
A procuradora-geral da Rep�blica, Raquel Dodge, considerou que o ex-ministro Geddel Vieira Lima "parece" ter assumido a posi��o de l�der de uma organiza��o criminosa. Para ela, a pris�o preventiva do ex-ministro � "imprescind�vel" para a continuidade das investiga��es.
Geddel foi preso em julho por tentativa de obstru��o de justi�a, mas colocado em pris�o domiciliar dias depois. No �ltimo dia 8 de setembro, o ex-ministro foi novamente preso preventivamente ap�s a Pol�cia Federal encontrar o equivalente a R$ 51 milh�es atribu�dos a ele em um apartamento em Salvador (BA), na opera��o Tesouro Perdido.
Para Raquel Dodge, Geddel "fez muito em pouco tempo". "A sua defesa n�o tem raz�o quando afirma que a apreens�o destes quase R$ 52 milh�es n�o � causa suficiente para um novo decreto de pris�o. N�o h� registro hist�rico no Brasil de apreens�o maior de dinheiro e, ao que tudo indica, dinheiro p�blico desviado e ocultado ilicitamente", escreveu Raquel. Segundo ela, o "valor monumental" indica a gravidade do crime.
"A elevada influ�ncia desta organiza��o criminosa evidencia-se, aos olhos da na��o, em seu poder financeiro: ocultou cinquenta e dois milh�es de reais em um apartamento de terceiro, sem qualquer aparato de seguran�a, em malas que facilitaram seu transporte dissimulado. Este dinheiro seria apenas uma fra��o de um todo, ainda maior e de paradeiro ainda desconhecido."
Nas palavras da procuradora-geral, est� sendo investigada uma "poderosa organiza��o criminosa que teria se infiltrado nos altos escal�es da Administra��o P�blica, e que seria integrada, segundo ind�cios j� coligidos, por um ex-ministro de Estado e o ex-presidente da C�mara dos Deputados". A investiga��o que levou ao dinheiro escondido no apartamento em Salvador apura desvios na Caixa Econ�mica Federal, com suposta participa��o de Geddel e do ex-presidente da C�mara, Eduardo Cunha.
A manifesta��o foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) ap�s as defesas de Geddel e do advogado Gustavo Ferraz, suposto aliado do peemedebista, entrarem com pedido de liberdade. Fachin manteve Geddel preso, mas substituiu a preventiva de Ferraz por pris�o domiciliar e pagamento de fian�a.
A manuten��o da pris�o de Geddel gera apreens�o no Planalto, que teme que o ex-ministro admita a dela��o premiada como estrat�gia de defesa e implique a c�pula do PMDB. Geddel foi ministro do presidente Michel Temer e considerado um aliado no Planalto.
A procuradora-geral da Rep�blica apontou que o Minist�rio P�blico Federal e a Pol�cia Federal chegaram ao apartamento a partir da afirma��o do delator L�cio Funaro de que entregou mais de R$ 11 milh�es em esp�cie a Geddel, "que seriam dinheiro p�blico". "Logo, a soma do dinheiro apreendido � muito superior �s entregas de Funaro", escreveu Raquel, que defendeu em manifesta��o que as investiga��es sobre o ex-ministro precisam prosseguir.
Para a PGR, em pris�o domiciliar Geddel poderia "manter contatos, receber visitas, dar ordens e orienta��es que podem frustrar os objetivos das medidas cautelares nesta investiga��o".
Decis�o
Fachin tamb�m determinou, em sua decis�o, a pris�o domiciliar para Job Ribeiro Brand�o, secret�rio parlamentar do deputado L�cio Vieira Lima (PMDB-BA), irm�o de Geddel. Brand�o tamb�m ficar� afastado da fun��o na C�mara e dever� usar tornozeleira eletr�nica.
(Luiz Vassallo e Julia Affonso)
