tica nacional se intensifica � medida que s�o divulgados novos trechos da dela��o de Joesley Batista, dono do grupo JBS. Personagens j� citados se veem cada vez mais enredados nas tramas relatadas pelo empres�rio, mas surgem outros nomes, como os dos ex-presidentes petistas Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff e os ex-ministros Guido Mantega e Jos� Serra (PSDB-SP), acusados de terem recebido benef�cios milion�rios. O clima de instabilidade aumenta a cada conte�do divulgado e tamb�m por n�o se saber o que ainda pode sair deles.
A tens�o � tanta nos gabinetes presidenciais, que Temer cancelou agendas e a toda hora se reunia com aliados e assessores para tentar desenhar os pr�ximos passos. Fala-se at� na necessidade de que ele fa�a um novo pronunciamento. Para piorar o clima, as principais lideran�as e interlocutores do presidente no Congresso se calaram. At� o momento, nenhum dos l�deres do governo na C�mara ou no Senado saiu em defesa de Temer. L�deres do PMDB, PSDB e DEM, principais partidos aliados, tamb�m se calaram ou, quando falaram, adotaram discurso de cautela. De que � preciso esperar a apura��o das den�ncias antes de tomarem qualquer decis�o.
Mas uma nova rodada de divulga��o de grava��es, desta vez do depoimento de Ricardo Saud, diretor de rela��es institucionais da holding J&F, grupo controlador do frigor�fico JBS, complicou ainda mais o presidente de Rep�blica.
Principal bra�o direito de Joesley Batista, dono da JBS, nas negocia��es com pol�ticos do governo ou da oposi��o, Saud declarou que Temer teria recebido valores pr�ximos a R$ 15 milh�es em pagamentos de vantagens indevidas na campanha eleitoral de 2014. A quantia teria como contrapartida atua��o favor�vel aos interesses do grupo. O pagamento teria rela��o com o apoio do PMDB � reelei��o de Dilma. “Eu trouxe o PMDB inteiro, como � que n�o tem nada para mim?”, teria dito Temer segundo relato do executivo.
Saud ainda falou da a��o em curso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode levar � cassa��o do mandato do peemedebista. Na dela��o, o executivo disse que as campanhas de Dilma Rousseff e Michel Temer, candidatos a presidente e vice, eram uma coisa s�.
O diretor de rela��es institucionais da holding contou tamb�m que A�cio Neves recebeu R$ 80 milh�es para campanha e “continuou pedindo mais”. Saud n�o deu detalhes sobre a forma do repasse ao tucano, mas disse que as “quest�es” eram na maioria das vezes “il�citas”.
LAVA-JATO Ao pedir a abertura de inqu�rito contra Temer e A�cio, o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot afirmou que ambos t�m atuado para impedir o avan�o das investiga��es da Lava-Jato. “Verifica-se que A�cio Neves, em articula��o, entre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investiga��es da Lava-Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio do controle de indica��o de delegados de pol�cia que conduzir�o os inqu�ritos”, escreveu Janot, em despacho assinado em 7 de abril.
Por meio de nota, A�cio nega que tenha atuado para criar “qualquer empecilho” aos avan�os da Lava-Jato e que foi um dos primeiros a “hipotecar apoio � opera��o”. Em uma das conversas gravadas por Joesley, A�cio falou da necessidade de aprovar no Congresso a anistia ao caixa 2 e que conversou com o presidente da C�mara, Rodrigo Maia, e com Temer para aprovar a proposta do abuso de autoridade. Na nota, o tucano diz que “manifestar posi��es em rela��o a propostas legislativas � algo inerente � atividade parlamentar”.
O vice-presidente do Senado, C�ssio Cunha Lima (PSDB-PB), visitou ontem A�cio, em sua resid�ncia, em Bras�lia, e disse que o senador afastado est� cuidando de sua defesa, “que ele tem total direito de fazer”. Cunha Lima afirmou que os advogados de A�cio e do pr�prio Senado v�o analisar a decis�o do ministro Fachin, que afastou na quinta-feira o mineiro da fun��o parlamentar. “Essa quest�o tem sido nova na jurisprud�ncia, uma vez que n�o est�, no meu parco conhecimento, prevista na Constitui��o”, afirmou o parlamentar da Para�ba.
Inqu�rito presidencial
Confira as fases do inqu�rito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Michel Temer (PMDB), investigado pelos crimes de corrup��o passiva, obstru��o � investiga��o de organiza��o criminosa e participa��o em organiza��o criminosa
Inqu�rito
» A Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) coleta provas e ouve testemunhas.
» Se n�o oferecer a den�ncia, o caso � arquivado.
» Se oferecer den�ncia, o caso vai para a C�mara decidir se ele poder� ou n�o ser processado.
C�mara dos Deputados
» � preciso que 342 dos 513 deputados federais votem pela autoriza��o da den�ncia.
» Se o n�mero n�o for atingido, o caso � arquivado e Temer permanece no cargo.
» Se aprovado, a den�ncia segue para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Supremo Tribunal Federal
» Caber� ao STF aceitar ou n�o a den�ncia contra o presidente.
» Em caso negativo, ela � arquivada e Temer fica no cargo.
» Se os ministros aceitarem a den�ncia, Temer vir� r�u em a��o penal e � afastado do Planalto por 180 dias.
Julgamento
» O julgamento � feito pelo plen�rio do STF, composto por 11 ministros.
» Se absolvido, Temer volta para o cargo.
» Se condenado, � afastado definitivamente e cumpre a pena imposto pelo STF.