Bras�lia – Em depoimento � Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR), o empres�rio Joesley Batista, dono do Grupo J&F, disse que antes de se tornar um delator "tratou com v�rios pol�ticos sobre como parar" a Opera��o Lava-ato. O depoimento, ao qual a reportagem teve acesso, foi prestado no feriado de 7 de Setembro, no procedimento de revis�o do acordo de dela��o premiada firmado com a PGR.
Joesley Batista afirmou que os pol�ticos com quem "mais falou sobre tudo o que acontecia com a empresa no �mbito da Opera��o Lava Jato durante os �ltimos tr�s anos foram Ciro Nogueira, Eduardo Cunha e Michel Temer". Consta no termo de depoimento assinado pelo empres�rio que ele, "at� decidir por colaborar, tratou com v�rios pol�ticos sobre como parar a 'Opera��o'; que por isso ficou em paz consigo mesmo porque salvou a empresa com a colabora��o depois de tr�s anos de tentativa com pol�ticos".
No dia seguinte ao depoimento, o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, pediu a pris�o de Joesley, do executivo da J&F, Ricardo Saud e do ex-procurador da Rep�blica Marcello Miller. No mesmo dia, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, decretou a pris�o dos dois primeiros.
Dela��o
No depoimento, Joesley disse que conheceu Miller no in�cio de mar�o deste ano, quando o ent�o procurador da Rep�blica foi at� a sua casa apresentado por Francisco de Assis e Silva, diretor jur�dico do grupo J&F. O empres�rio disse que encontrou o ex-procurador pelo menos outras duas vezes no mesmo m�s, na sede da JBS. Miller ainda n�o havia sido exonerado do Minist�rio P�blico Federal naquele momento.
Joesley, no entanto, afirmou que "nunca recebeu orienta��o de Marcello Miller sobre elabora��o dos anexos nem sobre a produ��o de uma prova espec�fica". Apesar disso, disse que os contatos com Miller foram importantes para ele acreditar que deveria fazer o acordo de colabora��o premiada.
Sobre um dos encontros com Miller em mar�o, Joesley afirmou, segundo termo de depoimento assinado por ele pr�prio, "que conversou com Marcello Miller sobre colabora��o premiada, como se faz, o procedimento, se funciona ou n�o; que Marcello Miller dava orienta��es abstratas sobre colabora��o e crimes, tendo servido para entender o processo de colabora��o premiada; que isso serviu para o depoente acreditar que a colabora��o era o caminho correto, o melhor e talvez o �nico".
Em outro momento, o empres�rio disse n�o ter certeza se Miller esteve em contato com os anexos de Ricardo Saud. Joesley tamb�m afirmou "n�o houve nenhuma indu��o ou orienta��o de Marcello Miller a nenhum dos colaboradores". Joesley tamb�m disse que a men��o aos "cinco ministros do Supremo na m�o dele foi elucubra��o de dois b�bados em casa e sozinhos". Segundo ele, foi algo da "imagina��o de Ricardo Saud", bem como o fato de ter dito que Janot iria advogar com Marcello Miller.
O Planalto afirmou que "o depoimento do senhor Joesley Batista mostra que ele mente mais uma vez". A defesa de Cunha nega as acusa��es e afirma que prestar� os devidos esclarecimentos oportunamente, quando convocado pelas autoridades. A assessoria do senador Ciro Nogueira (PP-PI) foi contatada e n�o respondeu sobre as cita��es at� a conclus�o desta edi��o. A defesa do advogado Marcello Miller informou que s� teve acesso ao pedido de pris�o da PGR nesta segunda-feira e est� preparando as medidas cab�veis.