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Estado de Minas

''O Brasil tem que sair do discurso f�cil'', diz Rodrigo Maia

Principal nome do DEM defende transpar�ncia na discuss�o sobre tamanho do Estado


postado em 15/01/2018 06:00 / atualizado em 15/01/2018 07:40

Rodrigo Maia não arrisca um placar para a votação da reforma da Previdência(foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados )
Rodrigo Maia n�o arrisca um placar para a vota��o da reforma da Previd�ncia (foto: Luis Macedo/C�mara dos Deputados )

Rio de Janeiro – H� tr�s anos, quando disputou sua �ltima elei��o para deputado federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ) quase n�o se elegeu. O epis�dio parece ter levado o pol�tico carioca a uma esp�cie de reinven��o. De l� para c�, Maia se tornou presidente da C�mara dos Deputados, o segundo homem mais poderoso do pa�s, e potencial candidato � sucess�o do presidente Michel Temer. N�o � toa, tem na ponta da l�ngua toda a agenda econ�mica que aflige empres�rios e investidores: parece saber o tamanho de cada problema e o tipo de solu��o necess�ria. Seu diagn�stico � m�sica para quem acredita que o Brasil sufoca o setor produtivo cobrando impostos de mais e oferecendo servi�os de menos, e para o cidad�o que sofre com o Estado omisso e ausente na presta��o de sa�de, educa��o e seguran�a de qualidade.

Magalh�es Pinto, o pol�tico mineiro, cunhou a ideia de que “a pol�tica � como nuvem: voc� olha e est� de um jeito, olha de novo e j� mudou”. No momento em que a cena pol�tica brasileira muda o tempo todo, Rodrigo Maia � uma nuvem que tem que ser acompanhada. Por um lado, Maia n�o hesita em vestir a camisa de um Poder Legislativo com credibilidade nas m�nimas hist�ricas: terminou a semana passada eximindo o Congresso de qualquer responsabilidade pelo rebaixamento da nota de cr�dito do Brasil, o que � no m�nimo question�vel. De outro, todo o seu discurso e linguagem corporal sugerem um homem buscando um protagonismo numa travessia que ningu�m sabe – ainda – onde vai dar.

 

Que probabilidade o senhor atribui � aprova��o da reforma da Previd�ncia, ainda mais depois do rebaixamento pela S&P?
O rebaixamento n�o aumenta nem diminui a possibilidade de votar a reforma. O que aumenta ou diminui s�o as rea��es de parte do governo ao resultado. A pior coisa do mundo � quando voc� quer transferir a sua responsabilidade para os outros. O Parlamento aprovou tudo que foi demandado pelo governo e pela sociedade. Votou mat�rias pol�micas, fez mudan�as fundamentais, como a reforma trabalhista. Temos uma crise fiscal estrutural que precisa ser resolvida, e resolvida de forma harmoniosa, n�o transferindo de um lado para o outro as responsabilidades. O governo tem uma base parlamentar majorit�ria no Congresso e � ele que vai liderar esse processo. E para liderar esse processo n�o pode ser na base da chicotada.

Como assim?
Vivemos numa democracia. N�o tem quem mande e quem obede�a: tem quem seja convencido da import�ncia da mat�ria. Apesar da pol�mica, de muita informa��o errada, � no convencimento que voc� leva o deputado a votar. Mas precisa convencer. � um ano eleitoral. Tem partes importantes da sociedade – principalmente, no caso da Previd�ncia, os servidores – com um discurso tomado por mentiras que precisam ser combatidas. As corpora��es passam informa��es que n�o s�o verdadeiras e precisam ser enfrentadas diariamente por aqueles que defendem a reforma da Previd�ncia.

No fim de semana passado, numa entrevista ao Canal Livre, o senhor estava bem otimista de que haveria os votos. Sua leitura de l� para c� mudou?
N�o. Apenas tivemos um percal�o, n�o com a decis�o da ag�ncia, que j� era, do meu ponto de vista, morte anunciada, mas a rea��o a ela. Isso obrigou o presidente a entrar em cena e reorganizar a comunica��o do governo, porque ia gerar um estresse forte. Estou trabalhando. Ontem, conversei com o PR (Partido da Rep�blica), que est� trabalhando. Hoje ele tem poucos votos (a favor da reforma) mas quer chegar a mais de 3/5 de seus parlamentares.  Depois, estive com o governador (Raimundo) Colombo, de Santa Catarina, para discutir uma forma de atrair os governadores para esse debate, porque eles s�o mais beneficiados pela reforma que o pr�prio governo federal. � um caminho longo, n�o � uma vota��o f�cil. Quem falar que vota f�cil n�o est� falando a verdade.

Que probabilidade o senhor atribui hoje � aprova��o?
N�o tenho como dizer. Ficar falando em n�meros � f�cil, mas n�o h� uma previs�o. As pessoas est�o no recesso, quando voltar voc� vai sentir o clima. A publicidade do governo continua, voc� n�o sabe se o clima volta pior ou melhor. � preciso esperar o final do m�s para ter uma opini�o mais clara. N�o gosto de ficar apresentando n�meros, porque isso mais atrapalha do que ajuda.

Que outras reformas o senhor considera urgentes?
Tem uma agenda econ�mica importante. Voc� tem o licenciamento ambiental que � importante, o cadastro positivo, o distrato, a regulamenta��o das ag�ncias reguladoras, a nova lei de fal�ncias... S�o agendas que t�m outro tipo de impacto na economia. E voc� tem a necessidade, depois da Previd�ncia, de abrir um debate sobre as despesas obrigat�rias do governo. Temos a� um rol de despesas que n�o s�o fiscaliza, n�o se cobra um uso melhor desse recurso. Voc� tem a� mais de R$ 280 bilh�es de incentivos por ano muito mal aplicados, muitos sem gest�o.

O senhor tem dito que o DEM vai ter candidato. O PSDB quer ter candidato, o PMDB est� acostumado a apoiar quem quer que seja. Qual a chance de as tr�s legendas sa�rem juntas no primeiro turno?
Acho que depende muito da possibilidade de um candidato sinalizar para os outros partidos que ele consolidou uma posi��o. Hoje, por que se fala em tantos nomes? Porque n�o tem nenhum nome que voc� olhe e fale: ‘Esse aqui vai consolidar a maior chance de ida ao segundo turno’. Como isso n�o acontece ainda, especulam-se muitos nomes. Mas acho que est� muito cedo ainda. Tem a reforma da Previd�ncia, tem o prazo de mudan�a de filia��o partid�ria em mar�o. At� l�, vai haver muita especula��o, mas pouco avan�o.

Tanto Lula quanto Bolsonaro t�m muito ‘name recall’. Todo mundo fala nesses dois, mas qual a relev�ncia das m�quinas partid�rias, o fato de que nenhum deles tem m�quinas t�o estruturadas quanto os maiores partidos?
Acho que tem um peso grande. Tempo de televis�o e fundo partid�rio t�m um peso grande, ainda mais numa elei��o como essa, que vai ser a primeira geral que n�o vai ter financiamento privado. Acho que o impacto do financiamento p�blico para quem tem a melhor estrutura e o impacto da televis�o numa elei��o de 45 dias v�o ser relevantes para aquele que consiga organizar o melhor palanque.

Existe um anseio enorme por renova��o na pol�tica. O senhor acha que o Congresso vai ter uma taxa de renova��o alta este ano?
O Congresso tem uma taxa de renova��o alta h� muitos anos. A renova��o na C�mara varia entre 40% e 45%. As pessoas n�o sentem isso porque talvez esteja se renovando com o mesmo perfil de parlamentar – segmentos do agroneg�cio, religiosos, seguran�a, que cresceram muito nas �ltimas elei��es. A C�mara tem uma renova��o alta, o que eu n�o acho bom. Um Parlamento com mais estabilidade, com parlamentares com mais experi�ncia, e uma taxa de renova��o entre 10% e 20% seria um Parlamento que funcionaria melhor durante quatro anos. Quando voc� renova sempre quase metade do Parlamento, at� que os que est�o entrando tenham a experi�ncia necess�ria, voc� perde a� pelo menos o primeiro ano do Legislativo.

Como se faz, ent�o, para melhorar o Congresso?
O nosso grande desafio n�o � quanto renovar, mas como renovar. Acho que, com essa crise, voc� est� tendo movimentos importantes na sociedade de pessoas que estavam fora da pol�tica. Esses movimentos t�m uma participa��o maior de profissionais liberais, de jovens. Talvez a renova��o deste ano – que eu acho vai ficar muito parecida com a elei��o passada – possa ser uma em que as pessoas sintam a mudan�a, porque vai atrair nestes 40% uma parte significativa de pessoas, de segmentos da sociedade que n�o disputam uma elei��o desde a elei��o de 1986 para a Constituinte de 1988.

� medida que o senhor se prepara para uma poss�vel candidatura pelo DEM, � de se imaginar que tem feito um diagn�stico sobre a necessidade de reformas. Com quem o senhor tem se aconselhado?
Tem muita gente com quem converso. N�o gosto de falar nomes porque fica parecendo que estou montando equipe para discutir pr�-campanha, e como meu di�logo vem de muitos anos – e ficou mais pr�ximo com alguns quadros, principalmente da �rea econ�mica, depois que eu virei presidente –, se eu come�ar a falar fica parecendo que j� convidei e a pessoa pode n�o ter interesse. Mas, de fato, tem um grupo de pessoas de v�rias �reas que me assessora, n�o porque se est� pensando numa candidatura do DEM, mas pelo meu papel de presidente da C�mara. Quantas vezes tr�s ou quatro economistas foram a Bras�lia para me ajudar a convencer os deputados na PEC do Teto, e agora na PEC da Previd�ncia, espontaneamente. Nenhum pediu para ser remunerado pela palestra, pela participa��o. � uma coisa muito bacana essa participa��o de quadros da academia que t�m colaborado de forma volunt�ria com as reformas.

Est� na hora de aparecer um estadista para lidar com a crise estrutural do Estado?
Acho que est� na hora de o Brasil sair do discurso f�cil, da ret�rica. Est� na hora de a gente simplificar o Estado, simplificar o discurso e falar a verdade para o eleitor. Ningu�m vai conseguir organizar o financiamento da seguran�a p�blica, uma demanda nacional hoje, se o Estado n�o parar de consumir todas as receitas. A cada ano que passa, a nossa receita livre � menor. Se a gente n�o discutir que Estado n�s queremos, que sistema tribut�rio...

O Brasil tem jeito?
O Brasil est� precisando de simplicidade: falas simples, transparentes, diretas e objetivas com a sociedade. � preciso ter coragem de dizer: ‘Gastamos R$ 284 bilh�es com incentivos. Ser� que estamos gastando de forma s�ria? Ser� que aqueles que t�m recebido os incentivos do governo federal est�o gerando empregos e investimento?’´ N�o parece. Ficam nichos do setor privado e do setor p�blico se beneficiando do governo – tudo dentro da lei, n�o estou tirando a legitimidade –, mas o Or�amento p�blico inchou de tal forma nas tr�s esferas que a gente precisa ter um discurso simples, olhar no olho do cidad�o e dizer ‘est� na hora de reformar isso aqui’. V�o dizer que o governo n�o tem cora��o. N�o � isso. S�o R$ 280 bilh�es por ano que podiam estar universalizando o saneamento, resolvendo a quest�o penitenci�ria do lado do custeio, podia estar melhorando a gest�o da sa�de, mas que v�o embora. Isso n�o est� certo.


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