Bras�lia, 15 - O presidente Michel Temer n�o vai afastar os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), seus dois principais auxiliares no Pal�cio do Planalto denunciados nesta quinta-feira, 14, pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot.
Embora tenha fixado, h� sete meses, uma "linha de corte" para investigados da Lava-Jato, Temer descumprir� a promessa, sob o argumento de que a acusa��o da PGR tem como base "dela��es fraudadas".
Em fevereiro, o presidente afirmou que ministros denunciados pelo Minist�rio P�blico na Opera��o Lava Jato seriam afastados temporariamente e, se virassem r�us, demitidos.
Questionada oficialmente nesta quinta, a Secretaria de Comunica��o Social da Presid�ncia n�o se manifestou sobre o motivo de Temer descumprir sua promessa. Em conversas reservadas, no entanto, o presidente observou que afastar ministros seria o mesmo que dar vit�ria a Janot.
Moreira Franco e Padilha s�o os dois peemedebistas mais pr�ximos de Temer, respons�veis pela articula��o pol�tica com o Congresso. V�rias vezes, por�m, eles divergem sobre temas do governo.
Integrantes do n�cleo duro do Planalto, eles se transformaram em sobreviventes da crise pol�tica, ap�s a queda de Geddel Vieira Lima e de assessores especiais como Jos� Yunes, Rodrigo Rocha Loures, Tadeu Filipelli e Sandro Mabel. Em junho, Rocha Loures foi flagrado pela Pol�cia Federal arrastando uma mala com R$ 500 mil.
Se afastados do cargo, os ministros perdem a prerrogativa de foro privilegiado, que permite investiga��o e andamento do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), e n�o na primeira inst�ncia.
Por meio de medida provis�ria, Moreira Franco foi nomeado ministro no in�cio deste ano, acumulando a nova Secretaria-Geral da Presid�ncia com o Programa de Parceria de Investimentos (PPI), respons�vel pelas concess�es.
Sem provas
Ao se defender da den�ncia apresentada por Janot, o ministro Eliseu Padilha disse nesta quinta, em nota, que a acusa��o est� "amparada em delatores que, sem compromisso com a verdade, contaram as hist�rias que pudessem lhe dar vantagens pessoais ante o Minist�rio P�blico Federal".
Sem citar o empres�rio Joesley Batista, dono da J&F, e o corretor L�cio Funaro, ambos delatores, a nota assinada pela assessoria de Padilha afirmou que, "ao final, com a inexist�ncia de provas, o Poder Judici�rio decidir� por sua inoc�ncia".
Na mesma linha de desconstru��o dos delatores, Moreira Franco argumentou que n�o existem provas para a den�ncia. "Reitero que jamais participei de qualquer grupo para a pr�tica de il�cito", afirmou ele. "Essa den�ncia foi constru�da com a ajuda de delatores mentirosos que negociam benef�cios e privil�gios", completou.
Retalia��o
Aliado de Temer, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), disse na quinta que, se fosse o presidente, n�o demitiria nenhum ministro por causa da den�ncia. Segundo o peemedebista, a promessa foi feita em outro contexto pol�tico.
"Existem den�ncias e den�ncias. Esta n�o deve ser tratada com a mesma considera��o. Vejo um vi�s pol�tico de retalia��o, um desejo quase insano de atrapalhar o Pa�s", afirmou o deputado.