Porto Alegre e S�o Paulo - Enquanto todas as aten��es est�o voltadas para o julgamento do dia 24, no Tribunal Regional Federal da 4ª Regi�o (TRF-4), que pode tornar o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva ineleg�vel, a equipe do petista tenta dar ares de normalidade � pr�-campanha de Lula � Presid�ncia.
O respons�vel pela elabora��o da minuta � o ex-prefeito de S�o Paulo Fernando Haddad, coordenador-geral do programa de governo de Lula. Ainda nesta sexta ele deve entregar a vers�o inicial da carta aos ex-ministros Paulo Bernardo e Aloizio Mercadante, que comp�em o grupo mais pr�ximo do ex-presidente na corrida pelo terceiro mandato no Pal�cio do Planalto.
Paulo Bernardo e Mercadante devem fazer ajustes no texto, cujo conte�do � fruto de meses de discuss�es entre economistas e acad�micos que se re�nem semanalmente na sede do Instituto Lula, na capital paulista. Antes de ganhar a reda��o final, no entanto, a carta ainda passar� pelo crivo do pr�prio ex-presidente.
A ideia do PT � apresentar o texto no anivers�rio do partido. Com isso, a sigla espera tamb�m passar uma imagem de normalidade, mesmo que a pena de 9 anos e 6 meses imposta a Lula pelo juiz S�rgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, seja mantida pelo TRF-4, o que tornaria Lula ineleg�vel. Lula foi condenado na Opera��o Lava Jato em julho do ano passado, na a��o penal relativa ao caso do triplex do Guaruj� (SP).
Prazos
A estrat�gia do partido � tentar minimizar os efeitos do julgamento do recurso de Lula em Porto Alegre e argumentar que a disputa jur�dica pela elegibilidade do petista s� come�a para valer no dia 15 de agosto, quando se encerra o prazo para o registro de candidaturas, e se dar� no �mbito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ao contr�rio da Carta ao Povo Brasileiro de 2002, feita para acalmar o mercado financeiro receoso diante da possibilidade da primeira elei��o de Lula, o texto de 2018 ser� voltado para a classe m�dia, especialmente para o eleitorado que j� votou no PT, mas agora culpa a gest�o da presidente cassada Dilma Rousseff pela crise econ�mica e associa o partido aos esc�ndalos de corrup��o revelados pela Opera��o Lava Jato.
O conte�do da carta � mantido em sigilo absoluto, mas, segundo petistas graduados, um dos eixos � desassociar Lula do desastre econ�mico ocorrido durante o governo Dilma.
O petista tamb�m quer mostrar que, embora o contexto pol�tico e econ�mico seja muito diferente de 2002, a responsabilidade com a condu��o econ�mica � um princ�pio pessoal. Para isso, Lula vai listar fatos de seus dois governos, como os seguidos super�vits fiscais al�m da meta, trajet�ria de queda da d�vida p�blica, obten��o do chamado "grau de investimento", recordes de valoriza��o de a��es na Bolsa e aumento das reservas cambiais.
Mercado
De acordo com assessores pr�ximos do petista, como o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, depois de oito anos de mandato na Presid�ncia com bons resultados na economia e demonstra��es de rigor fiscal, segundo eles, Lula e o PT n�o precisam mais provar ao mercado financeiro seu compromisso com a responsabilidade econ�mica.
Em conversas com colaboradores, o ex-presidente tem se referido � ideia do documento como "uma Carta ao Povo Brasileiro, s� que para o povo brasileiro mesmo".
Belluzzo
Em entrevista, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, falou sobre a rela��o entre o mercado financeiro as elei��es:
A opini�o do mercado financeiro � relevante para definir a elei��o?
O mercado existe, tem que considerar a exist�ncia dele, mas n�o se pode desenhar as pol�ticas a partir das suas premissas. O candidato n�o deve ficar se jogando de joelhos diante do mercado financeiro.
Seria importante Lula elaborar uma carta para o mercado caso venha a ser candidato?
Acredito que ele far� uma carta para o povo, explicando que deseja o desenvolvimento do Brasil. N�o estou ajudando na elabora��o da carta. Se me pedirem ajuda, darei palpite. � melhor que os candidatos digam o que pensam.
Qual a expectativa do senhor para o julgamento do ex-presidente?
Eu acho que n�o vai ter nenhuma decis�o definitiva. Eles v�o, prudentemente, encaminhar isso de outra maneira, para n�o aumentar a confus�o.