Na v�spera da vota��o da den�ncia por corrup��o passiva contra o presidente Michel Temer, o Planalto fez uma maratona, com o aux�lio de aliados, para obter o maior n�mero de votos poss�veis na sess�o de hoje.
Temer almo�ou com a bancada ruralista; autorizou a desincompatibiliza��o de 11 de 12 ministros que s�o deputados; e os presidentes da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eun�cio Oliveira (PMDB-CE), se encontraram com a bancada da bala para definir uma pauta do segundo semestre.
Ao longo da ter�a-feira, Temer recebeu 31 parlamentares no Planalto. Passou para desejar feliz anivers�rio para o deputado Her�clito Fortes (PSB-CE). � noite, esteve no jantar de anivers�rio do deputado F�bio Ramalho (PMDB-MG).
Todo esse rolo compressor garante, pelos c�lculos dos governistas, uma vota��o que oscila entre os 220 votos (para os mais pessimistas) e 280 (para os mais otimistas). O pr�prio Temer tratou de demonstrar confian�a ontem.
Questionado ap�s solenidade no Planalto sobre o grau de confian�a em rela��o � vota��o, ele afirmou: “A C�mara que decide. Eu s� espero a decis�o da C�mara”. Mais tarde, ao deixar o almo�o com os ruralistas, a esperan�a havia aumentado. “Quem ganha � o Brasil.”
Para evitar sustos, o governo buscou agir no atacado, n�o apenas no varejo. O almo�o com os ruralistas ontem foi nessa linha. O Planalto editou a Medida Provis�ria 793, que cria o Programa de Regulariza��o Tribut�ria Rural (PRR), reduzindo de 2,1% para 1,2% a al�quota da nova contribui��o previdenci�ria, que passar� a ser paga a partir de 1° de janeiro de 2018 por produtores e empresas rurais.
A MP estava em est�gio avan�ado de negocia��es quando estourou o esc�ndalo da JBS. Ontem, o texto finalmente seguiu para a C�mara. A bancada ruralista tem aproximadamente 70 deputados.
A maior parte desses parlamentares votar� contra a den�ncia. “N�o fechamos quest�o. Inclusive, no almo�o, o presidente Temer ouviu o relato de deputados favor�veis � investiga��o”, declarou o presidente da Frente Parlamentar Agropecu�ria, deputado Nilson Leit�o (PSDB-MS).
“N�o h� como negar, contudo, que esse governo � muito melhor para n�s do que foi o da ex-presidente Dilma”, completou o tucano. “Aprovamos a terceiriza��o, a reforma trabalhista, novas regras para demarca��o de terras ind�genas”, enumerou. “N�s temos consci�ncia de que o Brasil precisa seguir no rumo das reformas”, destacou Nilson.
Pauta negociada
A bancada da bala tamb�m foi bem tratada ontem. Deputados ligados �s for�as de seguran�a reuniram-se com Rodrigo Maia e Eun�cio Oliveira. Acertaram uma pauta extensa para o segundo semestre.
No Senado, a aprova��o da redu��o da maioridade penal. Na C�mara, a Lei do Armamento e unifica��o das pol�cias. “Temos que tomar medidas dr�sticas imediatamente. Sen�o, daqui a pouco, o pa�s inteiro estar� como o Rio de Janeiro, precisando de tropas do ex�rcito nas ruas”, alertou o deputado Laerte Bessa (PR-DF).
Bessa disse que a bancada da bala conta com aproximadamente 150 deputados, embora apenas 22 sejam policiais. “Mas temos nossos agregados.
Desse total, uns 120 votar�o com o governo”, garantiu Bessa. Outra bancada consider�vel do ponto de vista tem�tico — os evang�licos — n�o foi procurada pelo Planalto. Pelos menos � o que garante o deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF). “Eles conversaram conosco na �poca das negocia��es para a reforma da Previd�ncia. Desta vez, n�o”, disse o parlamentar.
A bancada da B�blia conta com 70 deputados e, segundo o parlamentar brasiliense, est� bem dividida. “Mas n�o recebemos press�o de nossos eleitores para apoiar a den�ncia. A maior parte do nosso p�blico � carente, classe D. Eles n�o querem saber se o presidente � o Temer ou o Rodrigo (Rodrigo Maia). Eles querem emprego”, resumiu.
Um dos vice-l�deres do governo na C�mara, o deputado Beto Mansur (PRB-SP), calcula que 57 deputados que comp�em a base votar�o contra o governo.
Uma das grandes inc�gnitas � em rela��o ao PSDB, que tem quatro minist�rios, mas a maior parte da bancada tucana deve apoiar o prosseguimento da den�ncia. “Eu acredito que o PSDB estar� com o governo amanh� (hoje)”, opinou, em dire��o oposta, o presidente da C�mara, Rodrigo Maia.
Maia defendeu-se das cr�ticas da oposi��o quanto ao formato da sess�o de hoje. “No fim do primeiro semestre, eu tentei um acordo em rela��o a esse tema, mas os l�deres da base n�o aceitaram.
Por isso, vou seguir o regimento interno e a Constitui��o Federal para evitar que algum deputado questione os procedimentos no Supremo Tribunal Federal (STF) e a sess�o seja anulada”, justificou Maia.