
S�o Paulo - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Lu�s Roberto Barroso, afirmou nesta sexta-feira, 18, que o diagn�stico da corrup��o no Brasil � "tenebroso" e as irregularidades s�o "espantosamente grandes". "Onde voc� destampa tem coisa errada", disse durante evento em S�o Paulo.
"A corrup��o foi espantosamente grande. � imposs�vel n�o sentir vergonha pelo que aconteceu no Brasil", disse o ministro. "Onde havia um vint�m de dinheiro p�blico tinha algu�m levando vantagem, dos mais altos escal�es ao fiscal", disse Barroso, que participa de semin�rio do Insper sobre Sistema de Justi�a e os Novos Desafios, organizado pelo site Jota.Info.
O ministro ressaltou que o Brasil passa por um cap�tulo triste de sua hist�ria, mas a perspectiva � de final feliz no m�dio prazo. "O diagn�stico � tenebroso", disse ele, mencionando que a corrup��o que aflorou no Brasil nos �ltimos anos se revelou sist�mica e institucionalizada. "Eram esquemas institucionalizados de arrecada��o e distribui��o de dinheiro que envolviam empresas privadas, estatais, partidos pol�ticos, membros do Congresso."
"Criamos uma cultura de achaque, de extors�o, de desonestidade", afirmou Barroso. Para ele, a impunidade no Brasil criou uma sociedade de "ricos delinquentes", que roubam at� quando n�o precisam, mas o fazem pela facilidade, pelo h�bito, pela inefici�ncia da Justi�a. "Se criou um pa�s onde as pessoas s�o honestas se quiserem, porque se n�o quiserem n�o acontece nada."
O ministro declarou que n�o se muda o mundo com o direito penal, mas no Brasil esta �rea do direito vem sendo "absolutamente ineficiente, incapaz de alcan�ar a criminalidade do colarinho branco, incapaz de punir quem ganha mais de cinco sal�rios meninos". Na avalia��o do ministro, se criou no Brasil um direito penal que s� pune pobres e � preciso que o Judici�rio seja mais rigoroso com as classes mais altas.
Barroso defendeu a necessidade de se criar no Brasil a cultura da honestidade, mesmo havendo resist�ncias dentro da classe pol�tica e de empres�rios. "Essa rea��o anticorrup��o atinge pessoas que sempre se supuseram imunes, inalcan��veis e por isso praticaram uma quantidade inacredit�vel de crimes." Mesmo depois do mensal�o e de tr�s anos da Opera��o Lava Jato, essas pessoas seguem comentando delitos, ressaltou ele.
Ao mesmo tempo, o ministro falou que � necess�rio evitar o risco da criminaliza��o da pol�tica. N�o se faz um pa�s sem pol�tica, disse, ressaltando que as experi�ncias que tentaram isso deram errado. A luta contra a corrup��o se ganha por pontos, n�o por nocaute, disse o ministro citando uma frase dita por um colega do Supremo. "� preciso ter persist�ncia, esperar o advers�rio cansar. Acho que avan�amos. A sociedade tem pressionado. O judici�rio tem avan�ado."
(Altamiro Silva Junior)