Na decis�o que mandou prender o ex-ministro Geddel Vieira Lima o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal, reacendeu um cap�tulo recente do governo Temer, envolvendo o embate entre o aliado muito pr�ximo do presidente e o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. O magistrado destacou a "press�o" de Geddel sobre o ex-ministro para conseguir a libera��o das obras de um apartamento de luxo em �rea hist�rica de Salvador. Segundo o magistrado, Geddel "tenta persuadir pessoas".
O ex-ministro foi preso na tarde desta segunda-feira, na Bahia, no �mbito da Opera��o Cui Bono?, por supostamente tentar obstruir investiga��o que apura irregularidades na libera��o de recursos da Caixa Econ�mica Federal. Ao mandar capturar Geddel, o juiz citou o epis�dio do apartamento em Salvador.
"N�o � a primeira vez que Geddel Vieira tenta persuadir pessoas ou pression�-las, conforme explana a autoridade policial ao mencionar epis�dio ocorrido h� pouco tempo, embora n�o relacionado com os fatos: 'Outrossim, Geddel Vieira Lima j� deu exemplo de ser capaz de utilizar sua influ�ncia pol�tica para tentar seu favorecimento indevido, como ocorreu recentemente no epis�dio que envolveu o ex-ministro Marcelo Calero, em que Geddel, ent�o secret�rio de Governo da Rep�blica, valeu-se de sua p�blica e not�ria influ�ncia para obter decis�o administrativa que beneficiaria empreendimento em que havia adquirido im�vel particular, nada impedindo que volte a exerc�-la, agora em quest�o at� mais grave'", destacou o magistrado.
A pris�o de Geddel � de car�ter preventivo e tem como fundamento informa��es fornecidas em depoimentos recentes do doleiro L�cio Bolonha Funaro, do empres�rio Joesley Batista e do diretor jur�dico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva. Os executivos da controladora da JBS falaram em suas dela��es premiadas.
No pedido enviado � Justi�a, a Procuradoria da Rep�blica, no Distrito Federal, afirmaram que o pol�tico tem agido para atrapalhar as investiga��es. O objetivo de Geddel seria evitar que o ex-presidente da C�mara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o pr�prio L�cio Funaro firmem acordo de colabora��o com o Minist�rio P�blico Federal. Para isso, segundo os investigadores, tem atuado para assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, al�m de "monitorar" o comportamento do doleiro para constrang�-lo a n�o fechar o acordo.
O juiz Vallisney aponta para risco "iminente" se Geddel ficar solto.
"O risco � iminente de preju�zo ao processo e ao inqu�rito, sobretudo no est�gio das investiga��es desta Opera��o Cui Bono e na fase instrut�ria judicial do processo em que s�o r�us presos Eduardo Consentino da Cunha, L�cio Bolonha Funaro e Henrique Eduardo Alves, al�m dos r�us soltos F�bio Ferreira Cleto e Alexandre Margotto", anotou o magistrado.
"� que em liberdade, Geddel Vieira Lima, pelas atitudes que vem tomando recentemente, pode dar continuidade a tentativas de influenciar testemunhas que ir�o depor na fase de inqu�rito da Opera��o Cui Bono, bem como contra pessoas pr�ximas aos coinvestigados e r�us."