
Os passageiros do voo 4156 da Azul de Porto Alegre para Curitiba j� estavam acomodados quando uma das aeromo�as disse a um passageiro da segunda fileira que iria colocar a bagagem dele em outro local no fundo do corredor da aeronave.
"Vamos ter que colocar aqui a mala do juiz", explicou. Foi nesse momento que S�rio Moro entrou no avi�o e se acomodou no assento da janela na primeira fileira. Ele n�o circulou pelo setor de embarque antes.
A reportagem que estava na poltrona do corredor ao lado de Moro, tentou ent�o uma abordagem, quem sabe uma entrevista exclusiva, mas o juiz disse que precisava trabalhar.
O lugar ao seu lado ficou vago, apesar do voo estar quase lotado. Ao perceber quem era o "juiz", o passageiro assentiu com cabe�a e afirmou, dirigindo-se a Moro: "O sr fez muito pelo Brasil".
No dia anterior ele havia feito duas palestras na capital ga�cha para mais de 2.000 pessoas e com transmiss�o ao vivo pela internet. Seu rosto estava na capa de todos os jornais locais e nacionais dos passageiros a bordo.
No F�rum da Liberdade ele elogiou a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, por ser discreta e n�o falar com a imprensa.
No trajeto de pouco mais de 50 minutos at� Curitiba e poucas horas antes do interrogar Marcelo Odebrecht, Moro se dividiu entre a leitura de inqu�rito e do livro "Exellent Cadavers".
A obra de Alexander Stille aborda a luta do magistrado italiano Giovanni Falcone contra a m�fia at� seu assassinato, em 1992. "Estou lendo pela segunda vez", disse Moro ao ser questionado pelo rep�rter sobre o que estava achando da obra.
Depois de tomar uma Coca-Cola e comer um salgado e uma saco de balas de goma em forma de avi�o, o juiz deixou o livro de lado. Foi a deixa para uma segunda tentativa: o que achou da s�rie "O Mecanismo"?
"Abusaram da liberdade criativa na s�rie, mas eu de fato ia de bicicleta de vez em quando". Ao ser questionado se achou o ator parecido com ele, apenas sorriu, encabulado, e balan�ou a cabe�a negativamente. Ap�s a aterrissagem, Moro tentou cruzar o corredor da aeronave em busca da mala do sr que cedeu espa�o.
Ao perceber que seria imposs�vel, pediu ao comiss�rio que fizesse isso para sua mochila. Foi ent�o que outro passageiro se aproximou: "O Brasil inteiro est� orando pelo sr". Moro sorriu, agradeceu e saiu da aeronave antes dos demais passageiros.
Foi recebido no corredor de desembarque por dois seguran�as que o seguiram at� a sa�da. No caminho, parou em uma loja e comprou duas revistas, uma delas com o seu rosto na capa. No trajeto at� a caminhonete branca em que embarcou n�o foi abordado nem hostilizado.
Parecia um passageiro como outro qualquer quando entrou no ve�culo e foi seguido por outro carro de sua escolta.
