O presidente Michel Temer chegou a anunciar o deputado Carlos Marun (PMDB-RS) como novo ministro da Secretaria de Governo, encarregado das articula��es pol�ticas no Congresso, no lugar do deputado Ant�nio Imbassahy (PSDB-BA), mas teve que recuar diante da grande rea��o negativa, a come�ar do presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que n�o quer passar de cavalo a burro. � o que aconteceria com a substitui��o do tucano pelo l�der da tropa de choque do ex-deputado Eduardo Cunha, ex-presidente da Casa, que hoje est� preso em Curitiba.
O presidente Michel Temer teve em Marun um esteio na luta contra a aceita��o pela C�mara das duas den�ncias do ex-procurador-geral da Rep�blica Rodrigo Janot. Sua nomea��o para o cargo n�o deixa de ser um reconhecimento pelos servi�os prestados, mas faltou combinar com Rodrigo Maia, que comanda a Casa com amplo apoio, inclusive de partidos da oposi��o. Marun na Secretaria de Governo seria um candidato natural � reelei��o, mas isso atrapalha o futuro de Maia, j� que numa nova legislatura poderia pleitear novamente o comando da C�mara.
Diante do impasse, Temer recuou. O xadrez da reforma ministerial n�o se restringe � aprova��o da reforma da Previd�ncia, vital para o governo obter resultados econ�micos mais ambiciosos em 2018. Envolve tamb�m as ambi��es eleitorais de Maia e do presidente do Senado, Eun�cio de Oliveira (PMDB-CE), outro que pode querer se manter no cargo. E de atores que se movimentam tendo em vista as elei��es presidenciais, entre os quais o pr�prio Temer. O centro do tabuleiro ser� dominado por quem conseguir uma maioria s�lida na C�mara, isso passa pelo realinhamento de for�as partid�rias na Casa, previsto para a janela de troca de partidos de abril.
Maia n�o quer o PMDB ocupando o espa�o que era do PSDB no Pal�cio do Planalto. Quer que seu partido ocupe essa posi��o, uma vez que o desembarque tucano praticamente transforma a legenda no aliado principal de Temer. H� uma outra vari�vel a ser considerada tamb�m: a situa��o no Rio de Janeiro. A c�pula do PMDB fluminense est� toda na cadeia, o que equaliza as rela��es entre seus caciques, que continuam controlando o governo do estado – Luiz Fernando Pez�o � um aliado leal aos seus companheiros que est�o detr�s das grades – e a Assembleia Legislativa.
O ex-prefeito carioca C�sar Maia, pai de Rodrigo, � candidato a governador, mas o ex-prefeito Eduardo Paes j� est� se preparando para deixar o PMDB e concorrer por outra legenda. Sonha com a volta ao ninho tucano. N�o interessa ao presidente da C�mara um aliado de Cunha no Pal�cio do Planalto, operando com a bancada do PMDB fluminense.
Cristovam versus Huck
O namoro do presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), com o apresentador Luciano Huck, estressa as rela��es na c�pula da legenda. A se��o paulista do partido, liderada pelo secret�rio de Agricultura de S�o Paulo, deputado federal licenciado Arnaldo Jardim, est� firme com a candidatura do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e n�o abre. O l�der da bancada na C�mara, Arnaldo Jordy (PA) e o deputado Rubens Bueno (PR), seu antecessor, apoiam a pr�-candidatura do l�der do PPS no Senado, Cristovam Buarque (DF), que Freire ignora solenemente.
Pela primeira vez em minoria na Executiva do partido que dirige h� 26 anos, Freire usa a m�dia e o pr�prio carisma para tentar empolgar as bases do PPS e reverter a posi��o da maioria da bancada. A tese do grupo de Freire � filiar Huck, formar um novo n�cleo dirigente com os l�deres do Agora e mudar o nome do partido. Ontem, em Porto Alegre, em pr�-campanha, Cristovam ironizou a situa��o: “Meu partido, o PPS, deve pensar o amanh�, e n�o o agora. O agora j� passou!”.