
“O presidente da C�mara � presidente da C�mara, n�o de um governo. N�o cabe ao presidente da Casa cumprir o papel de defensor de uma agenda porque essa n�o � uma agenda da Casa. Meu papel no caso da den�ncia � ser o �rbitro desse jogo. N�o � ser defensor de uma posi��o ou de outra. N�o tem como ter uma posi��o nem para um lado nem para outro”, disse Maia ao Estado anteontem.
Caso Temer seja afastado, Maia assume a Presid�ncia. Antes disso, � preciso que a C�mara autorize abertura de processo no Supremo Tribunal Federal (STF) e o plen�rio da Corte aceite a den�ncia. Temer seria, ent�o, afastado do posto.
Aliados do presidente da C�mara t�m afirmado que, se for necess�rio, Maia estar� preparado para uma eventual transi��o. N�o vai, segundo eles, agir para derrubar o presidente.
Por outro lado, Maia � alvo de inqu�rito sigiloso no STF baseado em mensagens trocadas entre ele e o empres�rio L�o Pinheiro, dono da OAS, sobre uma doa��o de campanha em 2014. Maia nega pr�tica de qualquer irregularidade.
A semana
Desde que a den�ncia contra Temer foi apresentada pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, na segunda-feira passada, Maia manteve a ambiguidade de mostrar lealdade ao governo ao mesmo tempo em que permite que a oposi��o, o baixo clero e seu grupo mais pr�ximo defendam a aceita��o da den�ncia, a sa�da de Temer e sua posse.
Frequentador ass�duo do Pal�cio do Planalto, ele evitou aparecer ao lado de Temer durante toda a semana. N�o foi ao pronunciamento que o peemedebista fez na ter�a-feira contra a den�ncia. Tamb�m decidiu, de �ltima hora, n�o participar de uma cerim�nia ao lado do presidente na quinta-feira. Em sua primeira declara��o, contrariou a defesa de Temer e disse que cada den�ncia apresentada por Janot dever� ter uma vota��o pr�pria. Depois, os dois tiveram uma reuni�o privada.
Maia justificou ao Estado sua aus�ncia. “N�o estive no dia do discurso, primeiro, porque ele [Temer] n�o me convidou. E ele fez certo em n�o me convidar porque ele n�o podia convidar o presidente da C�mara ou do Senado para fazer um discurso t�o contundente como o que ele fez. N�o cabia a ele misturar as institui��es naquele discurso”, disse o deputado.
No entanto, durante a semana, Maia n�o ficou sem a companhia de seus pares. Na noite de segunda-feira, reuniu em sua resid�ncia oficial cerca de 20 deputados, entre os quais petistas. Na ter�a-feira, jantou com o embaixador da China, Li Jinzhang, e com Aldo Rebelo (PCdoB), cujo nome foi ventilado para ser seu vice h� um m�s.
“Ele quer ser presidente. Sabe que a chance de isso cair no colo dele � alta. Mas n�o vai fazer campanha. N�o vai operar para derrubar. Vai estar assim, sempre presente, como est�. Participa de vel�rio, enterro, anivers�rio. Almo�a e janta toda dia com deputados”, disse o deputado Vicente C�ndido (PT-SP), um dos principais interlocutores de Maia no PT.
No discurso, as principais lideran�as do governo n�o veem chance de uma trai��o. “H� 100% de confian�a”, disse Darc�sio Perondi (PMDB-RS), vice-l�der do governo. “Tem lealdade ao Michel porque Michel o ajudou a estar onde est�”, disse outro vice-l�der, Beto Mansur (PRB-SP). “Ele n�o faz e n�o far� nenhum movimento”, disse Her�clito Fortes (PSB-PI).
Movimento
Se Temer n�o cair, Maia ficaria com a imagem de leal no momento em que nutre a ambi��o de se reeleger presidente da C�mara. Por isso, seus movimentos hoje consideram todas as possibilidades.
H� atualmente na C�mara tr�s grupos. Os governistas, em maioria, liderados pelo PMDB com as c�pulas das bancadas do PP, PSD e PR; a oposi��o, em minoria, formada por PT, PCdoB, Rede e PSOL; e um grupo do meio, formado majoritariamente pelo baixo clero com integrantes de praticamente todos os partidos que n�o seguem a orienta��o das lideran�as e se entusiasmam com a chance de Maia assumir. Sentem-se alijados dos acordos de c�pula e estariam prontos para trair. Seu nome tamb�m � defendido pelo grupo oposicionista.
“Falar que a den�ncia passa � precipitado e falar que n�o passa � presun�oso”, afirmou o l�der do Podemos, Alexandre Baldy (GO), um dos mais pr�ximos de Maia na Casa. Quem convive com Maia avalia que ele n�o far� nenhum movimento brusco para detonar o governo, mas tamb�m n�o “morrer� abra�ado” com Temer.
Como disse o deputado Paulinho da For�a (SD-SP) a Maia nesta semana: “Se tudo der errado agora, voc� vira presidente da Rep�blica”.