
O senhor pretende disputar a presid�ncia do PSDB na conven��o do partido marcada para dezembro?
N�o. Fa�o quest�o de conduzir o processo com bastante isen��o. Por isso, n�o devo ser candidato � presid�ncia do PSDB. Defendo que seja um nome novo, algu�m da nova gera��o e com mensagem mais fresca.
Quais nomes se encaixam nesse perfil?
S�o muitos nomes bons na C�mara, Senado e entre os prefeitos. Se eu falar de algum espec�fico, isso acabaria ferindo ou esquecendo algu�m. A quantidade de quadros novos que est� surgindo no partido me entusiasmou a fazer esse movimento.
A ideia � que um "cabe�a-preta" assuma o comando do PSDB e lidere o partido em 2018?
Um cabe�a-preta de mentalidade. N�o estou excluindo ningu�m.
O que deve mudar no estatuto?
Encarreguei o deputado federal Carlos Sampaio (SP) de organizar um grupo para discutir o novo estatuto. Ele est� come�ando a trabalhar nisso esta semana.
A atual dire��o executiva nacional do PSDB tem um perfil muito parlamentar. Deve ocorrer alguma mudan�a na configura��o?
A gente sente que h� muita dist�ncia dos prefeitos. Eles est�o na ponta do partido e vivem o dia a dia. Defendo que haja uma participa��o dos prefeitos, talvez com mais de um na executiva. Deve ter tamb�m uma participa��o dos presidentes regionais.
Desde a funda��o do PSDB, em 1988, nunca houve uma disputa de teses em conven��o nacional. Ficou essa fama de partidos de caciques. Isso deve mudar?
A disputa � de ideias. Ao longo desse per�odo (at� dezembro) ser�o discutidas ideias e teses. Em paralelo, teremos o novo estatuto e programa do partido. Se n�o tiver um nome de consenso (para a presid�ncia), ent�o vai ter disputa. Tudo pode acontecer. Sempre tem a primeira vez.
H� v�rios grupos se aproximando do partido, como o MBL. Qual o objetivo disso?
Estamos abertos. Queremos receber a influ�ncia de todos esses movimentos que est�o nascendo por a�, que s�o influenciados pelas redes sociais. Vamos conversar com todos. S�o muito importantes na forma��o de opini�o p�blica. Temos que estar antenados com todos.
Avalia disputar o governo do Cear�?
N�o pretendo mais voltar ao Executivo. Tamb�m defendo a renova��o no Cear�. O ideal � um processo de renova��o l� tamb�m.
Qual � a sua rela��o com o governador Camilo Santana, do PT?
A rela��o pessoal � �tima. Nossas posi��es pol�ticas s�o diferentes, especialmente no plano nacional. Mas ele � uma pessoa bem intencionada.
Quer dizer que, no Cear�, o PSDB n�o vai fazer um discurso antipetista, como o do Jo�o Doria, em 2018?
Nem no Cear� nem no Brasil. N�o � o nosso estilo. Existem no partido v�rias nuances e o Jo�o Doria representa uma delas. Mas na m�dia do PSDB, o discurso que queremos levar para a conven��o n�o � anti, � pr�.
Ent�o o PSDB n�o deve polarizar com o PT?
Essa pol�tica de n�s contra eles � um desservi�o para o Brasil. Al�m de dividir, traz viol�ncia, desrespeito e intoler�ncia. � um p�ssimo sinal para democracia.
O grupo de tucanos que defende a perman�ncia do PSDB no governo federal deve tentar emplacar um nome na conven��o de dezembro?
Essa discuss�o de ficar ou sair est� vencida no partido. Agora � olhar pra frente.
Acredita que essa bandeira do parlamentarismo vai mobilizar a milit�ncia do PSDB?
Vou me empenhar para quem sim. Acredito no parlamentarismo h� muitos anos. Essas crises pol�ticas que t�m afetado a vida do brasileiro desde a redemocratiza��o t�m provado que o presidencialismo de coopta��o (termo usado em v�deo mea-culpa do partido criado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) est� falido, quebrou.
Os quatro ministros do PSDB no governo podem ser considerados da cota pessoal do presidente Michel Temer?
N�o acredito em cota pessoal. As posi��es do PSDB no Congresso em rela��o �s reformas e projetos importantes para o Pa�s n�o mudam um mil�metro pelo fato de ter ou n�o ministro. A presen�a deles no minist�rio n�o tem influ�ncia na nossa posi��o pol�tica, nem na agenda de reconstru��o do partido. A agenda do governo pode ser uma e a do partido outra. As agendas podem divergir.
A conven��o vai marcar pr�vias para escolher o candidato � Presid�ncia da Rep�blica?
Se n�o chegarem a um consenso sobre o candidato, ter� pr�via.
O senhor esteve na quinta-feira (24) com o governador Geraldo Alckmin em Bras�lia. Qual foi a pauta?
Alckmin � uma das lideran�as mais importantes do partido h� muito tempo. Trocamos ideias sobre o futuro do partido.
O governador � hoje o nome mais bem posicionado para disputar o Pal�cio do Planalto em 2018?
Sim. Ele � o primeiro da fila.
E o Jo�o Doria?
Ele tamb�m � um quadro. Foi eleito prefeito no primeiro turno e est� credenciado para disputar qualquer cargo neste Pa�s, mas dentro do partido o Alckmin est� � frente.
O que precisa mudar no PSDB, um partido considerado de caciques?
� preciso fazer uma autocr�tica. Em alguns setores estamos distantes do que a popula��o quer da pol�tica. Temos que ir para a rua e ver onde temos que melhorar. A milit�ncia do PSDB est� desencantada com a pol�tica. A pol�tica ainda � a base da democracia.
O senhor tentou entregar o cargo de presidente interino v�rias vezes, mas o A�cio n�o aceitou. Por qu�?
Eu n�o queria assumir a presid�ncia do PSDB. Assumi em uma emerg�ncia, como coisa tempor�ria. N�o fazia parte do meu plano de vida.
Mas o fato � que at� dezembro o partido continua tendo dois presidentes, um alinhado com Temer e outro com posi��o mais independente...
O presidente de fato do PSDB sou eu, e s� eu. Isso foi acertado gra�as ao desprendimento do A�cio.
(Pedro Venceslau)