S�o Paulo - "Eu vou chegar em casa amanh� e vou almo�ar com oito netos e uma bisneta de seis meses. Eu posso olhar na cara nos meus filhos e dizer que eu vim para Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial?" Com essa pergunta ao juiz federal S�rgio Moro, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva encerrou seu segundo interrogat�rio como r�u da Lava-Jato, em Curitiba.
Lula foi ouvido por cerca de duas horas e meia por Moro, em processo em que � acusado de corrup��o passiva e lavagem de dinheiro, pelo acerto de R$ 12 milh�es em propinas da Odebrecht, de forma dissimulada no repasse de um terreno para o Instituto Lula e um apartamento em S�o Bernardo do Campo.
"Bem, primeiro, n�o cabe ao senhor fazer esse tipo de pergunta a mim, mas sim", respondeu Moro.
Lula rebate: "Porque n�o foi o procedimento na outra a��o". Lula foi condenado em julho a 9 anos e 6 meses de pris�o por Moro - que recorre em liberdade - por receber propinas da OAS no caso tr�plex do Guaruj� (SP).
"N�o vou discutir a outra a��o aqui com o senhor, senhor ex-presidente, se f�ssemos discutir aqui, a minha convic��o � que o senhor � culpado", interrompeu Moro.
O juiz disse ainda que Lula estava discutindo o processo no Tribunal Regional Federal da 4ª Regi�o. "Represente a suas raz�es no tribunal, se a gente fosse discutir aqui, n�o seria bom para ao senhor."
Lula insiste e diz que vai "continuar esperando que justi�a fa�a justi�a nesse Pa�s". Moro interrompe a audi�ncia.
Palanque
Em audi�ncia mais curta que a primeira, em 10 de maio, no caso triplex, que durou 5 horas, Lula foi questionado ao final por Moro se ele gostaria de falar mais alguma coisa.
"Eu gostaria", responde Lula.
"S� assim, senhor presidente, n�o � momento de campanha, n�o � momento de discursos, � para falar sobre o objeto da acusa��o, se for o caso, certo?", advertiu Moro, aos 3 minutos do v�deo.
O ex-presidente diz que toda vez que sai - Lula s� foi interrogado como r�u por Moro no dia 10 de maio, antes de hoje - v� pessoas "fazendo campanha contra ele". E sugere ao juiz para n�o usar a palavra "denegrir", que teria sido usada por ele.
O juiz da Lava Jato mais uma vez advertiu Lula: "Senhor ex-presidente, n�o � para campanha, nem aqui para fazer declara��es, o que o senhor quer falar sobre o objeto da den�ncia?".
Palocci
Em uma audi�ncia com ataques duros ao Minist�rio P�blico Federal, Lula disse que � v�tima de uma "ca�a �s bruxas" e minimizou as revela��es do ex-ministro Antonio Palocci. O petista confessou nesse processo, na quinta-feira, 6, que participou do esquema de repasse de propinas da Odebrecht para Lula e citou um "pacto de sangue" de R$ 300 milh�es para o ex-presidente e para o PT.
Segundo Lula, ele tem tido paci�ncia. "Muita gente achou que eu ia chegar aqui com muita raiva do Palocci. Eu achei que Palocci est� preso h� mais de um ano, o Palocci tem o direito de querer ser livre, tem o direito de ficar com o pouco de dinheiro que ele ganhou fazendo palestras."
O ex-presidente disse que "o que n�o pode, � se voc� n�o quer assumir as responsabilidades pelos atos il�citos que voc� fez, n�o jogue em cima dos outros".
"Eu fiquei muito preocupado com na dela��o do Palocci, porque ele poderia ter falado eu fiz isso de errado, e fiz isso. Ele espertamente disse 'n�o � que eu sou santo' e pau no Lula."
(Fausto Macedo, Julia Affonso e Ricardo Brandt)