
Bras�lia - Conhecido por orientar banqueiros e empres�rios sobre os rumos do Brasil, o cientista pol�tico Murillo de Arag�o, fundador da Arko Advice, diz, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, acreditar que a melhora recente da economia deve enfraquecer as "candidaturas de ruptura", como ele classifica as investidas eleitorais do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
Segundo Arag�o, o centro dever� ter um candidato forte. Hoje, o governador de S�o Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), s�o apontados como nomes desse campo. "O ambiente econ�mico teria que estar muito ruim para se apostar num candidato de ruptura. � medida que a economia melhora, a tend�ncia � se buscar um candidato capaz de manter essa situa��o."
As candidaturas de centro t�m mostrado dificuldade para despontar nas pesquisas. Por qu�?
O eleitorado de centro est� acompanhando o andamento da disputa e n�o se posicionou. � cedo para tomar posi��o. O Lula se beneficia do recall que tem. Bolsonaro foi quem mais aproveitou o desejo de renova��o que existe. � cedo para dizer que o centro est� desidratado ou que n�o empolga. A hora que ficar mais claro quem � o candidato do centro, � prov�vel que as pesquisas comecem a apresentar outro desempenho.
O centro usa a Previd�ncia e a melhora da economia no discurso. Isso ajuda essa candidatura?
Indiretamente. Aprovada, ela (reforma da Previd�ncia) causa uma melhoria nas expectativas em rela��o ao Brasil. Se a economia melhora, para o eleitorado � mais confort�vel uma solu��o que mantenha o bom ambiente econ�mico. E n�o apostar em candidatos de ruptura. Hoje, Lula, Ciro e Bolsonaro s�o candidatos de ruptura. O ambiente econ�mico teria que estar muito ruim para apostar num candidato de ruptura. � medida que a economia melhora, a tend�ncia � se buscar um candidato capaz de manter a melhora. O centro ter� um candidato forte. Provavelmente � o Alckmin, porque estaria mais bem posicionado, mas � cedo para dizer. As decis�es s� v�o acontecer a partir de abril, quando vamos saber se Meirelles ser� candidato. Se Lula realmente n�o ser� candidato. At� l� pode aparecer um candidato surpresa, um Joaquim Barbosa, um Luciano Huck. � medida que prevalecer um ambiente de maior racionalidade, n�o sei se (Bolsonaro) ter� f�lego. E tamb�m n�o acho que Lula tenha f�lego.
Bolsonaro come�a a oscilar negativamente nas pesquisas.
O Bolsonaro � produto da conjuga��o da crise de seguran�a p�blica, ataque ao governo Temer, Lava Jato, antipol�tico, antiestablishment. Ele sintetizou o cara que era contra tudo de ruim. Isso n�o � suficiente para sustentar uma campanha. A situa��o tinha que estar muito confusa, muito degradada, para ele conseguir romper o teto de votos que tem hoje.
Meirelles tem se colocado como respons�vel pela retomada de economia...
O Meirelles tenta estabelecer uma narrativa em que a melhoria do ambiente econ�mico decorre da condu��o segura da economia nas m�os dele. Mas at� agora n�o houve uma percep��o de que ele seja o pai da economia e a economia n�o melhorou o suficiente para gerar uma sensa��o parecida com aquela do Fernando Henrique (no Plano Real).
O pr�-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, tem demonstrado dificuldade de crescer e ainda h� expectativa sobre eventual candidatura de Luciano Huck...
Acho muito dif�cil que o PSDB substitua Alckmin por algu�m que n�o seja do PSDB. Todo mundo deseja que Alckmin decole e, at� agora, ele n�o decolou. O fen�meno Huck depende mais dele mesmo do que do PSDB. Se o Huck decidir ser candidato, parte das for�as pol�ticas vai migrar do Alckmin para o Huck, mas o PSDB n�o abandonaria o governador.
Como v� os 'outsiders'?
Existe um desejo grande da sociedade de renova��o, mas isso � o in�cio, n�o o fim. Se fala de Joaquim Barbosa, � um nome que representa renova��o, mas o que ele vai falar? �s vezes, o candidato perde pelo que ele fala. Ainda mais candidatos como Barbosa, Ciro e Bolsonaro que s�o muito fortes nas suas posturas, isso pode causar dano numa campanha que tende a ser muito patrulhada. N�o basta ser um candidato novo, tem que ter discurso que agregue.