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Estado de Minas

The Economist diz que Bolsonaro � um 'menino travesso', e n�o um 'messias'

A revista o descreve como um nacionalista religioso, ex-capit�o do Ex�rcito, anti-homossexual, favor�vel �s armas e apologista de ditadores


postado em 09/11/2017 22:01 / atualizado em 09/11/2017 23:46

(foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
(foto: Marcelo Camargo / Ag�ncia Brasil)

O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), potencial candidato a presidente nas elei��es de 2018, ganhou as p�ginas da revista brit�nica The Economist que chega �s bancas e aos assinantes neste fim de semana. Para a publica��o, no entanto, ele n�o � um "Messias", como sugere o segundo sobrenome dele, mas, sim, um "menino muito travesso". "Pode um demagogo como Jair Bolsonaro se tornar o pr�ximo presidente?", questiona o seman�rio, que traz uma foto do parlamentar com um grande sorriso.

A �rea de chegadas do Aeroporto Internacional de Bel�m (PA) foi escolhida pela reportagem para dar o clima de emo��o de centenas de apoiadores, que aguardavam Bolsonaro monitorados por policiais. Alguns carregavam bandeiras com o slogan j� escolhido para a campanha: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".

Outros usavam camisetas do filme "O Poderoso Chef�o", com o rosto dele no lugar do de Marlon Brando. "Quando o candidato, finalmente, emerge pelas portas deslizantes, a multid�o avan�a, esfor�ando-se para v�-lo. Enquanto os guarda-costas o escoram, a multid�o persegue Bolsonaro como se ele fosse um her�i de volta � casa", ilustra.

A visita a Bel�m � um ato precoce na campanha de Bolsonaro para conquistar as elei��es presidenciais em outubro de 2018, de acordo com a The Economist. Assim a revista o descreve: um nacionalista religioso, ex-capit�o do Ex�rcito, anti-homossexual, favor�vel �s armas e apologista de ditadores que torturaram e mataram brasileiros entre 1964 e 1985.

Bolsonaro, cita a revista, ataca a elite pol�tica exposta na Opera��o Lava Jato, e a mensagem ressoa. Se as elei��es fossem realizadas hoje, um oitavo dos brasileiros votaria no deputado do PSC do Rio, segundo o Ibope. Com isso, ficaria em segundo lugar, atr�s apenas do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que tem o apoio de um ter�o do eleitorado.

Bolsonaro e Lula se enfrentariam num segundo turno. O apelo do deputado do PSC, no entanto, pode desaparecer � medida que a economia se recupera de uma recess�o e os eleitores prestam mais aten��o �s elei��es. "Mas seu posto de segundo lugar diz muito sobre o clima turbulento entre os brasileiros", avalia o ve�culo brit�nico. Uma escolha entre Bolsonaro e o ex-presidente, que foi condenado por um tribunal de primeira inst�ncia por corrup��o, "seria realmente sombria". Lula recorre.

Trump brasileiro

Bolsonaro espera ser um Donald Trump brasileiro. Sua ret�rica � ainda mais indecorosa, de acordo com a revista. Em 2016, ele dedicou o voto de impeachment contra a ent�o presidente Dilma Rousseff ao "torturador-chefe" da ditadura, Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Em 2014, disse a uma congressista que n�o a estupraria: "Voc� n�o merece". Para o seman�rio, Bolsonaro, cujo nome do meio � Messias, fala pouco sobre o que faria como presidente, al�m de restaurar o direito e a ordem. Recentemente, admitiu em uma entrevista ter um "entendimento superficial" de economia.

O potencial candidato possui algumas opini�es convencionais, como a de realizar uma reforma gradual da cara Previd�ncia Social brasileira. Outras, s�o menos convencionais, como liberar leis de controle de armas e restringir o investimento chin�s no Brasil. A The Economist conta que a opini�o p�blica se tornou mais militante e que a influ�ncia do conservadorismo tem mostrado crescimento.

Em setembro, exemplifica, o Banco Santander encerrou abruptamente uma exposi��o de arte em Porto Alegre, no sul do Pa�s, que inclu�a uma pintura que mostrava que algu�m fazendo sexo com um animal. "Ativistas disseram que a institui��o promoveu blasf�mia e bestialidade."

Cerca de mil pessoas se juntaram a uma "marcha crist� para o Brasil" em 16 de outubro, em S�o Paulo. Alguns empunhavam bandeiras que exigiam que os militares assumissem o Pa�s. Bolsonaro, que foi batizado no rio Jord�o no ano passado, atrair� o apoio dos evang�licos. Eles constituem o quinto da popula��o, de acordo com o recenseamento realizado em 2010 - tr�s d�cadas antes, eram um em cada 15.

A raiva com a economia, o crime e a corrup��o aumentar�o o apoio a Bolsonaro, prev� a publica��o. Apesar de uma recente recupera��o do crescimento econ�mico, a taxa de desemprego ainda est� alta, em 12,4%, e a pobreza est� aumentando. A taxa de homic�dio est� subindo. Michel Temer, o atual presidente, sobrevive no cargo apenas porque o Congresso rejeitou duas vezes os recursos dos promotores para julgamento por corrup��o. Sua aprova��o � de 3%. Apenas 13% dos brasileiros pensam que a democracia funciona bem; um ter�o queria outro golpe. Quase 60% deseja um presidente de fora de um dos tr�s maiores partidos.

Pre�o pago

Bolsonaro tem uma carreira de 26 anos no Congresso e � agora membro do Partido Social Crist�o, que tem apenas 11 dos 513 assentos na C�mara dos Deputados. Ele paga um pre�o: o dinheiro p�blico para campanhas e hor�rios na televis�o e no r�dio � distribu�do de acordo com a participa��o dos partidos no Congresso.

"Mas o dinheiro tornou-se menos importante, uma vez que as reformas recentes limitaram as despesas de campanha e proibiram as doa��es corporativas", comenta a reportagem. O potencial candidato se orgulha de gastar apenas R$ 1 milh�o em sua campanha (em 2014, Dilma gastou 300 vezes mais).

Ele est� apostando nas m�dias sociais: tem 4,8 milh�es de seguidores no Facebook, mais do que qualquer outro pol�tico brasileiro, e publica v�rios v�deos por dia, muitos dos quais s�o vistos por mais de 1 milh�o de pessoas. Sua campanha est� bem organizada, na avalia��o da The Economist. Em Bel�m, ele contratou mulheres para lidar com qualquer manifestante feminina que pudesse aparecer; enviar homens para enfrent�-las poderia produzir uma cobertura de imprensa negativa.

"Bolsonaro � o �nico candidato honesto que temos", explica B�rbara Lima, uma volunt�ria de 27 anos. "N�o h� provas de que ele � racista ou homof�bico." Os mais antigos lembram a ditadura militar com carinho. "Minha inf�ncia foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Eu tinha liberdade, seguran�a e sa�de", lembra Tom Meneses. "Ent�o, os socialistas chegaram ao poder". Apesar da f�ria e nostalgia, as probabilidades v�o contra Bolsonaro se tornar presidente. Um ter�o dos brasileiros se nega a votar nele no primeiro turno.

� medida que a economia melhora, menos podem apostar em uma presid�ncia radical, considera a revista. O sistema eleitoral de duas rodadas torna dif�cil para os extremistas ganharem; em uma segunda volta, a maioria moderada se desvia para o concorrente mais convencional.

"O �nico candidato com taxas de rejei��o mais altas que Bolsonaro � Lula, mas ele pode n�o ser capaz de concorrer se um tribunal superior sustentar sua condena��o", explicou a publica��o. Sua desqualifica��o tornaria as coisas ainda mais dif�ceis para o radical do Rio. Mesmo assim, a forte exibi��o precoce de Bolsonaro � um sinal de alerta, destaca a The Economist. "Os candidatos de centro devem provar que est�o mais bem preparados do que os extremistas para reparar o dano que os pol�ticos fizeram."

(C�lia Froufe, correspondente)


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