
S�o Paulo - Os tr�s principais partidos de esquerda do Brasil - PT, PC do B e PDT - intensificaram o discurso em defesa do regime chavista de Nicol�s Maduro na Venezuela no momento que o pa�s vizinho vive uma escalada de viol�ncia pol�tica que j� deixou mais de cem mortos desde abril, segundo o Minist�rio P�blico local.
Na quarta-feira passada, o PT e o PC do B subscreveram em Man�gua, capital de Nicar�gua, a resolu��o final do 23.º Encontro do Foro de S�o Paulo, organiza��o que re�ne diversos partidos de esquerda da Am�rica Latina e do Caribe. O texto defende a elabora��o de uma nova Constitui��o que amplia os poderes de Maduro, exalta o "triunfo das for�as revolucion�rias na Venezuela" e diz que a "revolu��o bolivariana � alvo de ataque do imperialismo e de seus lacaios".
Presente ao encontro, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), fez um discurso no qual afirmou que o partido manifesta "apoio e solidariedade" ao governo do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), seus aliados e ao presidente Nicol�s Maduro "frente � violenta ofensiva da direita contra o governo da Venezuela".
Os representantes brasileiros no Foro n�o fizeram men��o ao ataque ao parlamento neste m�s promovido por militantes chavistas ou �s den�ncias de viol�ncia por parte do aparato militar oficial do Estado.

O acirramento da viol�ncia tem como marco o m�s de abril, com a morte de dois estudantes. No dia 6, Jairo Ortiz, de 19 anos, levou um tiro no t�rax durante um protesto. Dias depois, Daniel Queliz, 20 anos, foi morto com um tiro no pesco�o. Para a oposi��o, Maduro quer mudar a Constitui��o para ampliar seus poderes.
"Nosso apoio ao Maduro � total. O Foro foi bem unificado em rela��o � Venezuela. N�o houve omiss�o, porque a virul�ncia da oposi��o est� grande e conta com muito apoio externo", afirmou Ana Prestes, da Funda��o Maur�cio Grabois e uma das representantes do PC do B. Procurada, Gleisi Hoffmann n�o quis se manifestar.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que integra a dire��o nacional do partido, disse que a legenda "n�o corrobora com a��es de viol�ncia estatal". Em Man�gua, representantes do PT e do PC do B tamb�m condenaram o ataque feito por oposicionistas � Corte Suprema venezuelana. O PDT n�o enviou representantes ao evento, mas alinhou o discurso. "N�s apoiamos a autonomia do povo venezuelano de decidir seu destino. Condenamos atos de viol�ncia, mas pontuamos que, no caso da viol�ncia, ela vem dos dois lados", disse Carlos Lupi, presidente nacional do PDT.
O evento na Nicar�gua, que homenageou o l�der cubano Fidel Castro, produziu uma resolu��o de recha�o ao que foi chamado de "golpe de Estado" no Brasil e de apoio ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.Reduzido. Oficialmente, o Foro de S�o Paulo tem sete partidos brasileiros inscritos: PT, PDT, PC do B, PCB, PPL, PSB e PPS. A maioria deles, por�m, deixou de enviar representantes ao evento nos �ltimos anos.
"Hoje apenas alguns membros antigos do diret�rio do PSB defendem o Foro. O regime de Maduro � uma loucura. A Constituinte que ele convocou � uma tentativa de Estado totalit�rio", O secret�rio-geral do PCB, Edmilson Costa, que o partido tem cr�ticas ao Foro, mas apoia "incondicionalmente o governo bolivarianista de Maduro".
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que o partido nunca participou do encontro, mas preferiu n�o opinar sobre o regime de Maduro. O ex-ministro Roberto Freire, presidente do PPS, disse que estava no in�cio do Foro de S�o Paulo, mas se afastou. "Era uma reuni�o na qual existiam partidos que tinham uma vis�o democr�tica bem acentuada, tal como n�s. Imaginava-se que aquilo iria ser uma organiza��o pluralista.
No momento em que passou a ser um instrumento de concep��es antidemocr�ticas e totalit�rias que resultaram nessa ditadura venezuelana, o partido se afastou. "O Foro foi fundado em 1990 por Lula e Fidel. O objetivo inicial era debater a nova conjuntura internacional p�s-queda do Muro de Berlim. A primeira edi��o ocorreu na cidade de S�o Paulo, da� o nome dado ao encontro. Desde ent�o, ocorre a cada um ou dois anos.
Professor de Rela��es Internacionais da Funda��o Get�lio Vargas (FGV) Oliver Stunkel, o Foro de S�o Paulo teve maior import�ncia no primeiro mandato de Lula, a partir da atua��o do ent�o assessor especial para assuntos internacionais, Marco Aur�lio Garcia. "Era uma plataforma importante para auxiliar os presidentes no momento em que a esquerda crescia na America Latina", disse Stunkel. Essa import�ncia, segundo o professor, j� n�o � a mesma porque os representantes dos pa�ses no Foro n�o t�m mais liga��o direta com os presidentes da Rep�blica.
No in�cio do governo Lula, lembrou, as esquerdas viviam um per�odo de ascens�o no continente. A influ�ncia do Foro era sentida nas negocia��es do Mercosul e at� nas decis�es econ�micas do Brics (grupo de pa�ses emergentes). Al�m do pr�prio Lula, o per�odo teve governantes como Hugo Ch�vez (Venezuela), Evo Morales (Bol�via), Rafael Correa (Equador), Cristina Kirchner (Argentina), Fernando Lugo (Paraguai) e Manuel Zelaya (Honduras). "Apoiamos a autonomia do povo venezuelano (...). Condenamos atos de viol�ncia, mas pontuamos que, no caso da viol�ncia,
ela vem dos dois lados."
(Pedro Venceslau, Gilberto Amendola e Valmar Hupsel Filho)