Bras�lia – Momentos de instabilidade pol�tica no Brasil levaram parlamentares a tentar reacender um modelo de governo que empodera, ainda mais, o Congresso. O parlamentarismo, sistema rejeitado pela popula��o em plebiscitos duas vezes, entra na pauta da reforma pol�tica, at� ent�o focada em mudar apenas o processo eleitoral. Na opini�o de especialistas, o modelo � funcional e at� poderia ser melhor, mas mud�-lo em um momento de tanta instabilidade e descren�a pol�tica seria antidemocr�tico e oportunista.
A favor do sistema, o professor do Departamento de Hist�ria da Universidade de Bras�lia (UnB) Ant�nio Jos� Barbosa diz que ele d� oportunidades diferentes. “N�o se pode concentrar a responsabilidade do poder em uma s� figura. O presidencialismo j� demonstrou que � inadequado e gera crises profundas. No outro, � f�cil de resolver, dissolve-se o Parlamento e convocam-se novas elei��es.” Entretanto, Barbosa afirma que a mudan�a em momento de crise n�o � solu��o. “O parlamentarismo � a melhor forma de governo em condi��es normais. No momento que estamos vivendo, a �nica coisa poss�vel � cumprir a Constitui��o. Qualquer caminho diferente disso agora seria golpe mesmo. Ultrapassada essa fase, ele pode e deve ser discutido. Nunca como um rem�dio para uma crise”, defende.
Consulta
Os brasileiros foram �s urnas duas vezes para escolher o modelo pol�tico preferido, em 1963 e em 1993. Nos dois casos, o presidencialismo saiu vencedor da consulta. Na opini�o do professor do Instituto de Ci�ncia Pol�tica da UnB Pablo Holmes, esse deveria ser o primeiro passo desse debate. “� uma raz�o democr�tica. A popula��o se posicionou e, se � para mudar, � certo que ela se posicione novamente.” Para Holmes, o sistema funciona bem em pa�ses onde a estrutura partid�ria � s�lida e a pol�tica � feita de outra maneira. “A pol�tica no Brasil � feita de oligarquias locais e corruptas. Basta olhar para a legitimidade do Congresso. � uma das institui��es que tem menos confian�a da popula��o. Voc� vai dar mais poder a eles? Mais poder �s elites partid�rias? Quem vai ganhar com isso?”, questiona.
Parlamentares pretendem aproveitar o debate j� encaminhado no Congresso sobre reforma pol�tica para incluir a discuss�o, mas, diante da pol�mica que a mat�ria causa, a tend�ncia � que as mudan�as sejam pontuais e, basicamente, eleitorais. A proposta que precisa ser aprovada at� outubro deste ano para valer nas elei��es do ano que vem prev� a cria��o de um fundo p�blico exclusivo para as despesas com campanhas eleitorais, a cl�usula de barreira e o fim das coliga��es partid�rias.