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Estado de Minas

Documento da CIA vincula M�dici � 'viol�ncia'

A ag�ncia norte-americana mostra que o governo dos EUA acreditava que o presidente brasileiro Em�lio Garrastazu M�dici sabia sa vi


postado em 17/05/2018 10:18 / atualizado em 17/05/2018 11:56

Sobre Médici, o documento dizia ainda que, apesar de sua possível conivência, seu
Sobre M�dici, o documento dizia ainda que, apesar de sua poss�vel coniv�ncia, seu "instintos pr�prios parecem moderados" (foto: Alencar/CB/D.A Press)

S�o Paulo - Memorando de 11 de fevereiro de 1971, escrito pelo assessor do Conselho Seguran�a Nacional dos Estados Unidos Arnold Nachmanoff, mostra que o governo americano acreditava que o presidente brasileiro Em�lio Garrastazu M�dici "devia ter consci�ncia da extens�o da viol�ncia usada pelas for�as de seguran�a brasileiras". "E, talvez, dado consentimento t�cito em vez de enfrentar os elementos da linha dura nas For�as Armadas."

Sobre M�dici, o documento dizia ainda que, apesar de sua poss�vel coniv�ncia, seu "instintos pr�prios parecem moderados". "Ele (M�dici) teve um papel pessoal em desarmar a pol�mica sobre a tortura no �ltimo ano. Contudo, o reaparecimento da publicidade em torno da tortura pode danificar sua imagem seriamente", escreveu Nachmanoff.

O documento do Conselho de Seguran�a Nacional faz parte dos pap�is que a Ag�ncia Central de Intelig�ncia (CIA) americana tornou p�blicos em 2016 e 2017. Ele foi enviado ao ent�o conselheiro de seguran�a nacional, Henry Kissinger, em raz�o da visita que M�dici faria aos Estados Unidos.

O t�tulo era "Relatos de tortura podem complicar a visita de Medici". Trata-se do segundo documento revelado recentemente pelos americanos a ligar presidentes do ciclo militar (1964-1985) a viola��es dos direitos humanos - na semana passada, outro memorando da CIA fez o mesmo com Ernesto Geisel e Jo�o Figueiredo. M�dici governou o Pa�s de 1969 a 1974.

"Relatos sobre o crescimento do uso de viol�ncia e tortura por oficiais brasileiros em sua campanha contra terroristas e subversivos tornaram-se mais frequentes nas semanas recentes ap�s terem diminu�do no �ltimo ver�o", come�a o papel. Em alguns casos, segue o documento, suspeitos de terrorismo aparentemente foram mortos depois de terem sido submetidos "a torturas extremas para evitar o risco de serem soltos como parte do resgate em um sequestro".

A parte do documento que explicaria essa passagem continua sob sigilo. Fazia pouco menos de um m�s que o embaixador su��o Giovanni Enrico Bucher, sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucion�ria (VPR), havia sido libertado em troca do banimento de 70 prisioneiros. Pouco depois de seu sequestro, o guerrilheiro Eduardo Leite, o Bacuri, foi morto pelos �rg�os de seguran�a. Segundo colegas de c�rcere, sua morte serviu para impedir que Leite fosse solto com os 70.

O documento cita ainda as den�ncias do ent�o cardeal-arcebispo de S�o Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, sobre a tortura de padres e freiras, um incidente que "abriu uma confronta��o entre a Igreja e o governo". "Esse epis�dio deve ter uma larga publicidade tanto l� como aqui."

A preocupa��o de Nachmanoff estava ligada � atua��o do senador democrata Frank Church, que conduzia audi�ncias no Senado sobre o Brasil que poderiam "priorizar a quest�o da tortura". A gest�o do presidente Richard Nixon (republicano) tinha de lidar com um Congresso largamente democrata.

A visita de M�dici era negociada entre o chanceler M�rio Gibson Barbosa e o embaixador americano William Rountree. "Ele (M�dici) at� agora conseguiu evitar que o problema da tortura afetasse sua imagem pessoal." O relat�rio estimava, por�m, que nova publicidade sobre a tortura, principalmente ligada � a��o do Igreja, poderia danificar seriamente sua imagem.

O documento diz que o secret�rio de Estado, William P. Rogers, "expressara sua preocupa��o" ao colega Gibson Barbosa. A mensagem privada mostraria os problemas pr�ticos e potencial de embara�o para os dois presidentes em raz�o do ressurgimento das den�ncias. "A mensagem n�o iria moralizar, mas enfatizar nosso m�tuo interesse de proteger M�dici e a imagem do governo do Brasil."

Banidos


Em 5 de mar�o de 1971, novo relat�rio da CIA dava mais detalhes sobre as den�ncias. Com o t�tulo "Brasil sob Medici", afirmava que as for�as de seguran�a "declararam guerra aos terroristas e est�o empenhadas em extirp�-los". "Isso explica o tratamento cruel a qualquer suspeito de liga��o com o terrorismo (...) A tortura � largamente usada para obter informa��es. Em v�rios casos, espancamentos e torturas t�m provocado mortos sob interrogat�rios."

Mais adiante, ele diz que as for�as de seguran�a "consideram pessoas que tenham sido banidas para outros pa�ses em troca de embaixadores sequestrados como sujeitas � liquida��o em caso de retorno". "Ao menos dois tiveram esse destino." O papel n�o diz a identidade dos mortos.

'Humanista'


Seis p�ginas com a transcri��o da conversa de 22 de outubro de 1974 do secret�rio de Estado Henry Kissinger com seu staff mostram ele e a burocracia do departamento acuados pelo Congresso americano para que a pol�tica externa dos Estados Unidos levasse em considera��o o respeito aos direitos humanos. "O que voc�s querem que eu fa�a? Mostrar que eu sou um humanista?", pergunta Kissinger aos auxiliares.

Um deles responde que o democrata Don Fraser promovia audi�ncias na C�mara e pressionava o governo republicano de Gerald Ford pelas rela��es com Coreia do Sul, Filipinas, Indon�sia e Chile. "Todos aliados", diz Kissinger. Para ele, a press�o enfraquecia a posi��o americana no mundo. "Voc� acha que a posi��o apropriada para o Departamento de Estado � ser um reformat�rio para aliados?", questiona Kissinger.

O Brasil entrou na press�o de Fraser por causa do desaparecimento da professora da USP Ana Rosa Kucinski, de seu marido, Wilson Silva, e do ex-deputado estadual Paulo Stuart Wright. Eles militavam em organiza��es clandestinas - Wright era cidad�o americano. � o que mostra telegrama do Departamento do Estado � embaixada no Brasil.


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