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Estado de Minas POL�TICA

'Com ou Sem Lula, a esquerda ter� de se repensar', declara Fernando Haddad

O ex-prefeito afirma que o PT n�o trabalha com a hip�tese de Lula ficar ineleg�vel por consider�-lo inocente


postado em 21/01/2018 08:36 / atualizado em 21/01/2018 10:46

Para Haddad, seja quem for o eleito, no dia seguinte à posse todos os segmentos políticos, até mesmo a esquerda, vão ter de iniciar um processo de rearranjo (foto: Marcelo Camargo/ABR )
Para Haddad, seja quem for o eleito, no dia seguinte � posse todos os segmentos pol�ticos, at� mesmo a esquerda, v�o ter de iniciar um processo de rearranjo (foto: Marcelo Camargo/ABR )

O ex-prefeito de S�o Paulo Fernando Haddad, coordenador-geral do programa de governo do PT para a elei��o e um dos nomes cotados para substituir o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, n�o gosta nem de falar da possibilidade da candidatura do petista ser barrada pela Justi�a. Independentemente do futuro de Lula, Haddad diz acreditar que a esquerda precisa se repensar.

Em entrevista ao Estado, o ex-prefeito afirma que o PT n�o trabalha com a hip�tese de Lula ficar ineleg�vel por consider�-lo inocente. Mas disse que os advers�rios do petista t�m chances reais de bater Lula nas urnas. Para ele, seja quem for o eleito, no dia seguinte � posse todos os segmentos pol�ticos, at� mesmo a esquerda, v�o ter de iniciar um processo de rearranjo.

O discurso de partidariza��o do Judici�rio n�o � uma tentativa do PT de tapar o sol com a peneira e desviar de um assunto que ainda n�o enfrentou: os casos de corrup��o nas gest�es petistas?

Todos os partidos, cada um a seu tempo e a seu modo, v�o ter de enfrentar isso. O PSDB tamb�m vai ter de responder. � um problema, repito, do sistema pol�tico. A elei��o � um momento nobre para fazer este balan�o porque ali o candidato tem o seu tempo de TV assegurado para levar �s �ltimas consequ�ncias seu racioc�nio.

N�o � uma vis�o ut�pica, ing�nua, achar que durante o processo eleitoral, quando o interesse maior � o voto, algu�m queira dizer a verdade? Em 2014, por exemplo, a campanha do PT falou a verdade?

Reputo a campanha de 2014 uma das piores, se n�o a pior do per�odo democr�tico. Ali estavam os ingredientes todos da crise que foi retroalimentada pelas for�as pol�ticas sem exce��o e que culminou com uma crise econ�mica potencializada que nos colocou nessa situa��o da qual precisamos sair. A campanha de 2014 foi muito ruim. O p�s-elei��o n�o melhorou, talvez tenha at� piorado a situa��o, e o comportamento das for�as pol�ticas em geral foi o pior poss�vel.

Qual o impacto que o julgamento vai ter no processo eleitoral?

Temos de ter a expectativa de que o Lula possa efetivamente ser absolvido em raz�o da fragilidade da senten�a. Ela n�o se sustenta. Vou um pouco al�m dos juristas que t�m se manifestado a favor do Lula e dizem que n�o h� prova no processo. Na minha opini�o, n�o h� nem crime.

O fato de Lula e Marisa terem conversado com a OAS sobre as reformas n�o � um ind�cio?

S� seria crime se ele tivesse recebido o apartamento sem pagar a diferen�a entre o que ele tinha declarado no Imposto de Renda e o valor do triplex reformado. Ent�o n�o h� nem o que apurar.

Quais s�o as consequ�ncias de uma eventual pris�o de Lula?

Vai frustrar uma parcela significativa da popula��o que considera leg�timo o direito de Lula disputar a Presid�ncia. E eu entendo que os advers�rios do PT t�m uma chance de ganhar a elei��o legitimamente. Uma chance real. N�o � porque perderam quatro elei��es que n�o podem ganhar a pr�xima. � a tentativa de ganhar por W.O.

Qual o futuro do PT sem Lula?

O lulismo vai sobreviver ao Lula pela for�a da sua lideran�a. S�o 40 anos de Lula. Essa marca ele deixou.

H� quem diga que a candidatura de Lula sirva apenas para atrasar a reconstru��o da esquerda.

Acredito que, qualquer que seja o resultado eleitoral, em 2019 come�a um novo jogo. As medidas eleitorais que j� foram tomadas v�o come�ar a surtir efeitos. Os partidos v�o ter de se mexer. N�o faz sentido ter cinco partidos de esquerda, 15 de centro, 12 de direita. N�o tem razoabilidade. As for�as pol�ticas v�o ser obrigadas a se mexer, a esquerda tamb�m vai ter de se repensar. Com Lula ou sem.

A revoga��o de medidas do governo Temer vai estar no programa de governo?

Existem aspectos de mudan�as legislativas que foram feitas e v�o exigir revis�o. N�o para voltar � situa��o anterior, mas para pensar outro tipo de relacionamento entre capital e trabalho.

Falta debate na esquerda sobre alternativas al�m da CLT?

Isso n�o falo de agora. � �bvio que a esquerda tem de ter compromisso com o trabalho assalariado formal, que � uma conquista da classe trabalhadora. Mas � evidente que o trabalho assalariado formal n�o emancipa, ele � ainda trabalho subordinado. Se souber aproveitar a modernidade a favor de formas emancipat�rias, pode encontrar formas inovadoras que podem representar mais do que o trabalho assalariado.

A favor do trabalhador?

Do nosso ponto de vista, sempre. � curioso notar que o trabalho assalariado formal acaba sendo fetichizado como se fosse o �ltimo est�gio de desenvolvimento das for�as produtivas. E sabemos que n�o �. A esquerda libert�ria tem de buscar formas de superar o trabalho assalariado.

Se Lula for eleito deve fazer uma reforma na Previd�ncia?

Falar a favor ou contra a reforma da Previd�ncia n�o � a melhor maneira de lidar com o assunto. A melhor maneira � perguntar qual � a sua proposta para a reforma, � luz do envelhecimento da popula��o e de uma s�rie de fen�menos al�m da nossa vontade, dar sustentabilidade ao regime? A pergunta � sobre quem v�o recair os reajustes? Este tem de ser um debate permanente porque a sociedade muda permanentemente.

Existe di�logo da equipe de programa de governo com o mercado, com os empres�rios?

Eu, pessoalmente, estou dialogando. Participei de um encontro do JP Morgan em S�o Paulo, de um encontro do Movimento Brasil Competitivo do (Jorge) Gerdau, fui a Nova York me reunir com fundos de investimento no Brasil porque � uma forma de me apropriar daquilo que est� sendo discutido nestes ambientes. Acho que h� interesse m�tuo de discutir o Pa�s. Lula nunca fechou as portas para quem quisesse buscar interlocu��o.


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