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Estado de Minas

Cantor tecnobrega, compositor e apresentador de TV: as muitas faces do deputado tatuado

Antes mesmo de gravar apoio a Temer no ombro, Wladimir Costa j� era conhecido na C�mara por suas pol�micas e excentricidades


postado em 06/08/2017 06:00 / atualizado em 06/08/2017 08:32


Em 2012, em um palanque montado na pra�a central do munic�pio de Ponta das Pedras, no Par�, o deputado Wladimir Costa, na �poca filiado ao PMDB, afirmou que a popula��o brasileira n�o merecia mais ser representada por pol�ticos “suspeitos de corrup��o”, “investigados” e “fichas-sujas”. Cinco anos depois, durante a sess�o em que era decidido se as investiga��es de corrup��o envolvendo o presidente Michel Temer (PMDB) deveriam continuar, sua atitude mudou completamente. Ao votar pelo arquivamento da den�ncia, ele disparou contra os institutos de pesquisa que apontam para a forte rejei��o do presidente: “Abaixo o Ibope, que � rid�culo e mentiroso. Abaixo o Datafolha. Temer � um homem preparado, honesto e transparente”, bradou o parlamentar, agora no partido Solidariedade.

(foto: AFP / EVARISTO SA )
(foto: AFP / EVARISTO SA )


As mudan�as em seus posicionamentos t�m marcado a carreira pol�tica do cantor tecnobrega, compositor, apresentador de TV, radialista e deputado federal Wladimir Costa, que gosta de ser chamado de Wlad e ganhou visibilidade na semana passada, quando divulgou uma foto em que aparece com o nome de Temer tatuado em seu ombro direito. Especialistas afirmaram que a tatuagem, que teria custado R$ 1,2 mil, era de hena – do tipo que some em poucos dias. Orientados pelo parlamentar, seus assessores contestam: “Ele nos disse para garantir que a tatuagem � verdadeira”, contou uma assessora do gabinete.

Na campanha de 2012, quando apoiou candidatos a prefeito em seu estado, o parlamentar elogiou a ent�o presidente Dilma Rousseff (PT) pela constru��o de casas populares no Par�. Cinco anos depois, se tornou ferrenho cr�tico da petista e, enrolado na bandeira do Par�, protagonizou um dos momentos mais bizarros da vota��o que abriu o processo de impeachment de Dilma ao estourar um lan�a-confetes no meio do Plen�rio.

Aos 53 anos, o paraense est� em seu quarto mandato na C�mara e foi o sexto deputado mais votado entre os 17 da bancada do Par�: 141.213 votos. Apesar de fazer duras cr�ticas aos delatores da JBS, que afirmaram ter pago propina a Temer, Wladimir recebeu um ter�o dos recursos de campanha da pr�pria JBS. Segundo a declara��o de gastos na elei��o de 2014 enviada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a empresa dos irm�os Batista doou ao deputado R$ 200 mil, de um total de R$ 642 mil gastos na disputa eleitoral.


O (in)fiel de Cunha


No ano passado, o exc�ntrico parlamentar surpreendeu todos durante a vota��o do afastamento do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) no Conselho de �tica da C�mara. Por quatro meses, Wladimir atuou como principal defensor de Cunha, que era julgado por quebra de decoro ao mentir sobre ter dinheiro em contas no exterior.

“Se tentam aqui condenar o Eduardo por ser usufrutu�rio, ou coisa parecida, de um truste ser� preciso mudar a legisla��o. Porque nada prova que isso � crime. N�o sei se ele mentiu na CPI. N�o se pode consolidar seu comportamento como mentira”, afirmou Wlad. Ele protagonizou bate-bocas e xingamentos contra o grupo que queria a cassa��o de Cunha. Foi at� acusado de tumultuar a comiss�o propositalmente.

No entanto, no dia da vota��o, em junho de 2016, pegou todos de surpresa – at� o pr�prio Eduardo Cunha, que se mostrava muito confiante em sua absolvi��o. S�rio, sem a expansividade que lhe � comum, Wladimir lembrou da amizade por 13 anos com Cunha, mas votou pela cassa��o: “O deputado ter� oportunidade de se defender e outros colegas ter�o oportunidade de votar com ele. N�o quero frustrar meu partido e acompanho o relator”. Por 11 votos a 9, o conselho recomendou a cassa��o de Cunha, que continua preso at� hoje em Curitiba.

Aus�ncias e den�ncias


Apesar das performances marcantes em vota��es importantes, Wlad n�o � um parlamentar ass�duo nas sess�es ordin�rias da C�mara. Nas �ltimas tr�s legislaturas ele ficou entre os mais faltosos, segundo levantamento do site Congresso em Foco. Na atual legislatura ele faltou a 70% das 174 sess�es deliberativas entre o in�cio de 2015 e o segundo semestre do ano passado. A maioria das faltas foi justificada como licen�a m�dica. Outras 24 n�o t�m justificativa.

O parlamentar � alvo de quatro a��es por crimes contra a honra, como cal�nia e difama��o. Tamb�m � r�u em uma a��o que est� tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF), com relatoria do ministro Edson Fachin. Na semana passada o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo que condenasse Wladimir pelo crime de peculato por ter ficado com o dinheiro recebido como sal�rio por servidores de seu gabinete. Acusa��o que ele nega. Na semana passada, uma jornalista de Bras�lia o acusou de ass�dio, que teria ocorrido durante jantar que reuniu Temer e diversos deputados na v�spera a vota��o da den�ncia.


“Temerofobia”


Desde que a den�ncia elaborada pela Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) contra Temer chegou na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ), Wladimir se destacou como principal defensor do presidente. At� criou uma esp�cie de diagn�stico m�dico para classificar os parlamentares da oposi��o.

“Muitos que fazem papel de oposi��o est�o com o problema de ‘Temerofobia’. Esse problema ataca s� deputados de baixa qualidade moral. O Temer homof�bico (sic) � movido a �dio e possui avers�o a pol�ticos honestos e �ticos como o presidente da Rep�blica”, afirmou Wladimir, apontando o dedo para outros parlamentares. Quando chamou o relator da den�ncia na comiss�o, deputado S�rgio Zveiter, de “burro” e “desqualificado”, o clima azedou de vez e houve confus�o generalizada.

Em outro discurso inflamado na CCJ, sobrou at� para artistas que fizeram campanha na internet pedindo para que os deputados permitissem as investiga��es contra Temer. “Esses artistas s�o da quadrilha que roubou a Lei Rouanet. Ali est� o Luan Santana, que ganhou R$ 5 milh�es. Jorge e Mateus levam um mont�o de dinheiro. A Gl�ria Pires, verdadeira puxa-saco do PT, recebeu R$ 3 milh�es”, disparou.

A defesa ferrenha de Temer – que o ajudou a liberar R$ 6,7 milh�es por meio de emendas parlamentares – tem custado caro para Wladimir nas redes sociais, em que passou a receber mensagens de todo o pa�s com cr�ticas � sua atua��o. Mas o deputado n�o parece estar muito preocupado com os ataques de eleitores. Ap�s se encontrar com Temer horas depois de a den�ncia ser arquivada, ele postou nas redes sociais um desabafo: “Falem bem, falem mal, mas falem de mim. Quem n�o � visto, n�o � lembrado. Os coment�rios s� me rendem visibilidade nacional e at� internacional”.

Desde quinta-feira, o deputado retornou ao seu estado. Segundo sua assessoria de imprensa, a demanda por entrevistas e grava��es tem sido “exorbitante” e conversar com Wladimir sem agendar entrevista “se tornou imposs�vel”. O parlamentar n�o atendeu �s liga��es da reportagem.


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