No inqu�rito do caso Furnas, o senador A�cio Neves (PSDB/MG) contou com um aliado inesperado: o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, seu rival pol�tico desde sempre. Em depoimento � Pol�cia Federal, Lula declarou que "A�cio Neves n�o pediu nenhum cargo em nenhum de seus mandatos (2003/2010)".
O inqu�rito Furnas tinha como ponto de partida os depoimentos de tr�s delatores, o doleiro Alberto Youssef, o ex-senador Delc�dio Amaral (ex-PT/MS) e o lobista Fernando Moura. Davam conta de que o elo de supostas propinas para A�cio em Furnas seria um antigo amigo do tucano, Dimas Fabiano Toledo. Mas todos os delatores foram "vagos", segundo a PF, disseram que "ouviram dizer".
Lula disse que "durante a transi��o de seu primeiro governo n�o sabia quem era Dimas Fabiano Toledo; Que, n�o sabe quem teria solicitado a continuidade de Dimas Fabiano Toledo � frente de uma diretoria de Furnas, n�o sabendo, inclusive, se algu�m pediu para que o mesmo continuasse ocupando este cargo; Que, n�o saberia dizer o que teria motivado a perman�ncia de Dimas Fabiano Toledo � frente da diretoria de Engenharia de Furnas."
O ex-presidente relatou que no inicio de seu primeiro mandato "manteve com A�cio Neves, � �poca governador eleito de Minas Gerais, apenas uma rela��o institucional, de respeito ao chefe de um ente federativo, mesmo tipo de relacionamento que manteve com governadores eleitos de outros partidos, independente se de partidos que davam sustenta��o a seu governo ou se eram de oposi��o".
"N�o havia distin��o entre a rela��o que mantinha com o PSDB nacional e o PSDB de Minas Gerais", afirmou o petista.
Questionado sobre o fen�meno eleitoral denominado "voto Lul�cio", noticiado � �poca da elei��o de 2002 em Minas, em que haveria uma alian�a informal para voto no PT para presidente e no PSDB para governador, Lula disse: "se de fato este fen�meno ocorreu, n�o teria sido estimulado ou afian�ado por seu partido, seja no plano nacional ou regional."
Ao relatar o inqu�rito Furnas, em documento de 43 p�ginas, o delegado Alex Levi destacou inclusive declara��es nos autos do ex-ministro Jos� Dirceu (Casa Civil) e do ex-secret�rio-geral do PT Silvio Pereira, o Silvinho Land Rover, ambos empenhados no in�cio de 2003 na forma��o da nova equipe de diretores da Petrobras.
"� sabido que acaso as declara��es de Lula, Dirceu e Silvio tivessem teor similar � colabora��o de Delc�dio e ao testemunho de Fernando (Moura), eles tamb�m poderiam ser responsabilizados pelos mesmos crimes atribu�dos a A�cio neste inqu�rito, sendo sujeitos diretamente interessados no t�rmino destas investiga��es sem a responsabiliza��o criminal do senador do PSDB, mesmo o considerando um advers�rio pol�tico, pois o enquadramento penal dele poderia levar a uma imputa��o criminal de todos."
"Assim, ponderando que as declara��es de Luiz In�cio Lula da Silva, Jos� Dirceu de Oliveira e Silva e Silvio Jos� Pereira podem conter distor��es sobre a real din�mica dos fatos apurados, em uma atitude de autodefesa, pois confirmar as vers�es de Delc�dio do Amaral e de Fernando Moura equivaleria a confessar que permitiram a continuidade de Dimas Toledo em Furnas, a pedido de A�cio Neves, e que come�aram a receber parte da propina que anteriormente era repassada ao PSDB e ao PP, seus relatos devem ser avaliados com cautela e em conson�ncia com os demais elementos dos autos, antes de concluir pela inocorr�ncia dos delitos em apura��o."
'Sem envolvimento'
Os advogados Alberto Zacharias Toron e Lu�sa Oliver, que defendem o tucano, se manifestaram sobre o caso por meio de nota. "Ap�s a realiza��o de in�meras e detalhadas dilig�ncias, incluindo a oitiva de empres�rios, pol�ticos de oposi��o e delatores, durante um ano e tr�s meses, a Pol�cia Federal concluiu que inexistem elementos que apontem para o envolvimento do Senador A�cio Neves em supostas atividades il�citas relativas a Furnas.
A partir do conte�do das oitivas realizadas e nas demais provas carreadas para os autos, cumpre dizer que n�o � poss�vel atestar que A�cio Neves da Cunha realizou as condutas criminosas que lhe s�o imputadas", diz a conclus�o do inqu�rito.
Assim, estando comprovada a falta de envolvimento do Senador A�cio Neves com os fatos que lhe foram atribu�dos, a Defesa aguarda a remessa dos autos � PGR e para que, na linha do que concluiu o denso relat�rio policial, seja requerido o arquivamento do Inqu�rito, com sua posterior homologa��o".