S�o Paulo - A crise pol�tica que domina a agenda em Bras�lia e as incertezas da reforma pol�tica em discuss�o e suas consequ�ncias para a disputa do ano que vem n�o impedem os "presidenci�veis" de dar a largada em suas (pr�) campanhas no segundo semestre. Como costuma acontecer em anos que antecedem elei��es gerais, o calend�rio eleitoral se imp�s no m�s de agosto.
No ranking de milhagens, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), o ex-governador do Cear� e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o prefeito de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), despontam na frente.
S� entre junho e agosto, o tucano recebeu 37 convites para eventos fora do Estado. Disse ter aceitado os que mais se conectavam com sua estrat�gia. As viagens selecionadas para agosto indicam uma tentativa de ganhar terreno no Nordeste, reduto hist�rico petista.
No dia 18, por exemplo, Doria ser� ciceroneado no Recife pelos ministros Bruno Ara�jo (PSDB), das Cidades, e Mendon�a Filho (DEM), da Educa��o. No dia 31, o senador tucano C�ssio Cunha Lima (PB) receber� o prefeito paulista em Campina Grande, na Para�ba.
Ao mesmo tempo em que procura ampliar a influ�ncia no PSDB, o prefeito consolida pontes com o aliado DEM, que, como o PMDB, j� deixou as "portas abertas" para receb�-lo.
Aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB), padrinho pol�tico de Doria, dizem que ficaram "perplexos" com a movimenta��o do prefeito em campo aberto. Alckmin reagiu e tamb�m colocou o p� na estrada.
O governador foi a Bras�lia semana passada pressionar a Executiva do PSDB a antecipar para dezembro a escolha do candidato tucano ao Planalto. Circulou pelo Congresso e conversou com as bancadas da sigla.
Avesso a viagens, o governador, que costuma "jogar parado", visitou Porto Alegre na sexta-feira e Florian�polis ontem. At� o fim do m�s ele pretende ir a Fortaleza, onde ser� recebido pelo senador Tasso Jereissati (CE). Presidente interino do PSDB, Tasso apoia Alckmin na disputa interna com Doria. Para se contrapor ao discurso antipetista do prefeito, Alckmin tem pregado a "concilia��o".
Lula
Mesmo amea�ado de ser impedido de concorrer caso seja condenado em segunda inst�ncia no caso do tr�plex do Guaruj� (SP), Lula vai percorrer, em 18 dias, 25 cidades em 9 Estados com um discurso com cr�ticas �s reformas do governo Michel Temer, contra o que chama de "golpe" e em defesa de uma agenda que remonta �s origens do PT.
Condenado na Lava Jato a 9 anos e 6 meses de pris�o, o petista recorre � estrat�gia das caravanas, usada pela primeira vez em 1993 e repetida em 2001, tanto para fazer sua defesa quanto para amarrar alian�as, capitalizar as realiza��es de seus governos e apresentar propostas para a campanha de 2018.
O terreno escolhido � o Nordeste, onde o petista nasceu e sempre obteve os maiores �ndices de vota��o. At� o fim do ano, pretende rodar as Regi�es Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
No trajeto, que ser� feito quase integralmente de �nibus, Lula vai visitar cidades contempladas por programas de governos petistas, como o Minha Casa Minha Vida, Mais M�dicos, ProUni, Luz Para Todos e Bolsa Fam�lia. O objetivo � lembrar o eleitorado dos "anos de ouro".
"Vamos defender o legado dos governos do PT, como Bolsa Fam�lia, ProUni, Luz para Todos, investimentos em educa��o, gera��o de emprego e renda que tiveram impactos important�ssimos no Nordeste. E tamb�m vamos pensar e discutir o futuro do Pa�s", disse o coordenador da caravana, Marcio Macedo, um dos vice-presidentes do PT. Segundo ele, o objetivo das viagens n�o � eleitoral. "A caravana tem car�ter program�tico, de diagn�stico e constru��o do futuro do Brasil."
Ciro Gomes � outro "presidenci�vel" que intensificou a agenda no segundo semestre. Tem feito palestras, reuni�es com integrantes do PDT e dado entrevistas de Norte a Sul. Embora tenha dito ao jornal espanhol El Pa�s que gostaria de disputar a elei��o de 2018 tendo o ex-prefeito petista Fernando Haddad como vice, sua assessoria diz que o objetivo das viagens n�o � eleitoral.
O PT, por sua vez, colocou Haddad para rodar o Pa�s. "Haddad est� se movimentando para retomar o projeto de educa��o da segunda gest�o de Lula. E ficar no banco de reserva. Se n�o der para jogar a partida principal, entra no segundo tempo", disse uma pessoa pr�xima.
Aliados consideram que "passou da hora" de a ex-ministra Marina Silva (Rede) ter uma "agenda presidenci�vel" e colocar a campanha na rua. Mesmo na Rede est� claro que � imposs�vel contar apenas com o recall da elei��o de 2014 e que o tempo ser� decisivo para as pretens�es do partido.
"Claro que a nossa candidata � a Marina Silva. A Rede est� se estruturando nos Estados e munic�pios para entrar na disputa", disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
J� o deputado Jair Bolsonaro (PSC-SP) "queimou a largada". No primeiro trimestre, esteve em Minas, Para�ba e S�o Paulo. Na ocasi�o, foi acusado de usar a cota parlamentar para custear viagens de car�ter eleitoral, o que foi negado pela assessoria do parlamentar.
Agora, Bolsonaro parece concentrado em escolher com qual partido "vai se casar". Semana passada, frustrou o PEN (futuro Patriota) ao dizer que "ainda est� noivo" do partido. Mesmo assim, a legenda est� otimista. "A ideia � correr o Pa�s levando a mensagem de justi�a e sustentabilidade", disse o presidente do PEN, Adilson Barroso, que j� faz planos para o "futuro filiado".