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Estado de Minas

''Interven��o militar � um retrocesso'', diz comandante da Aeron�utica

Comandante da Aeron�utica diz que a interven��o militar seria uma volta ao passado, sem qualquer chance de ocorrer


postado em 23/10/2017 09:00 / atualizado em 23/10/2017 09:15

"O pa�s vai encontrar o pr�prio caminho, sem retrocessos" (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Comandante da Aeron�utica, o tenente-brigadeiro do ar, Nivaldo Luiz Rossato, 66 anos, recha�a os coment�rios de oficiais do Ex�rcito que vieram � tona no m�s passado sobre interven��o militar, e diz que a autoridade “suprema” � do presidente da Rep�blica. “O pa�s vai encontrar o pr�prio caminho, sem retrocessos”, disse ele, na �ltima quinta-feira, em entrevista ao Correio. Rossato afirmou que oficiais da ativa n�o podem se pronunciar sobre pol�tica. “Os caras da reserva come�am a ficar valente. Eu digo para pegarem uma barraquinha e irem para a Esplanada protestar. Eles podem, mas os da ativa, n�o.”

"Se n�o temos or�amento para que todos voem, cortamos. Hoje temos cerca de 30% de redu��o no n�mero de pilotos em voo" (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Rossato afirma que os cortes or�ament�rios nos recursos da Uni�o afetaram as opera��es a�reas, manuten��o dos avi�es e at� causaram redu��o na frota destinada a proteger 22 milh�es de quil�metros quadrados que est�o sob responsabilidade do Brasil. A restri��o financeira provoca at� mesmo a redu��o do n�mero de pilotos em atua��o. Dos 1.300 pilotos que integram a For�a A�rea atualmente, 300 n�o est�o mais realizando atividades de voo por falta de dinheiro. Isso provocou uma queda de 30% nas decolagens dos avi�es da For�a. Outro grande problema � o sucateamento da frota de aeronaves. Nesta entrevista ele d� um panorama sobre como est� o bra�o a�reo das For�as Armadas.

Recentemente, um oficial do Ex�rcito se posicionou politicamente, falando em interven��o. Como o senhor avalia essa quest�o?
Existia uma heran�a, de nosso passado, de que as For�as Armadas seriam tutoras da na��o, e assim foi por muito tempo. Mas elas n�o s�o mais, e isso o pr�prio ministro diz, o pr�prio comandante do Ex�rcito diz. Temos problemas pol�ticos econ�micos no Brasil? Temos e ningu�m pode esconder isso. A gente entende que o poder civil, ou seja, o Legislativo e o Judici�rio t�m consci�ncia de sua responsabilidade. S�o respons�veis por um pa�s com mais de 200 milh�es de habitantes. N�o temos mais um �rg�o que controla a Na��o. Eu entendo que o Congresso sabe de sua responsabilidade e os senhores e senhoras que est�o l� sabem disso. Eles est�o se acertando diante dessa nova estrutura pol�tica pela qual o pa�s est� passando. Temos que acreditar que o Brasil vai encontrar o seu caminho, sem retrocessos, sem que exista essa necessidade de que volte ao passado, ou coisa assim. A interven��o militar � um retrocesso, sem qualquer chance de ocorrer, pois a Constitui��o estabelece de forma clara a miss�o das For�as Armadas. Temos a miss�o de garantir a lei e a ordem, sob a autoridade suprema do presidente da Rep�blica.

Se aquele epis�dio tivesse acontecido com um oficial da Aeron�utica, existiria uma consequ�ncia?

O que est� previsto � isso. Quando vejo oficiais da reserva da Aeron�utica — normalmente o cara da reserva come�a a ficar valente —, eu digo assim: “Pegue sua barraquinha, bote na Esplanada, e v� l� protestar, como cidad�o”. Agora, oficiais da ativa n�o podem fazer isso.

Um candidato como o Bolsonaro que defende essa for�a, a volta do militarismo, ele constrange o senhor?

O deputado Bolsonaro saiu h� uns 30 anos das For�as Armadas e tem uma maneira de se expressar mais agressiva e uma receptividade da popula��o muito grande. Eu n�o sei, n�o constrange nada, n�o. Eu n�o me constranjo com ele nem com qualquer outro candidato. Eles s�o candidatos, vamos ver o que a popula��o vai fazer, como vai votar. Como qualquer outro candidato, ele pode ir em solenidades nossas, ele vai com frequ�ncia � academia, � escola de especialistas, participa. Nunca foi fazer discurso l� dentro, nem nada, como muitos outros deputados v�o. Os pontos de vista dele s�o mais diferenciados dos outros, ele tem uma postura firme dos conceitos que ele tem, vamos ver quem vota nele, quem s�o os candidatos que vamos ter, a estrutura em volta de cada um deles.

Como o senhor lida com as restri��es or�ament�rias?

O poder a�reo se tornou muito caro e � um servi�o indispens�vel, principalmente em um pa�s como o nosso, que precisa proteger essa imensid�o de territ�rio. Tivemos uma redu��o razo�vel no n�mero de avi�es. O que acontece � que pod�amos estar voando o dobro do que voamos hoje, pois temos avi�es para isso. O corte nos afetou muito, tiramos os pilotos dos voos. A hora de voo � muito cara e pode chegar a R$ 10 mil. Se n�o temos or�amento para que todos voem, cortamos. Hoje temos cerca de 30% de redu��o no n�mero de pilotos em voo. Reduzimos o n�mero de tripulantes nas aeronaves. Temos mais de 1.300 pilotos. Mas, voando, temos apenas 1000. Reduzimos tamb�m, por exemplo, o suporte na regi�o da Amaz�nia. Essa medida pesa para o Ex�rcito, Marinha, Meio Ambiente, todos esses �rg�os, que s�o apoiados pela FAB. O transporte de doentes e �rg�os tamb�m � caro. Digamos que hoje temos 600 avi�es. Se a gente n�o quiser manter todos eles, vamos canibalizando, ou seja, trocando pe�as entre eles, para manter a frota. E � isso que est� ocorrendo hoje.

Sobre os projetos dos ca�as Gripen e dos cargueiros KC 130, como est�o?  Perdemos mercado?

Temos engenheiros na Su�cia e temos um plano de comprar esses 36 Gripens. Na verdade n�o s�o s� 36, porque nosso F5, que � a nossa aeronave principal de defesa a�rea, tem 44 anos. N�s temos 50 modelos desse. Daqui a 10 anos, esse avi�o vai ter 54 anos, � muito dif�cil um avi�o de combate desses. Ent�o, o Gripen n�o vai ser s� 36. Temos de ampliar isso a�.

Quando o Brasil vai receber de fato esses avi�es?

Em 2019 ele deve estar fazendo os voos de testes l�. Em 2021, o primeiro vai pousar em An�polis.

E o KC 130, a demora do projeto n�o nos faz perder mercado?

Temos dois prot�tipos voando, e receberemos o primeiro avi�o em julho do ano que vem. O segundo chega logo em seguida, em dezembro do pr�ximo ano. A expectativa de mercado � de que ter�amos, nos pr�ximos anos, 300 avi�es desse modelo. O potencial dele � vender de US$ 1,5 milh�o a US$ 2 bilh�es de d�lares por ano, ent�o s�o projetos estrat�gicos.

Como a FAB est� se preparando para chegar aos 100 anos, em 2041?
Fizemos um plano de moderniza��o da estrutura organizacional da For�a A�rea para a gente crescer. Estamos melhorando a estrutura administrativa e a estrutura operacional. N�s queremos hoje oficiais e graduados com melhor qualifica��o. Estamos aumentando a exig�ncia dos nossos cursos, incentivando que fa�am cursos de mestrado, doutorado, curso de especializa��o.

Existe algum projeto de expandir o lan�amento de sat�lites ou para a �rea espacial?
O plano de defesa prev� que a For�a A�rea deve cuidar da parte espacial do Brasil. Criamos o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAI). Estamos trabalhando em rela��o � Base Espacial de Alc�ntara, com a amplia��o e acordos de salvaguarda (aluguel do espa�o).

Existe ent�o um plano para lan�amento de um foguete do Brasil, n�o apenas ceder Alc�ntara para outros pa�ses?
Nossa base est� pronta para fazermos os nossos sat�lites, os nossos foguetes e lan�ar.

Mas a regi�o n�o est� sendo disputada por quilombolas?
Alc�ntara no in�cio tinha quase 68.000 mil hectares. Houve a nomea��o dos quilombolas e foram exclu�dos 8.500 hectares. Precisamos hoje de mais 12 mil hectares. A gente amplia a base mais para cima. Temos de retirar essas 300 fam�lias que moram l� e coloc�-las ao lado, no mesmo meio em que vivem, mas ao lado. Fora daquele lugar, elas n�o podem viver ao lado de um foguete. Mas � claro que temos de dialogar com eles, falar diretamente com eles.

Acha que tem interesse estrangeiro?

Tem. N�o podemos garantir, mas quando tem tanta gente envolvida, fica dif�cil de acreditar que n�o existam outros interesses por tr�s. Mas temos de olhar � para o quilombola. Ver quais s�o os problemas deles, ver o que precisam e qual � o suporte que temos de dar para tir�-los dessa regi�o e colocar no outro lado, como j� foi feito antes.


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