Em um movimento que agradou � base governista, o presidente da Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) da C�mara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), escolheu um aliado do senador A�cio Neves (PSDB-MG), o tucano Bonif�cio de Andrada (MG), para relatar a den�ncia contra o presidente Michel Temer e seus ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil). A escolha reabriu a crise no PSDB.
Nos bastidores, parlamentares avaliam que a indica��o de Bonif�cio faz parte de uma opera��o casada para salvar o mandato de A�cio e segurar a nova den�ncia. O parlamentar mineiro, que pertence � fam�lia do patriarca da Independ�ncia, Jos� Bonif�cio de Andrada e Silva, foi um dos deputados que ajudaram a segurar a primeira den�ncia contra Temer por corrup��o passiva, rejeitada em agosto pela C�mara dos Deputados.
A crise no PSDB volta � tona especialmente entre a ala paulista e a mineira. Enquanto os paulistas n�o fizeram esfor�o para preservar Temer, os mineiros ajudaram a barrar a primeira den�ncia. Tr�poli n�o descarta a possibilidade de tirar Bonif�cio da CCJ, o que obrigaria Pacheco a redistribuir a relatoria para outro membro da comiss�o.
Experi�ncia
No an�ncio, Pacheco disse que Bonif�cio est� "acima" das quest�es internas do PSDB. "Tenho certeza de que o PSDB haver� de ficar contente com a decis�o", afirmou.
O peemedebista tamb�m minimizou o fato de Bonif�cio ter votado a favor de Temer na primeira den�ncia. "� uma nova realidade e confio muito na dec�ncia e na experi�ncia do deputado Bonif�cio", declarou o presidente da CCJ.
Nesta quinta-feira, 28, o Pal�cio do Planalto evitou manifesta��es a respeito da escolha de Bonif�cio. O discurso oficial segue a linha da primeira den�ncia, de que espera que seja apresentado um relat�rio "t�cnico", favor�vel a Temer, com pedido de arquivamento de den�ncia.
Interlocutores do presidente, no entanto, avisam que, caso a op��o seja por relat�rio "pol�tico", contr�rio a Temer, um dos aliados governistas na CCJ ser� convocado a apresentar um relat�rio paralelo, repetindo o tr�mite anterior.
Perfil
Suplente na CCJ, Bonif�cio n�o votou no colegiado, mas fez quest�o de se posicionar contra a primeira den�ncia por corrup��o passiva durante a fase de debates. Na ocasi�o, o tucano criticou o uso das grava��es do empres�rio Joesley Batista como pe�a-chave da acusa��o da Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR).
"N�o sou a favor da admissibilidade. N�o por raz�es pol�ticas, mas puramente por raz�es de ordem jur�dica. N�o h� base para andamento do processo", disse na comiss�o. Em 2 de agosto, dia da vota��o da den�ncia no plen�rio, o deputado tucano votou com o governo "em favor das institui��es e do progresso do Brasil".
O tucano tem 87 anos, � jornalista, advogado, professor de Direito Constitucional e cientista pol�tico. Ligado ao grupo de A�cio, o parlamentar est� no seu d�cimo mandato, tem atua��o discreta na Casa, mas � visto como uma esp�cie de "reserva moral" da bancada. Embora n�o tenha a inten��o de disputar a reelei��o, Bonif�cio prepara seus filhos para a pr�xima elei��o. A avalia��o � de que qualquer deslize no relat�rio sobre a segunda den�ncia poderia respingar sobre as candidaturas de Lafayette e Antonio Andrada.
"Temos muita convic��o de que � um nome que preserva a comiss�o, que d� o tom necess�rio que n�s precis�vamos para a seriedade e necessidade de demonstra��o de imparcialidade na condu��o desse trabalho", justificou o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), ao anunciar seu escolhido.
Na primeira den�ncia, Pacheco indicou S�rgio Zveiter (ex-PMDB e hoje Podemos-RJ), de perfil mais alinhado com a oposi��o. Em seu relat�rio, Zveiter afirmou que a acusa��o da Procuradoria n�o era "fantasiosa", como defende Temer, e deveria ser investigada. Agora, o peemedebista optou por um relator mais palat�vel ao Pal�cio do Planalto. "Nada melhor que algu�m do PSDB, que vai convencer seus pares de que � importante votar contra a den�ncia porque ela � in�cua", disse o vice-l�der do governo, Beto Mansur (PRB-SP).