
Genebra - A partir desta ter�a-feira, 10, a presidente afastada Dilma Rousseff come�a um p�riplo pela Europa e Estados Unidos, com o objetivo de costurar apoio de partidos e movimentos sociais diante da pris�o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT). Mas tamb�m vai se deparar com governos europeus que, mesmo liderados por socialistas, vem optando por manter um tom de pragmatismo com o Brasil, um de seus principais mercados exportadores.
Nesta ter�a-feira, em Madri, Dilma fez uma palestra com o t�tulo "Brasil: uma democracia amea�ada". Ela ocorre na Casa das Am�ricas e � organizada pela C�tedra de Estudos Iberoamericanos da Universidade Carlos III.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou com membros de alian�as de partidos socialistas europeus que a viagem servir�, acima de tudo, para refor�ar a imagem no exterior de que a pris�o de Lula foi uma "arbitrariedade" e que press�o internacional deve ser aplicada sobre o Brasil.
Depois de Madri, Barcelona
Antes de seguir para os EUA, ela ainda far� na quinta-feira, 12, outra palestra em Barcelona, tamb�m sobre o mesmo assunto.
Pelo continente europeu, as rea��es oficiais de partidos e pol�ticos tem variado entre a condena��o da pris�o e tentativas de evitar a inger�ncia interna nos assuntos brasileiros.
O Podemos, na Espanha, pediu oficialmente que, diante da pris�o de Lula, as negocia��es entre o Mercosul e a Uni�o Europeia para formar um acordo de livre com�rcio sejam suspensas. "Exigimos uma vez mais que a Uni�o Europeia paralise todas as negocia��es com o Mercosul ou com o Brasil, que n�o cumpre com m�nimos padr�es democr�ticos, como demonstram os fatos recentes", disse o eurodeputado Xavier Benito, vice-presidente da Delega��o UE-Mercosul dentro do Parlamento Europeu. "Condenamos energicamente a decis�o (sobre Lula) por seu car�ter pol�tico e o ataque que ela sup�e para a democracia brasileira", disse.
Ao Estado, por�m, membros da Comiss�o Europeia indicaram que n�o pretendem mudar o ritmo das negocia��es por conta dos acontecimentos no Brasil.
Em pa�ses onde socialistas est�o no poder, a rea��o tem sido a do pragmatismo. O ministro de Rela��es Exteriores de Portugal, Augusto Santos Silva, se limitou a dizer que seu governo socialista tem confian�a de que a democracia brasileira � "suficientemente madura para que estes processos de natureza judicial que est�o em curso n�o tenham nenhuma consequ�ncia nem direta nem indireta sobre as quest�es pol�ticas".
Um dos principais aliados do presidente portugu�s, Marcelo Rebelo de Sousa, o citou para explicar que, "tal como n�o gostam que noutros pa�ses se opine sobre o nosso, tamb�m n�o opinamos sobre os deles".
J� o ex-primeiro-ministro Jos� S�crates, acusado de corrup��o, denunciou as "viola��es � presun��o de inoc�ncia no Brasil". "O que assistimos foi um ato de viol�ncia pol�tica contra o ex-presidente", afirmou.
Uma posi��o mais dura, por�m, tomou o Partido Comunista Portugu�s. Para o grupo, "est� em marcha um vergonhoso processo pol�tico que, ao mesmo tempo que d� cobertura ao corrupto, antipopular e repressivo Governo de Michel Temer, procura a todo o custo impedir a candidatura de Lula da Silva �s elei��es presidenciais de 2018".
Al�m disso, vozes individuais dos partidos de esquerda t�m criticado a pris�o de Lula. Alfredo Barroso, aliado do ex-presidente M�rio Soares, acusou a direita no Brasil de ter "incendiado" o Pa�s.
Na It�lia, os ex-primeiros-ministros Massimo D'Alema e Romano Prodi assinaram uma carta em que saem em defesa do ex-presidente brasileiro e denunciam sua pris�o.
J� Matteo Salvini, l�der do partido de extrema-direita que negocia a forma��o de uma coaliz�o para governar a It�lia, saiu em apoio � decis�o de prender Lula. "A Justi�a brasileira deu um forte sinal de liberdade e mudan�a", disse Salvini.
No fim de semana, o Partido Socialista franc�s prestou uma homenagem a Lula durante seu congresso anual e pediu que os delegados mostrassem solidariedade com o ex-secret�rio-geral da Presid�ncia do governo Lula Luis Dulci, que esteve no evento em Paris. "Lula nos ajudou no passado e agora � a vez de mostrarmos solidariedade com eles", disse um porta-voz do PS.
J� o l�der da esquerda radical na Fran�a, Jean-Luc M�lenchon, alertou que o Brasil vive um "golpe de Estado judici�rio". O representante do partido Fran�a Insubmissa declarou que "Lula n�o � corrupto". "Esse foi um meio que a oligarquia e os EUA encontraram para impedir que ele fosse candidato e que ganhasse, de novo, uma elei��o", disse.
No Reino Unido, seis deputados publicaram uma carta no jornal "The Guardian" denunciando a situa��o no Brasil. "Lula tem sido alvo de uma persegui��o pol�tica", diz o texto, assinado por Chris Williamson, Dennis Skinner, Clive Lewis, Mike Hill, Jean Corston e David Lea. Eles pediram que Lula seja autorizado a ser candidato.
