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Estado de Minas ENTREVISTA

Sem Janot, Lava-Jato ter� 'rumo correto', afirma Temer

Autor da den�ncia chamada pelo presidente de 'rid�culo jur�dico', o procurador-geral da Rep�blica deixa o cargo em 17 de setembro


postado em 05/08/2017 13:37 / atualizado em 05/08/2017 14:29

(foto: SERGIO LIMA/AFP)
(foto: SERGIO LIMA/AFP)

Bras�lia, 05 - Dois dias ap�s a C�mara barrar a den�ncia por corrup��o passiva contra Michel Temer, com apoio de 263 deputados, o presidente disse que as mudan�as na Procuradoria-Geral da Rep�blica “dar�o o rumo correto � Lava-Jato”. Em seu gabinete, no terceiro andar do Pal�cio do Planalto, Temer tamb�m n�o descartou a possibilidade de troca de comando na Pol�cia Federal e afirmou que nunca pretendeu destruir a opera��o da qual virou alvo. “O rumo certo � o cumprimento da lei”, disse, em entrevista ao Estad�o/Broadcast, quando questionado sobre qual o caminho que vislumbra para a Lava-Jato, de agora em diante. Autor da den�ncia chamada por Temer de “rid�culo jur�dico”, o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, deixa o cargo em 17 de setembro.

Em uma hora de entrevista, o presidente procurou amenizar as trai��es na base aliada durante a vota��o da den�ncia e apostou na aprova��o de uma reforma da Previd�ncia mais enxuta em setembro. Temer afirmou que n�o haver� retalia��o aos infi�is, mas sugeriu que quem n�o vota com o governo deveria entregar os cargos. Questionado sobre a divis�o no PSDB, que amea�a deixar a Esplanada, ele disse esperar apoio dos tucanos nas pr�ximas batalhas no Congresso. “Quem estiver sentindo-se mal no PSDB sair� do governo, n�o tenho d�vida. N�o estou dizendo o partido como um todo, porque l� uma divis�o muito grande.”

O sr. conseguiu derrubar na C�mara a den�ncia de corrup��o passiva, mas � poss�vel que Rodrigo Janot, apresente novas acusa��es. Como governar com esta espada na cabe�a?

A C�mara cumpriu adequadamente uma miss�o constitucional e, ao final, o que se verificou foi uma vit�ria muito significativa. E o que se alardeava � que n�o haveria sequer qu�rum de 342 para que se come�asse a vota��o. E esse qu�rum, para a surpresa daqueles que anteviam uma cat�strofe, se deu logo ao meio-dia. Fico muito desagradado com os aspectos morais. Tenho muito orgulho do que fizemos nestes 14 meses. Agora, o que me prende ao cargo � muito mais a defesa da minha reputa��o moral. A den�ncia � p�fia, inepta. Se vier uma nova, vamos enfrent�-la. Eu me sinto muito constrangido, porque tentam imputar-me uma pecha de corruptor, de algu�m que est� violando os limites da lei, quando n�o sei bem quem � que est� violando os limites da lei. Eu n�o sou.

Janot pediu que o sr. e os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha sejam inclu�dos no inqu�rito do quadrilh�o do PMDB. Como responde?


Respondo com uma pergunta: Sabe quando o procurador fez isso, embora esse processo esteja correndo h� tr�s anos? �s v�speras da vota��o do Congresso, o que est� a significar que, na verdade, ele passou a ter uma atua��o muito mais de natureza pol�tica, e quase pessoal, do tipo “quero ver qual � o time que ganha”, e n�o a sua fun��o institucional. N�o se trata de disputas pessoais. Nem ele deve ter disputa pessoal com o presidente da Rep�blica, muito menos eu terei com ele. Jamais lhe daria essa satisfa��o. Lamento � que ele, a todo momento, anuncia que vai fazer uma nova den�ncia, baseada nos mesmos fatos. � um gestual pol�tico, institucionalmente conden�vel.

A base aliada encolheu ap�s as dela��es da JBS. Hoje o sr. n�o tem 308 votos para aprovar a reforma da Previd�ncia. Como vai reaglutinar a base?

Muita gente que votou contra mim vota a favor da Previd�ncia. N�s podemos chegar a 310 votos. O PSDB, por exemplo, teve, acho, que 20 votos e 5 aus�ncias, uma coisa assim (na verdade, foram 22 votos a favor de Temer, 21 contra e 4 aus�ncias). S�o 25 votos e eu sei que eles t�m compromisso com a responsabilidade fiscal, sempre pregaram isso.

Mas como vai rearrumar essa base?

Dialogando.

Sem retalia��o?

Sem retalia��o. Quem vota permanentemente contra o governo e faz parte da base est� a indicar aos seus eleitores que n�o quer participar do governo. Ent�o, o governo diz assim: “Bom, eu vou facilitar a sua vida.” Em outros epis�dios, alguns at� tiveram a delicadeza institucional de dizer “Olha, eu n�o estou podendo votar com o governo, de modo que os cargos que eu tiver a� pode eliminar”. Eu acho que muitos at� pedir�o para eliminar os seus cargos.

O sr. pretende fazer uma reforma ministerial para rearrumar a base?

N�o penso. Estou preocupado com as reformas estruturantes do Pa�s, � isso que me preocupa. Esta (ministerial) � as circunst�ncias que v�o determinar, ditar o nosso comportamento.

N�o foi constrangedor negocia��o de emenda em plen�rio no dia da vota��o?

Voc�s v�o ficar estarrecidas. (Irritado, Temer volta-se para auxiliares e pergunta: “Cad� aquela coisa das emendas, hein? Estava aqui sobre a minha mesa). Vou mostrar alguns casos do PT e voc�s ver�o quem mais recebeu. S�o emendas impositivas e eu sou obediente � lei. N�o posso negar e dizer “impositivas eu dou para os da base e n�o dou para os da oposi��o”. H� pessoas (da oposi��o) que empenharam R$10 milh�es, quando muitos da base empenharam R$ 4 milh�es...

Mas no dia da vota��o, no plen�rio?

Isso n�o aconteceu. O que aconteceu foi que o Imbassahy (ministro da Secretaria de Governo) voltou para o plen�rio para votar e l� muitos foram a ele para falar de emendas, e algu�m ouviu ele falar que iria empenhar livremente as emendas como tem sido liberadas. Ali�s, muita gente que ganhou muito dinheiro nos empenhos votou contra.

Como contar com o PSDB para outras vota��es sendo que o partido est� rachado e praticamente metade da bancada votou contra o senhor?


Mas ser� que eles votam contra o Brasil? Eu n�o acredito que eles votem contra o Brasil. O PSDB sempre diz “olha, temos compromisso com as reformas. N�o interessa quem est� no poder.”

O sr. est� magoado ou irritado com o PSDB? Ou as duas coisas? Vai dar um prazo para os tucanos decidirem se ficam ou saem do governo?

N�o. Nem magoado nem irritado. Voc� sabe que presidente da Rep�blica n�o pode ficar magoado nem irritado. Pode, muitas vezes, ficar decepcionado. Mas decepcionado, com pena daquele que votou assim ou assado, porque da� eu � que fico com pena do sujeito.

Ent�o o senhor ficou decepcionado?


N�o. Fico decepcionado porque eu sei que o sujeito n�o pensa daquela maneira, mas agiu em fun��o de interesses eleitorais. Eu fico com pena dele, simplesmente isso...

Com essa crise, o PMDB ter� candidato pr�prio em 2018?


A minha preocupa��o � 2017. Estou fixado em 2017 e nas reformas estruturais. 2018 chegar� sua vez. L� que vamos examinar.

Em setembro de 2015, o sr. disse a empres�rios que era dif�cil a ent�o presidente Dilma resistir e chegar ao fim do mandato com uma popularidade t�o baixa (� �poca 7% a 8%). O sr. tem agora 5%. Como conseguir� governar mais um ano e meio sendo t�o impopular?

� que h� uma diferen�a entre a impopularidade daquela �poca e a desta. Acredito que a minha impopularidade, para usar o voc�bulo, decorre das reformas que estou fazendo. Portanto, o reconhecimento vir� depois. Vejam um caso impressionante como esse, de uma autoriza��o para processar o presidente da Rep�blica. Voc�s estiveram na frente do Congresso? Fotografaram na frente do Congresso? Voc�s estiveram na �poca do impeachment? Fotografaram na �poca do impeachment? (com tom de voz mais elevado). A not�cia que tenho � que agora tinha tr�s pessoas l� na frente, duas sa�ram e da� ficou uma s�. Sem gra�a, foi embora.

O sr. teme novas dela��es de L�cio Funaro e Eduardo Cunha?

As pessoas est�o cansadas disso. Primeiro, n�o conhe�o L�cio Funaro, segundo, n�o sei o que ele vai dizer. Portanto n�o posso falar sobre hip�teses. N�o tenho nenhuma preocupa��o com isso. Eduardo Cunha, sim, foi l�der do PMDB, foi presidente da C�mara. �s vezes me perguntam, como � que voc� falava com ele? Meu Deus, estou falando com o l�der do PMDB, com o presidente da C�mara...E eu n�o devo falar com ele?

Vai ter mudan�a na Pol�cia Federal?

N�o sei. Este � um assunto que est� sendo estudado pelo Minist�rio da Justi�a.

E todas essas mudan�as PGR, PF e STF dar�o um novo rumo para Lava Jato?

Dar�o o rumo correto � Lava Jato. Ningu�m nunca pretendeu destruir a Lava Jato. Eu n�o ouvi o depoimento de nenhum agente p�blico que dissesse vamos paralisar a Lava Jato, ningu�m. Muito menos de ministros do Supremo ou membros da procuradoria ou membros do governo. Ningu�m disse isso.

E qual � o rumo certo?

O rumo certo � o cumprimento da lei. Rigorosamente o cumprimento da lei. N�o h� como descumprir a lei sob pena de criar instabilidade social.

Nas den�ncias contra o senhor acha que foi cumprida a lei?

Prefiro n�o comentar porque tudo isso estar� um dia sob a avalia��o do Judici�rio. Mas fa�o um registro: alguns deputados, quando votaram, disseram ‘O presidente ser� investigado’. Sabe qual � a suposi��o? Que o relator do STF vai ouvir testemunhas, chamar pessoas, pegar mat�rias. A investiga��o � algo que antecede a den�ncia. O que se quer � o seguinte: como n�o se fez investiga��o durante o inqu�rito, v�o agora depois da den�ncia. Isso � de um rid�culo jur�dico que envergonha qualquer aluno do segundo ano da Faculdade de Direito.

Dizem que o seu governo est� ref�m do Centr�o. O que o sr. diz sobre isso? N�o sou ref�m de nenhum partido. O senhor est� incluindo o PSDB?

Quem estiver sentindo-se mal no PSDB sair� do governo, n�o tenho d�vida. N�o estou dizendo o partido como um todo, porque l� h� uma divis�o muito grande e nos votantes, os que votaram a favor foram em n�mero maior. Foi um, mas foi maior (risos).

(Carla Ara�jo, Irany Tereza, Vera Rosa e T�nia Monteiro)


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