S�o Paulo e Salvador, 06 - Marluce Quadros Vieira Lima sempre prezou pela discri��o. Apesar de uma vida inteira cercada de pol�ticos - � vi�va do ex-deputado Afr�sio e m�e do ex-ministro Geddel e do deputado L�cio - n�o era vista em reuni�es partid�rias e raramente ia a festas da sociedade baiana. Quem tem acesso ao c�rculo mais restrito da fam�lia diz, no entanto, que esse comportamento � apenas da porta para fora. Dentro de casa, Marluce agia como uma verdadeira matriarca, tomando para si a voz de comando nas decis�es pol�ticas e a��es da fam�lia.
Na den�ncia que apresentou nesta ter�a-feira, 5, a procuradora-geral da Rep�blica, Raquel Dodge, atribui a ela "papel proeminente na associa��o criminosa" no caso dos R$ 51 milh�es encontrados em um apartamento em Salvador - cuja origem at� hoje n�o foi esclarecida pelo ex-ministro Geddel e o deputado L�cio Vieira Lima. Segundo o Minist�rio P�blico, Marluce usou sua casa, que fica no mesmo edif�cio onde vivem tamb�m seus filhos, em Salvador, para armazenar grande quantidade de dinheiro em esp�cie. Antes de serem encontradas em outro apartamento pela Pol�cia Federal, em setembro, as malas e caixas com as notas estavam em seu closet.
Uma das testemunhas do caso, o empres�rio Luiz Fernando Costa Filho, afirmou � PF que recebeu cerca de R$ 11,5 milh�es entre 2011 e 2016 repassados por Geddel e L�cio como participa��o dos peemedebistas em neg�cios imobili�rios em Salvador. De acordo com o empres�rio, os valores eram retirados em dinheiro em esp�cie no apartamento de Marluce. Al�m de possuir fazendas no interior da Bahia, a fam�lia Vieira Lima investe no setor imobili�rio. Marluce aparece como s�cia de duas empresas do ramo, a M&A Empreendimentos e Participa��es Ltda. e a Vespasiano Empreendimentos e Participa��es Ltda., al�m do posto de gasolina Alameda da Praia Combust�veis Pecas e Serv Ltda.
Outro depoente, Job Ribeiro, disse que foi acionado mais de uma vez para contar grandes quantidades de dinheiro no escrit�rio da casa de Marluce. Assessor h� d�cadas dos Vieira Lima, Job disse que devolvia a maior parte de seu sal�rio para a fam�lia. Desde janeiro de 2016, no entanto, Marluce passou a receber uma pens�o de R$ 26 mil da Caixa de Previd�ncia Parlamentar em fun��o da morte de seu marido, o ex-deputado por tr�s mandatos, Afr�sio Vieira Lima. Al�m dela, Geddel recebe R$ 20 mil desde os 51 anos de idade, como aposentadoria em raz�o de seus cinco mandatos de deputado federal.
Caso Baneb
Esta n�o � a primeira vez que Marluce aparece em not�cias de den�ncias contra seu filho. Em 1983, quando tinha 25 anos, Geddel exercia seu primeiro cargo p�blico, como diretor da corretora de valores do Banco Estadual da Bahia (Baneb). Uma auditoria interna constatou na �poca um desvio de R$ 2,7 milh�es (em valores atualizados), fruto de um esquema que teria beneficiado Geddel, seu irm�o, o hoje deputado L�cio, seu pai, Afr�sio, e a m�e, Marluce. Geddel foi demitido, mas a investiga��o n�o foi adiante.
A discri��o que Marluce sempre prezou, no entanto, s� foi quebrada aos 79 anos, quando seu nome aparece sob os holofotes de uma den�ncia oferecida pela PGR, por lavagem de dinheiro e organiza��o criminosa. Se a pris�o de Geddel, em setembro, acendeu o alerta em Bras�lia pela possibilidade de ele fazer dela��o premiada comprometendo o presidente Michel Temer, a investida do MPF contra a m�e do ex-ministro deve aumentar ainda mais a apreens�o no Planalto. Quem acompanha os Vieira Lima de perto h� anos descreve que as principais caracter�sticas do cl� s�o a uni�o entre os membros e a "verdadeira devo��o" de Geddel e L�cio pelos pais. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Valmar Hupsel Filho e Cleusa Duarte, especial para AE)