Rio, 10 - O ex-governador do Rio de Janeiro S�rgio Cabral (PMDB) disse que foi condenado � pris�o em Curitiba pelo juiz S�rgio Moro partindo de uma "den�ncia mentirosa" da Andrade Gutierres. A afirma��o foi feita em interrogat�rio na manh� desta segunda-feira, 10, conduzido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7� Vara Federal do Rio. Segundo ele, "tem delator que distorce tudo".
"Fui condenado em Curitiba por den�ncia mentirosa da Andrade Gutierrez, uma den�ncia que n�o fica de p�. � completamente estapaf�rdio", queixou-se Cabral ao juiz.
Questionado sobre a pr�tica de caixa 2 na arrecada��o de campanhas, Cabral negou que tenha favorecido as empresas doadoras. O acusado defendeu que � poss�vel constatar a dissemina��o da pr�tica de doa��es ilegais na pol�tica brasileira atrav�s de depoimentos e den�ncias divulgadas na imprensa.
"Reconhe�o que � uma distor��o, que � um erro. Essas pr�ticas pol�ticas de caixa 2 foram disseminadas pelo Brasil por todos os partidos", afirmou Cabral.
O ex-governador disse desconhecer os valores pagos por empresas citadas em depoimento por seu ex-assessor Ary Ferreira da Costa Filho. Costa Filho contou ter acompanhado o recolhimento de pagamentos de caixa 2 em esp�cie, que somavam mais de R$ 5 milh�es de cada uma das empresas em cada uma das visitas.
O pol�tico reconheceu que entregou sobras de campanha a Costa Filho, mas que foram muito menores que os valores informados pelo ex-assessor � Justi�a.
Costa Filho contou nesta segunda-feira em depoimento � Justi�a que recebeu entre R$ 9 e R$ 10 milh�es de sobras de campanha do PMDB. Segundo Cabral, ele morava em Vila Valqueire, no sub�rbio do Rio, quando se conheceram. Hoje, o ex-assessor � apontado como propriet�rio de apartamentos de alto padr�o em Miami e na praia da Barra da Tijuca, al�m de carros de luxo, como um Camaro.
"Que eu tenha dado a ele algum tipo de apoio financeiro, certamente posterior � campanha, ok. Mas justificar essa emiss�o e compra desses im�veis, fa�a-me o favor, porque eu nunca soube disso", declarou Cabral, sobre o volume que teria repassado ao assessor.
O ex-governador voltou a negar que recebesse 5% sobre os valores dos contratos fechados com as construtoras. "Nunca foi 5%, que 5% � esse? Que maluquice � essa? Que 5% � esse? H� colabora��es, h� apoios, reconhe�o", disse ele, em depoimento.
O depoimento de Cabral, iniciado por volta de 11h10 da manh�, durou um pouco mais de uma hora. Hoje, ele respondeu �s acusa��es pelo crime de lavagem de dinheiro, resultado da Opera��o Mascate. O ex-governador volta a prestar depoimento na pr�xima quarta-feira (12).
O interrogat�rio de sua mulher, Adriana Ancelmo, que estava inicialmente previsto tamb�m para esta segunda-feira, ser� conduzido na pr�xima quarta-feira.
(Daniela Amorim)