S�o Paulo - O dinheiro do JBS, principal conglomerado brasileiro do setor de carnes, ajudou a eleger um em cada tr�s dos integrantes da C�mara e do Senado. O grupo foi o principal financiador privado de candidatos na elei��o de 2014.
No pacote de documentos tamb�m h� uma rela��o dos atuais senadores, com um "OK" marcado ao lado do nome de cada parlamentar que recebeu recursos do JBS. A lista inclui 28 senadores, ou 35% do total de 81 parlamentares da Casa.
O grupo fundado por Joesley e Wesley Batista fazia lobby no Executivo, no Congresso e nos governos estaduais para obter vantagens e ganhar mercado. Em ao menos um caso, houve compra de votos na C�mara para aprovar legisla��o que dava ao grupo benef�cios tribut�rios, segundo confiss�o dos delatores ligados � empresa.
A exist�ncia dessa rede de influ�ncias pode provocar pol�micas futuras. Na hip�tese de sa�da do presidente Michel Temer e eventual convoca��o de elei��o indireta, um ter�o dos congressistas que eleger�o o futuro presidente ter� sido beneficiado por doa��es de campanha do causador da crise.
Propor��o
Em n�meros absolutos, o PP � o partido campe�o de deputados eleitos conectados ao grupo empresarial: 27. Isso equivale a sete em cada dez eleitos. Em 2014, a legenda conquistou 38 vagas na C�mara. Em segundo lugar aparece o PT, com 20 financiados. O partido � seguido de perto pelo PR (19) e pelo PMDB (17).
O ranking muda quando se considera a propor��o entre financiados e eleitos em cada bancada. No caso da C�mara, h� cinco partidos que tiveram mais da metade de seus deputados eleitos financiados pelo JBS: PC do B (90%), PP (71%), PROS (64%), PDT (60%) e PR (56%). Al�m disso, o �nico deputado eleito pelo PTdoB recebeu recursos da mesma fonte.
Dos grandes partidos, o PT aparece em 10.º lugar, com 29% da bancada eleita financiada pelo grupo. O PMDB vem na posi��o seguinte, com 26%. J� o PSDB aparece no 19.º lugar - apenas 7% de seus deputados receberam contribui��es do JBS em 2014.
Governismo
Naquele ano, o grupo empresarial ajudou a eleger bancadas majoritariamente alinhadas � ent�o presidente, Dilma Rousseff (PT). Dos eleitos financiados pelo JBS, 92% integravam partidos da base dilmista. V�rios desses partidos migraram para a base do atual presidente. Hoje, 75% dos eleitos com o apoio do JBS est�o em legendas da base de Temer.
Os nomes e os valores apresentados � Procuradoria-Geral da Rep�blica coincidem com os das presta��es de contas entregues por partidos e candidatos � Justi�a Eleitoral. Isso significa que, ao menos naquele documento espec�fico, os valores citados s�o de "caixa 1", ou seja, os formalizados de acordo com a legisla��o.
Os deputados financiados n�o receberam contribui��es diretamente do JBS. O dinheiro primeiro foi entregue �s dire��es dos partidos e, depois, distribu�do aos candidatos. Na dela��o n�o h� elementos que indiquem se o JBS apontava ou n�o �s c�pulas partid�rias seus candidatos preferidos para disputar as elei��es de 2014.