S�o Paulo - O presidente Michel Temer apelou ao governador do Estado de S�o Paulo, Geraldo Alckmin, e ao prefeito, Jo�o Doria, para que eles trabalhem no sentido de esvaziar o car�ter deliberativo da reuni�o da Executiva ampliada do PSDB marcada para hoje e que pode definir a sa�da dos tucanos da base aliada ao Pal�cio do Planalto.
O medo de Temer � de que a sa�da do PSDB do governo crie um "efeito manada", na express�o de um senador do PMDB pr�ximo a Temer, �s v�speras de a C�mara dos Deputados analisar uma eventual den�ncia do procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, contra o presidente. Ou seja, a sa�da dos tucanos pode motivar outros partidos a seguir o mesmo caminho.
Na avalia��o do Planalto, se os dois tucanos paulistas trabalharem para esvaziar a reuni�o de hoje ou para cabalar votos pela perman�ncia do PSDB na base, a vit�ria de Temer estar� garantida na Executiva, que tem 17 membros, caso haja uma vota��o deliberativa.
Rumo a 2018
Para auxiliares de Temer, as pretens�es eleitorais de Alckmin e Doria favorecem um entendimento deles com o Planalto neste momento. A dupla tamb�m receia que a sa�da do PSDB da base governista leve o partido automaticamente para a oposi��o, o que favoreceria o PT e deixaria o governador numa posi��o de isolamento pol�tico para 2018. A ambos ainda interessaria manter Temer no cargo, ainda que com baixa popularidade, at� 2018, quando um dos dois poder� ser o candidato a presidente.
No PSDB, a compreens�o � de que a substitui��o de Temer, via elei��o indireta no Congresso, poderia abrir caminho para Rodrigo Maia (DEM-RJ) ser candidato e permanecer no cargo de presidente, o que elevaria o cacife eleitoral do partido dele para 2018 e dificultaria um entendimento com os tucanos.
At� ontem � noite, Doria e Alckmin trabalhavam fortemente pelas pretens�es de Temer dentro do PSDB. Por�m, ambos n�o querem tomar o carimbo de "fiador" de um presidente prestes a ser denunciado no Supremo Tribunal Federal. Por isso, a dupla aceita dar mais um cr�dito a Temer, mas com prazo de validade definido e sujeito a uma mudan�a de rumos, na depend�ncia de eventuais "fatos novos" e decis�es da Justi�a.
Ontem, Alckmin manteve seu discurso: "O importante � que o PSDB vai apoiar as reformas. Se vai preservar os minist�rios, n�o importa". O Planalto j� tem apoios do grupo do senador A�cio Neves (PSDB-MG) na Executiva, al�m dos quatro ministros tucanos - Aloysio Nunes Ferreira (Rela��es Exteriores), Bruno Ara�jo (Cidades), Ant�nio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).
Os governistas esperam aprovar neste m�s a reforma trabalhista no Senado, enquanto reorganizam as for�as na C�mara. O Planalto receia que uma decis�o desfavor�vel a Temer no PSDB, somada � repercuss�o da reportagem da revista Veja de que a Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia (Abin) espionou o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, desmobilize o Congresso.
Crise de identidade
A reuni�o de hoje ocorre num momento dif�cil na hist�ria do PSDB, fundado em 1988. Um tucano experiente lembrou uma frase do Manifesto ao Povo Brasileiro, feito pela sigla no ano da funda��o: "Longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas, nasce o novo partido". Para ele, este � o momento de o partido decidir de qual desses lados quer chegar at� o ano que vem.
Hoje, o partido deve adiar mais uma vez a decis�o. "A ideia � n�o tomar uma decis�o. � muito curto o tempo entre a decis�o do TSE e a reuni�o", disse o secret�rio-geral do PSDB, deputado federal Silvio Torres (SP).