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Estado de Minas

Em meio � seca, prefeito interino de cidade mineira tem miss�o quase imposs�vel

Cidade vive indefini��o desde a cassa��o do prefeito eleito em 2016. At� a realiza��o de novo pleito, presidente da C�mara busca solu��es para enfrentar a seca que assola a regi�o


postado em 09/07/2017 07:00 / atualizado em 09/07/2017 07:52

José Ademar atende moradores até mesmo na rua(foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)
Jos� Ademar atende moradores at� mesmo na rua (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)

Devido � falta de chuvas, os po�os tubulares e mananciais que abasteciam Ibiracatu, no Norte de Minas, secaram. A popula��o est� sendo atendida em intervalos de tr�s ou quatro dias com a �gua “buscada” por caminh�o-pipa a 50 quil�metros de dist�ncia, no munic�pio vizinho de S�o Jo�o da Ponte. O sol forte tamb�m dizimou planta��es, o que elevou o desemprego. N�o bastassem essas agruras, os 6.150 moradores de Ibiracatu enfrentam outra ang�stia: a falta de um prefeito com mandato definitivo. Tamb�m n�o sabem quando ser� a nova elei��o na cidade, uma das 10 em Minas governadas interinamente pelo presidentes da c�mara municipal.

O ex-prefeito Orivaldo Alves de Oliveira (PP, ex-PR), que concorreu sub judice e venceu as elei��es em 2016, foi impedido de tomar posse por problemas no registro de sua candidatura e na presta��o de contas em mandato anterior. Com o impedimento de Orivaldo, assumiu a prefeitura em 1º de janeiro o vereador Jos� Amador Mendes da Silva (PT), presidente da C�mara Municipal.

 “Quando assumi, achei que ficaria dois meses (no cargo). Mas j� se passaram mais de seis meses e at� hoje nada foi definido”, afirma. “Assumi interinamente, mas com o mesmo esp�rito como se fosse para quatro anos, administrando os recursos com muita responsabilidade”, pondera o petista.

Por outro lado, ele admite que a interinidade acaba dificultando o trabalho como gestor. “Como o munic�pio s� tem a prefeitura como empregadora, vou em busca de empres�rios, oferecendo algum incentivo, como a isen��o de impostos, para que eles possam trazer empreendimentos para gerar empregos. Mas eles tamb�m ficam inseguros”, relata Amador.

Por causa do agravamento do problema da seca e falta de renda no campo, o prefeito interino recebe diariamente uma legi�o de pessoas em busca de emprego e de aux�lio da prefeitura. Ele � procurado n�o somente no gabinete na acanhada sede da prefeitura (instalada numa casa antiga), mas na rua mesmo, como testemunhou a reportagem do Estado de Minas na �ltima quarta-feira.

O prefeito interino “atendeu” na rua em frente � prefeitura o agricultor Jos� Neto, o seu Zezinho, de 85 anos, que percorreu a cavalo cinco quil�metros de seu s�tio na regi�o da Fazenda Buritis at� a cidade para pedir socorro. “S� tenho �gua para mais alguns dias e n�o sei como fazer”, disse, explicando que nos �ltimos meses recorreu a uma cisterna de capta��o de �gua da chuva que recebeu de programa federal, mas o volume do reservat�rio est� chegando ao fim. “S�o cinco anos de seca seguidos. O capim acabou. Nunca vivi uma situa��o dessa”, lamentou o agricultor. O prefeito interino prometeu mandar �gua para seu Zezinho at� este fim de semana.

PREOCUPA��O COLETIVA Diante das incertezas, moradores afirmam que “a cidade parou”. “Parou a educa��o. Parou a sa�de. T� tudo parado na cidade. Quando chega algu�m na prefeitura para cobrar as coisas, alegam que o prefeito n�o pode resolver porque � interino. A popula��o sofre muito com isso”, lamenta a professora Eliane Pereira dos Santos, de 23.

“Esse neg�cio de prefeito ‘por enquanto’ � muito ruim. As pessoas v�o l� na prefeitura em busca de ajuda e n�o conseguem nada”, emendou a aposentada Maria Gon�alves Pereira, de 66. O servente de pedreiro Adriano Rutheles Rodrigues Amorim refor�a: “Est� muito dif�cil. Na prefeitura, sempre dizem que n�o podem fazer nada e que as verbas n�o v�m porque o prefeito � interino”. Ele que defende a realiza��o de nova elei��o o mais r�pido possivel.

Ren� Ferreira Miranda, antigo comerciante de Ibiracatu, reconhece que o fato de o candidato mais votado na elei��o de 2016 n�o ter sido empossado “atrapalhou o munic�pio”. Mas, acha que o prefeito interino deve continuar no cargo at� o fim do mandato de quatro anos. “N�o precisa ter mais elei��o. Isso custa caro para o munic�pio”, opina. Ren� tem a concord�ncia do operador de m�quina Denildo Antunes Guimar�es: “� melhor deixar como est�”.

Jos� Amador afirma que a alega��o de que “a cidade parou” � coisa espalhada pela oposi��o. Ele argumenta que mant�m a prefeitura em funcionamento com o pagamento dos servidores em dia e que est� indo atr�s dos governos estadual e federal em busca de recursos para perfura��o de po�os tubulares e outras a��es de combate � seca. Tamb�m garante que a educa��o “funciona perfeitamente” e nega a falta de medicamentos na unidade de sa�de.

O prefeito interino disse que “nunca imaginaria” que um dia fosse assumir a chefia do Executivo. Mas gostou da fun��o e admite que pretende concorrer � nova elei��o de prefeito. J� Arley Ferreira Lima, que disputou e perdeu o pleito anulado de 2016, representando o grupo de Amador, atualmente, ocupa o cargo de secret�rio municipal de Planejamento e anunciou que n�o vai concorrer novamente, devendo declarar apoio ao nome do prefeito interino.

NOVO PARTIDO O ex-prefeito Orivaldo, que administrou a cidade por dois mandatos (2001/2008), venceu a elei��o de 2016 com 2.410 votos (contra 1.979 votos de Arley). Ele foi impedido de tomar posse pela Justi�a Eleitoral porque, durante a elei��o, o partido em que estava filiado, o PR, lavrou ata da sua comiss�o provis�ria no munic�pio dando apoio ao advers�rio. O ex-prefeito tamb�m teve rejeitadas as contas de 2003 e 2004.

Orivaldo se prepara enfrentar novo pleito na cidade. Ele disse que foi v�tima de “golpe” da dire��o do PR e que agora n�o tem mais problemas porque se filiou ao PP. Argumenta ainda que recorreu � Justi�a comum contra a rejei��o de suas contas. Sustenta que as contas foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) por “falhas simples” e de “ordem t�cnica”, que foram sanadas, sem causar danos ao er�rio. E, nesse caso, caberia � C�mara Municipal a aprova��o. “As contas foram reprovadas pelos vereadores por quest�o pol�tica, para inviabilizar minha candidatura novamente. Al�m disso, para a reprova��o, seriam necess�rios os votos de dois ter�os dos vereadores, o que n�o ocorreu”, alega Orivaldo.


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