Curitiba - O advogado Cristiano Zanin Martins orientou o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva que n�o voltasse a falar sobre o encontro que teve com o ex-diretor de Servi�os da Petrobras Renato Duque, cota do PT no esquema de corrup��o na estatal. Durante interrogat�rio nesta quarta-feira, o procurador da Rep�blica Antonio Carlos Welter questionou o motivo de o petista ter se reunido, em 2014, com Duque em um hangar no Aeroporto de Congonhas, em S�o Paulo.
O encontro havia sido questionado pelo juiz federal S�rgio Moro durante interrogat�rio no caso tr�plex em 10 de maio. Na ocasi�o, o ex-presidente confirmou em ju�zo que procurou o ex-diretor para saber sobre conta secreta na Su��a investigada pela Lava-Jato.
Nesta quarta-feira, o procurador voltou ao tema e foi interrompido pela defesa de Lula. O advogado Cristiano Zanin afirmou que o encontro n�o era objeto da den�ncia.
"J� foi esclarecido no depoimento anterior, n�o � objeto da den�ncia. Ent�o, diante disso, a defesa t�cnica orienta que o depoente n�o responda. N�o � objeto da den�ncia", disse.
Neste processo, Lula � r�u por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro sobre contratos entre a empreiteira e a Petrobr�s. Segundo o Minist�rio P�blico Federal os repasses il�citos da Odebrecht chegaram a R$ 75 milh�es em oito contratos com a estatal. O montante, segundo a for�a-tarefa da Lava Jato, inclui um terreno de R$ 12,5 milh�es para Instituto Lula e cobertura vizinha � resid�ncia de Lula em S�o Bernardo do Campo de R$ 504 mil.
O procurador informou que gostaria de contextualizar os fatos.
"Eu queria s� que ele esclarecesse qual � a raz�o pela qual ele conversou com Renato Duque, at� porque, Dr, se o sr me permitir concluir, por favor, o sr ex-presidente disse aqui que n�o tinha rela��es com ex-diretores da Petrobras, n�o lidava com ele corriqueiramente, no dia a dia. Ent�o, eu queria saber por que, qual a raz�o de neste momento ter encontrado Renato Duque. Mas se a orienta��o � de n�o responder", insistiu Antonio Carlos Welter.
A defesa de Lula protestou. "Esta quest�o, como eu j� disse, n�o � objeto dessa a��o penal. Aqui o depoente est� para fazer sua autodefesa em rela��o ao objeto dessa a��o penal. O objeto dessa a��o penal s�o oito contratos firmados pela Petrobras."
Zanin explicou que Lula n�o respondeu a algumas perguntas de Moro por tr�s motivos. Segundo o advogado, o juiz e os procuradores fizeram perguntas repetidas, questionamentos fora do objeto da a��o e, ainda, perguntas que tratam de pap�is com autenticidade questionada pela defesa.
Renato Duque est� preso na Lava Jato desde mar�o de 2015. O ex-diretor tenta fechar um acordo de dela��o premiada.
LEIA A SEQU�NCIA DO DI�LOGO
MPF: O sr quando dep�s na outra a��o penal, o sr mencionou de um encontro com Renato Duque num hangar num aeroporto em S�o Paulo, em 2014. O sr se recorda?
Lula: "Me recordo"
MPF: O sr n�o ocupava mais a Presid�ncia da Rep�blica, nem cargo na dire��o do Partido dos Trabalhadores. Qual objeto dessa discuss�o?
Lula: "Eu j� disse no meu depoimento da outra vez. Eu j� disse no meu depoimento"
Zanin: "Pela ordem, Excel�ncia, esse fato tamb�m n�o consta na den�ncia."
MPF: "Diz respeito � contextualiza��o dos fatos."
Zanin: "Sim, mas n�o � objeto da den�ncia. � isso que eu estou afirmando. Se n�o � objeto da den�ncia, j� foi..."
Moro: "Est� indeferida sua quest�o."
Zanin: "J� foi esclarecido no depoimento anterior, n�o � objeto da den�ncia. Ent�o, diante disso, a defesa t�cnica orienta que o depoente n�o responda. N�o � objeto da den�ncia."
Moro: "Tem alguma quest�o complementar, Dr, sobre esse conte�do, ainda que a orienta��o seja para n�o responder?"
MPF: "Eu queria s� que ele esclarecesse qual � a raz�o pela qual ele conversou com Renato Duque, at� porque, Dr, se o sr me permitir concluir, por favor, o sr ex-presidente disse aqui que n�o tinha rela��es com ex-diretores da Petrobras, n�o lidava com ele corriqueiramente, no dia a dia. Ent�o, eu queria saber por que, qual a raz�o de neste momento ter encontrado Renato Duque. Mas se a orienta��o � de n�o responder."
Zanin: "Esta quest�o, como eu j� disse, n�o � objeto dessa a��o penal. Aqui o depoente est� para fazer sua autodefesa em rela��o ao objeto dessa a��o penal. O objeto dessa a��o penal s�o oito contratos firmados pela Petrobras."
Moro: Certo, Dr, n�o precisa se alongar, j� entendemos a posi��o da defesa. O sr ex-presidente n�o pretende responder a essa quest�o.
Lula: Poderia fazer como o sr fez no come�o, pegar as respostas que eu dei.
Moro: Dr, tem alguma quest�o adicional relativa ao que ele j� respondeu, porque ele j� respondeu realmente sobre esse fato e eu estou aproveitando o depoimento. Se tiver algum ponto adicional, sim. Sen�o, da�.
(Julia Affonso, Ricardo Brandt, Luiz Vassallo, Fausto Macedo, Eduardo Laguna, Elisa Clavery e Ricardo Galhardo)