
Ao menos quatro tiros em dire��o � multid�o, com um mineiro de BH ferido e em estado grave. Um disparo � queima-roupa contra um rep�rter-fotogr�fico, devidamente identificado, e ainda uma agress�o ao jornalista. Tentativa de danificar a c�mera de quem flagrou tais cenas. Tudo protagonizado por tr�s policiais militares, na tarde de quarta-feira, durante o ato contra as reformas e o governo de Michel Temer, na Esplanada dos Minist�rios. Apesar de recriminar publicamente as a��es, registradas em fotos e v�deos, o comando da Pol�cia Militar (PMDF) resiste em punir os envolvidos. Nenhum sequer foi afastado das atividades de rua. Em entrevista coletiva, ap�s a manifesta��o, o comandante-geral, coronel Marco Ant�nio Nunes, classificou a rea��o dos subordinados como “n�o recomendada”.
Dois PMs sacaram armas de fogo e atiraram contra um grupo de manifestantes. Imagens feitas pelo jornal O Globo, pr�ximo ao Minist�rio da Agricultura, mostram quando o primeiro policial corre em dire��o aos manifestantes atirando para cima. Em seguida, um outro PM aponta a arma na dire��o dos manifestantes, disparando v�rios tiros. “Bora recuar, bora recuar”, diz o policial, ap�s dar os disparos. O mineiro Carlos Geovani Cirilo, de 61 anos, morador de Belo Horizonte, est� internado em estado grave em Bras�lia ap�s levar um tiro no rosto. Ele est� no Hospital de Base, sedado e respirando por aparelhos. A Pol�cia Civil investiga se o caso tem rela��o com o epis�dio envolvendo os militares.
Amea�a e agress�o
O rep�rter-fotogr�fico Andr� Coelho — que flagrou tr�s PMs atirando na dire��o de manifestantes — tamb�m foi alvo da viol�ncia da PMDF. “Eu e o fot�grafo Joedson Alves, da ag�ncia EFE, percebemos que um grupo de policiais militares havia sacado suas pistolas. E as armas estavam apontadas para os manifestantes. Havia um fato a ser registrado. Quando nos aproximamos para fotografar a cena, um dos policiais veio com a arma em punho. Primeiro na minha dire��o. De onde estava, Joedson pode registrar a abordagem e mais do que isso. Ao perceber que o PM vinha armado na minha dire��o, s� me restou gritar: “Sou jornalista, sou jornalista!”. Ele respondeu se aproximando e dando um disparo em dire��o ao ch�o, perto de mim. N�o satisfeito, me chutou. Atingiu minha perna. Ainda fora do controle, partiu para cima de Joedson dando um tapa na c�mera dele”, relatou Coelho. Ele continuou fotografando. “O grupo de PMs estava ali acuado e alguns com arma em punho. Acionei o modo de filmagem em uma das duas c�meras que carregava. E o restante nem preciso descrever. O v�deo relata melhor o que ocorreu: dois policiais disparando na dire��o dos manifestantes”, completou. O secret�rio de Seguran�a P�blica, Edval Novaes, garantiu a investiga��o do caso.
Uma prov�vel san��o a esses PMs, por�m, s� vir� por meio das investiga��es do inqu�rito administrativo disciplinar, segundo o chefe da comunica��o da corpora��o, coronel H�lbert Borges Marins. “Essa recomenda��o n�o necessariamente se dar� ao final do inqu�rito. Dependendo do que for apurado, eles poder�o ser retirados das ruas antes”, afirmou. Ele disse ainda que a identidade dos policiais ser� preservada “para n�o prejudicar as investiga��es, como para garantir o princ�pio da presun��o de inoc�ncia”. “Assim que todas as condutas sejam individualizadas, os policiais envolvidos no caso passar�o por uma avalia��o psicol�gica e, s� ap�s essa avalia��o, ser� poss�vel verificar se eles devem ser afastados temporariamente de suas atividades normais”, disse o coronel, sem falar em prazos.

Ainda de acordo com a assessoria da corpora��o, “a PM segue o protocolo prescrito pela Secretaria de Seguran�a P�blica, bem como legisla��es vigentes antes, durante e ap�s as manifesta��es realizadas no Distrito Federal.” A PMDF, no entanto, n�o explicou porque havia um grupo de policiais portando armas de fogo, em meio a uma manifesta��o, mesmo ap�s o pr�prio comandante dizer que essa n�o � uma conduta recomendada.
O protesto contra o governo federal levou cerca de 45 mil pessoas � Esplanada, que tinha aproximadamente 3 mil policiais militares. O ato terminou com nove pessoas detidas por crimes de “menor potencial ofensivo” — desacato, porte de drogas, resist�ncia, danos ao patrim�nio, porte de arma branca e picha��o. Todos assinaram termo circunstanciado e foram liberados ainda na quarta-feira. Segundo a Pol�cia Civil, nenhum deles mora no DF.