Bras�lia - Al�ado ao comando da C�mara com o deputado Rodrigo Maia (RJ), o DEM voltou a sonhar com a Presid�ncia. Nos bastidores, o antigo PFL (tamb�m j� foi Arena e PDS) prepara uma recauchutagem pragm�tica. O objetivo imediato � se tornar um dos maiores no Congresso, recebendo deputados insatisfeitos em suas legendas. O plano de fundo, por�m, passa por suplantar o PSDB, aliado hist�rico, para eleger oito governadores e tentar alcan�ar, de forma in�dita, o Pal�cio do Planalto.
Na era petista, o DEM passou 13 anos no extremo da oposi��o e regrediu no perfil parlamentar. Se chegou a 105 deputados em 1998, elegeu apenas 21 em 2014. Passou por uma cis�o liderada pelo ministro Gilberto Kassab (Ci�ncia e Tecnologia) em 2011, que deu origem ao PSD, e chegou a arquitetar uma fus�o fracassada com o PTB, em 2015.
Hoje, tem 30 deputados e nenhum governador. Seu �nico integrante de relev�ncia no Executivo � o prefeito de Salvador, ACM Neto. "A prioridade � desenvolver um projeto presidencial. Se n�o der tempo, estamos abertos a conversas com todo mundo, desde que haja converg�ncia de vis�es", diz Neto.
Maia tem sido o articulador da migra��o dos parlamentares. A meta � reunir entre 50 e 60 deputados. A maioria dos insatisfeitos vem de uma dissid�ncia do PSB, como Danilo Forte (CE), Tereza Cristina (MS), Fabio Garcia (MT) e Her�clito Fortes (PI). Tamb�m h� afinidade com nomes do PSDB, PSD e PMDB. "Os acordos regionais est�o fechados e n�o h� conflito ideol�gico nem program�tico", diz o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN).
A estrat�gia do DEM para receber insatisfeitos do PSB � "suavizar" seu ide�rio de direita, trabalho do qual participam os ex-ministros Gustavo Krause e Roberto Brandt, o economista Marcos Lisboa e o ex-prefeito do Rio Cesar Maia. O DEM quer ocupar o centro no espectro ideol�gico, tendo como exemplo o presidente franc�s, Emmanuel M�cron.
"O posicionamento do Bolsonaro � extrema direita desloca o DEM para o centro. E o Lula, que j� ocupou o centro no governo, voltou o p�ndulo para a extrema esquerda, com apoio ao Maduro na Venezuela", diz o l�der do partido na C�mara, Efraim Filho (PB).
Nos rascunhos de um manifesto que planejam divulgar entram temas que eles consideram palat�veis � classe m�dia. "Seremos intolerantes com o crime", diz trecho no qual a reportagem teve acesso. Outras propostas s�o ter menos ideologia na educa��o, retomada do emprego, flexibiliza��o do estatuto do desarmamento e redu��o do tamanho do Estado.
Um dos entraves do DEM � n�o ter um presidenci�vel com popularidade. A op��o, hoje, seria "receber" nomes com afinidade, como o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, hoje no PSD, e o prefeito tucano Jo�o Doria. Semana passada, em Salvador, ACM Neto jantou com Doria, que depois confirmou o "interesse" do partido.