
Mentor das ideias que reverteram o quadro de recess�o do ano passado, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles n�o descarta uma candidatura ao Pal�cio do Planalto nas elei��es de 2018. O presidente Michel Temer tamb�m n�o.
Est�o os dois na pista e, embora n�o tenham acertado todos os ponteiros de seus movimentos, est� praticamente certo nos bastidores que, quem estiver melhor, seja o pr�prio Temer ou Meirelles, ser� o candidato para defender o legado da administra��o de Temer.
Ou seja, o governo ter� candidato. Nessa quinta-feira (21), ambos se encontraram no Itamaraty, no almo�o oferecido pelo presidente a chefes de Estado presentes ao encontro do Mercosul.
As atitudes de cada um indicam que est�o agindo de acordo com o ensinamento de Ulysses Guimar�es, repetido por Temer durante almo�o no Correio na �ltima ter�a-feira: “Eu n�o postulo. Me posiciono”, afirmou. Meirelles est� nessa mesma batida.
Nessa quinta-feira (21), na sede do PSD, com o nome e o n�mero do partido servindo de cen�rio da entrevista, o ministro afirmou que a decis�o sobre a candidatura ser� tomada at� o in�cio de abril do ano que vem, e depender� de uma s�rie de fatores — como a disposi��o pessoal, a vontade do PSD e as coliga��es partid�rias. No entanto, Meirelles desconsidera de pronto se candidatar ao posto de vice-presidente da Rep�blica, o que pode gerar murm�rios nos bastidores e a ideia de que, com o ministro, � tudo ou nada.
“(A candidatura) n�o est� condicionada a um fator espec�fico. Evidentemente que tudo influencia, mas vamos aguardar a evolu��o dos acontecimentos. Eu n�o estou pensando no momento o que vou dizer ou n�o. Estou focado no Minist�rio, e vou pensar nisso, de fato, apenas no fim de mar�o”, alegou o ministro. Quando questionado sobre uma poss�vel sa�da do partido, Meirelles afirmou que n�o se v� saindo da sigla, j� que ambos est�o em “total sintonia”.
Visibilidade
O ministro estrelou como figura principal do v�deo de propaganda partid�ria da sigla, que foi ao ar pela primeira vez ontem. A participa��o ajuda na divulga��o da imagem do pol�tico em lugares onde � menos conhecido, como as regi�es Norte e Nordeste e, com isso, aumentar a popularidade. Meirelles afirmou que � “normal” que existam diferen�as regionais. “S�o normais e leg�timas. Existem diferen�as importantes e que t�m que ser levadas em conta”, comentou.
Embora n�o cite o presidente no programa do partido, o ministro defendeu explicitamente o governo Temer. “Ele est� tendo coragem de fazer as reformas e encaminhando todos esses projetos. Estamos trabalhando juntos para obter todos esses resultados cada vez mais evidentes no pa�s e na economia brasileira”, completou. Quando indagado se o presidente seria um bom cabo eleitoral, mesmo com baixa aprova��o, Meirelles afirmou que sim. “Talvez n�o hoje, mas certamente ser� no ano que vem, porque, com a recupera��o da economia, n�o h� d�vida de que os �ndices de aprova��o do governo v�o mudar muito”, disse.
Sobre a reforma da Previd�ncia, Meirelles afirmou que o adiamento do assunto para fevereiro n�o comprometeu a aprova��o. “Quanto mais distante do processo eleitoral, melhor. Mas � dif�cil dizer que, se passar alguns dias, n�o vota mais. N�o � t�o preto e branco.” Quanto ao fato da incerteza sobre o PSD fechar quest�o na reforma da Previd�ncia, o ministro afirmou que ainda est� “prematuro” falar sobre uma poss�vel sa�da dele da sigla por esse motivo. “N�o h� d�vidas de que ser� um tempo bom para se discutir esse assunto e fazer um trabalho de esclarecimento aos parlamentares”, disse.
Para o cientista pol�tico Jos� Matias-Pereira, professor da Universidade de Bras�lia (UnB), n�o h� d�vidas quanto � participa��o do ministro na corrida presidencial de 2018. “A verdade � que ele sonha e passa o tempo todo fazendo isso, com a possibilidade de ser candidato e vir a se tornar presidente da Rep�blica”, afirmou.
De acordo com o Matias-Pereira, o setor financeiro e as elei��es t�m proximidade de longa data. “A economia e a pol�tica sempre caminham juntas, e o ministro � uma pessoa que aposta que � poss�vel recolocar a economia no lugar. Se isso acontecer, com as reformas implementadas e sinais de uma retomada, � claro que ser� apoiado pelo atual governo e passar� a ter peso nessa disputa”, completa.
J� para o professor de hist�ria da UnB Ant�nio Barbosa, a economia teria de sofrer um avan�o muito radical, digno de ser comparado ao Plano Real, para que a candidatura de Meirelles seja vi�vel. “Se n�o acontecer algo espetacular na economia, n�o vejo chance alguma de o ministro se viabilizar. Isso n�o � prov�vel daqui at� a elei��o”, explicou.
Ele tampouco v� chances na candidatura de Temer. “Eu, pessoalmente, n�o acredito que ele seja candidato. Mas o governo fatalmente ter� que ter um nome. Essa � uma obriga��o. Mas, para que o presidente seja candidato, ter� de contar com Meirelles operando grandes transforma��es na economia”, completou.
Os especialistas reconhecem a capacidade t�cnica da equipe econ�mica liderada por Meirelles. “Pegaram o pa�s destro�ado e colocaram ordem na casa”, comentou Barbosa. “Apesar disso, candidatar-se � presid�ncia pelo PSD sem uma forte coliga��o � suic�dio pol�tico. Meirelles n�o teria tempo de propaganda suficiente, algo indispens�vel, j� que ele n�o � carism�tico ou conhecido”, afirmou Barbosa.
*Estagi�ria sob a supervis�o De Paulo Silva Pinto