
Depois de um fim de semana tenso – com a entrevista do dono da JBS, Joesley Batista, detalhando sua rela��o com o presidente Michel Temer (PMDB) –, a crise que paira sobre o Pal�cio do Planalto deve ter um refresco nos pr�ximos dias, quando as aten��es se voltam para o Congresso Nacional. C�mara dos Deputados e Senado iniciam a semana com vota��es importantes nas comiss�es, dando seguimento a projetos como a reforma trabalhista e mat�rias que tratam do endividamento dos estados. Temer embarca para a R�ssia e a Noruega hoje, mesmo dia em que deve processar o empres�rio Joesley Batista, dono da JBS, que, em entrevista � revista �poca, o chamou de “chefe de organiza��o criminosa”, mas com a tranquilidade de saber que o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, adiou para a semana que vem a den�ncia que far� contra ele ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A tr�gua dar� tempo ao Senado de avan�ar com a reforma trabalhista. A previs�o � que o projeto seja votado amanh� na Comiss�o de Assuntos Sociais e no dia seguinte v� para a Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ), onde o relator Romero Juc� (PMDB-RR) apresentar� seu parecer. O governo pretende votar o texto em plen�rio no in�cio de julho. A oposi��o, por�m, quer adiar a an�lise para agosto. O texto tem como base a preval�ncia dos acordos sobre a legisla��o, dando for�a �s negocia��es entre patr�o e empregado.
Tamb�m amanh�, a Comiss�o de Assuntos Econ�micos (CAE) do Senado discute projeto que trata da garantia da Uni�o a empr�stimos contra�dos pelos estados e munic�pios. O texto pretende impor um limite na contrata��o das opera��es de cr�dito. Outro projeto da pauta regulamenta duas leis complementares que fizeram a renegocia��o das d�vidas dos estados. Os termos podem facilitar ou dificultar a ades�o ao regime de recupera��o fiscal.
ESFOR�O CONCENTRADO J� na C�mara dos Deputados, as sess�es ser�o comandadas pelo vice-presidente F�bio Ramalho (PMDB-MG). Foi programado um esfor�o concentrado para as vota��es de hoje a quarta-feira para que os parlamentares do Nordeste possam ser liberados para participar das festas de S�o Jo�o, que tradicionalmente deixam o plen�rio esvaziado. Entre os projetos em pauta est� o que muda as regras de arquivamento das propostas no fim da legislatura. O texto suprime o artigo que previa que n�o seriam arquivadas as propostas com parecer favor�vel em todas as comiss�es, aprovadas em turno �nico, primeiro ou segundo turno, que tenham tramitado no senado, origin�rias da C�mara, de iniciativa popular, de outro poder ou do procurador-geral da Rep�blica.
A�CIO O senador afastado A�cio Neves (PSDB) volta ao foco amanh�, quando a Primeira Turma do Supremo vai analisar um pedido de pris�o do ministro Edson Fachin contra ele. O tucano tentou que sua situa��o fosse analisada pelo plen�rio mas teve o pedido negado, sendo mantida a avalia��o pela mesma turma que na ter�a-feira passada negou liberdade � irm� dele, Andrea Neves. Ela tamb�m entrou com novo recurso, que ser� decidido no mesmo dia pelos ministros.
V�deo
Na v�spera de viajar para a R�ssia, o presidente Michel Temer gravou ontem, no Pal�cio da Alvorada, um v�deo que ser� divulgado nas redes sociais na tarde de hoje, ap�s o seu embarque, previsto para as 11h30. No v�deo, que tem dura��o de quatro minutos, Temer fala da import�ncia da viagem � Europa para a abertura novas oportunidades de neg�cios, mas, orientados por aliados, tamb�m manda um recado a Joesley Batista, dono da JBS. Sem citar diretamente o empres�rio, o presidente afirma que criminosos n�o ficar�o impunes, numa refer�ncia ao fato de que os irm�os Joesley usaram a dela��o para escapar da pena
de pris�o.
Resgate internacional
O presidente Michel Temer resgata hoje miss�es diplom�ticas e comerciais com o exterior. Uma clara etapa na tentativa de fortalecimento da imagem do governo federal. A viagem � a primeira de Temer desde que esteve em Lisboa, em 10 de janeiro. No per�odo, o presidente viveu altos e baixos, mas segue de p� e procurando mostrar trabalho. E � isso o que pretende mostrar aos outros pa�ses. Se por um lado a dela��o de Joesley Batista, s�cio da holding J&F dona da JBS, provocou uma hecatombe na Rep�blica, por outro, o presidente quer passar a imagem que os efeitos disso n�o minaram a for�a pol�tica do governo.
Ao lado de uma comitiva composta por auxiliares e parlamentares, Temer ressaltar� alguns pontos: conseguiu manter o PSDB na base aliada; a infla��o no acumulado em 12 meses que fechar� abaixo do centro da meta; a taxa b�sica de juros (Selic) ficar� abaixo de dois d�gitos, o que reduz o custo de investimento; a reforma trabalhista se encontra no Senado, com chances de ser aprovada; a da Previd�ncia pode ser votada na C�mara antes do recesso parlamentar, que se inicia em 18 de julho.
Temer tamb�m pretende voltar a mostrar que, do ponto de vista diplom�tico, quer atuar. Ele sabe que, para provar ao mundo a capacidade do governo em permanecer no governo at� 2018, precisa marcar presen�a na agenda internacional. A visita � R�ssia, por exemplo, encorpa o ciclo de visitas feitas a pa�ses do Brics, grupo composto por Brasil, R�ssia, �ndia, China, e �frica do Sul.
Desde quando assumiu a Presid�ncia, em 2016, ele visitou sete pa�ses: China; Estados Unidos; Argentina; Paraguai; �ndia; Jap�o; e Portugal. Ap�s a visita � R�ssia, faltar� uma viagem � �frica do Sul para completar o ciclo. E essa visita n�o deve estar longe, avalia o analista pol�tico Lucas Fernandes, do Barral M Jorge Consultores Associados. “O governo est� em vias de finalizar a reforma trabalhista na C�mara. Com isso, Temer pode come�ar a se preocupar mais com o cen�rio internacional. Sobretudo em rela��o aos investimentos”, avalia.
A ret�rica do governo de tirar o pa�s da crise passa, necessariamente, pelas rela��es comerciais com o mundo, refor�a Fernandes. “Ser� um papel importante do governo procurar novas parcerias e come�ar saindo desse caos. At� o momento, s� havia aprovado (de mais relevante) a PEC do teto dos gastos. Com a aprova��o da reforma trabalhista, Temer come�ar� a ter outros horizontes a se preocupar com a percep��o internacional do Brasil”, pondera. (Rodolfo Costa)