Curitiba – Sob forte esquema de seguran�a, com cerca de 1,5 mil agentes, para evitar confrontos entre grupos favor�veis e contr�rios a ele, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva volta � capital paranaense nesta quarta-feira (13) para ficar pela primeira vez frente a frente com o juiz federal S�rgio Moro depois de ter sido condenado por ele a nove anos de pris�o no caso do triplex no Guaruj� (SP). Em 11 de maio, ele dep�s ao juiz sobre o apartamento e agora, ser� ouvido sobre a acusa��o de ter recebido terreno de R$ 12,4 milh�es da construtora Odebrecht destinado � nova sede do Instituto Lula, neg�cio que n�o foi adiante, e um apartamento de R$ 504 mil em S�o Bernardo do Campo (SP).
A Secretaria de Seguran�a P�blica do Paran� informou que cerca de mil policiais militares far�o a seguran�a no entorno do pr�dio da Justi�a Federal onde Lula depor�. Al�m dos PMs, atuar� na seguran�a agentes da Pol�cia Civil, Corpo de Bombeiros, Departamento de Intelig�ncia do Estado do Paran� (Diep), Guarda Municipal, Pol�cias Rodovi�ria Estadual e Federal, Pol�cia Federal e Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia (Abin). “� um esquema muito parecido, mas um pouco menor do que no depoimento anterior, em maio”, informou o secret�rio da Seguran�a P�blica, Wagner Mesquita.
Ele disse tamb�m que havia expectativa de uma mobiliza��o maior do que a registrada no primeiro depoimento de Lula a Moro. Inicialmente, eram esperadas 60 mil pessoas em Curitiba, mas a secretaria disse que o n�mero n�o foi confirmado e agora s�o esperadas cerca de 5 mil pessoas na cidade. No primeiro encontro entre Lula e Moro, o esquema de seguran�a contou com 1.700 policiais militares.
‘BATOM NA CUECA’
O procurador Hebert Mesquita, respons�vel pela Opera��o Zelotes, disse ontem que as provas apresentadas em den�ncia de tr�fico de influ�ncia contra o ex-presidente Lula s�o “batom na cueca” e demonstram que o petista, ap�s deixar o Pal�cio do Planalto, ofereceu seu prest�gio a empresas, em troca de viabilizar um contrato bilion�rio e a edi��o de uma medida provis�ria no governo de Dilma Rousseff.
De acordo com o investigador, a acusa��o est� baseada numa s�rie de mensagens e documentos que comprovam que Lula e o filho ca�ula, o empres�rio Lu�s Cl�udio Lula da Silva, se envolveram em negocia��es com lobistas do setor privado, relativas ao contrato de compra de ca�as suecos fabricados pela multinacional sueca Saab e � edi��o da Medida Provis�ria 627, de 2013, que prorrogou inventivos fiscais a montadoras de ve�culos. Ambas as medidas foram tomadas na gest�o Dilma.
Mesquita alega que houve encontros para tratar dos dois assuntos e que uma empresa de Lu�s Cl�udio recebeu R$ 2,5 milh�es do lobista Mauro Marcondes Machado, representante das empresas interessadas nas decis�es, como remunera��o pelo apoio de Lula. O procurador lembrou ainda que, num e-mail descrito na den�ncia, por exemplo, os investigados mencionam que a MP s� seria feita se Lula mandasse. “Est� tudo documentado. Com o perd�o da express�o, � batom na cueca”, comentou, ao sair de uma audi�ncia na 10ª Vara da Justi�a Federal, em Bras�lia.
TESTEMUNHAS Ontem, quatro testemunhas de defesa de Lula e do filho depuseram na a��o penal que avalia as condutas dos dois e de outros r�us. Falaram o ex-presidente da Rep�blica Fernando Henrique Cardoso, o ex-titular do Minist�rio da Fazenda na gest�o do tucano Pedro Malan e os ex-ministros Jos� Eduardo Cardozo (Justi�a) e Nelson Jobim (Defesa). Os dois �ltimos exerceram os cargos nos governos petistas. Os depoentes negaram saber se o ex-presidente influenciou decis�es de Dilma ou algum outro agente pol�tico.
Para o procurador, as testemunhas, “de certa forma”, corroboram a den�ncia. Ele explicou que a investiga��o sobre o caso n�o diz se, efetivamente, algum gestor p�blico chegou a ser influenciado por Lula ao tomar decis�es. � que, conforme o Minist�rio P�blico Federal, somente o fato de “vender fuma�a”, ou seja, oferecer a possibilidade de interfer�ncia no governo, em troca de vantagem, � crime, bastando, portanto, para uma acusa��o criminal. “Eles (da defesa) podem trazer 500 pessoas para dizer que n�o sabiam, e n�o sabiam mesmo. O crime existe, independentemente de o agente p�blico saber dele”, comentou. “O que n�o pode � algu�m se valer de um alegado prest�gio para obten��o de vantagem”, explicou.
Os advogados de Lula negam irregularidades e dizem que as decis�es sobre os ca�as e a MP foram t�cnicas, tomadas com base em estudos e pol�ticas p�blicas que atravessaram governos.