O esfor�o do governo do presidente Michel Temer (MDB) para votar a reforma da Previd�ncia em fevereiro pode esbarrar na contradi��o entre os pr�prios aliados. Foi o que ocorreu em uma reuni�o nessa quinta-feira (18) na Federa��o das Ind�strias de Minas Gerais (Fiemg), sobre o tema, que exp�s as diferen�as entre o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB-RS), e o presidente em exerc�cio da C�mara dos Deputados, F�bio Ramalho (MDB-MG). Enquanto o primeiro disse que a popula��o est� perdendo a “timidez” e passando a apoiar as mudan�as propostas, o segundo disse exatamente o contr�rio.
Em entrevista na sequ�ncia, F�bio Ramalho afirmou que andou por pelo menos 60 munic�pios do fim do ano para c� e que todas as pessoas pedem para n�o votar o texto. “� porque, �s vezes, as pessoas ficam nos pal�cios em Bras�lia. E Bras�lia � uma ilha da fantasia, pensam diferente. Voc� tem que ir ao ch�o, aos mercados, �s ruas, aos parques, bares para sentir o que cada cidad�o pensa. A reforma � necess�ria, mas tem que ser mais discutida com a sociedade”, disse.
Marum afirmou que continuar� fazendo o trabalho de convencimento da necessidade de vota��o da reforma e ir�, inclusive, no domingo, a um culto religioso para falar do tema a 60 mil pessoas. Segundo ele, a partir de fevereiro o foco ser�o os parlamentares. O ministro disse que o governo ainda n�o est� fazendo conta para ver quantos votos favor�veis � reforma tem, mas garantiu que, em 19 de fevereiro, eles ter�o n�mero suficiente.
Marun disse que o governo s� trabalha com o plano de aprova��o, mesmo com o cen�rio de elei��es este ano. “O Parlamento brasileiro tem tido uma atitude determinada e corajosa, mesmo em momentos em que se estabelece o paradigma de que preju�zos eleitorais podem advir”, disse. O ministro n�o descartou que o governo libere mais emendas aos parlamentares antes da vota��o da reforma no Congresso, mas negou que essa seja uma estrat�gia para comprar votos.
O discurso, por�m, n�o vale para F�bio Ramalho, que disse que vota contra o texto atual. O parlamentar disse que, se for fazer as mudan�as na Previd�ncia, o governo deve tamb�m fazer outras reformas, como a tribut�ria. “O texto atual � muito t�mido, vamos fazer uma pequena reforma agora para quem entrar no pr�ximo governo ter de votar outra”, disse. Ramalho defendeu a mudan�a na cobran�a de juros no Brasil e disse que o pa�s � dos banqueiros. “Os bancos faturam milh�es e n�o entram na reforma”, criticou.
ELEI��ES Marun disse que o grupo do presidente Michel Temer vai oferecer aos brasileiros uma candidatura de “lucidez” para contrapor o ex-presidente Lula e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). Segundo o ministro, o nome come�ar� a ser decidido depois da aprova��o da reforma da Previd�ncia. “Vamos oferecer ao pa�s um projeto de lucidez que se coloque entre as duas candidaturas que hoje est�o postas: o Lula por um lado e o Bolsonaro por outro”, afirmou o ministro.
Como alternativas para representar o governo Temer, ele cogitou o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e at� o governador de S�o Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), mesmo n�o sendo da base. “Esse projeto de reformas e moderniza��o do Estado brasileiro vai ter uma candidatura e temos uma grande convic��o de que esse candidato � quem vai ganhar as elei��es”, disse.
Marun voltou a defender a manuten��o do nome da deputada federal Cristiane Brasil (PTB/RJ) para ministra do Trabalho como uma quest�o de governabilidade. Segundo ele, seria mais f�cil trocar a indica��o, mas o Pal�cio do Planalto vai at� o fim para tentar garantir a posse da filha do deputado federal Roberto Jefferson. Segundo ele, um pa�s em que “qualquer juiz de primeira inst�ncia pode reformar uma decis�o de um presidente da Rep�blica n�o � govern�vel”.
O ministro se refere � decis�o do juiz da 4ª Vara Federal de Niter�i, Leonardo da Costa Couceiro, que, na semana passada, suspendeu a posse da ministra, que j� havia sido nomeada no Di�rio Oficial da Uni�o. Marun afirmou que a escolha para os cargos � “compet�ncia exclusiva” do presidente da Rep�blica.