De olho no desgaste pol�tico de tucanos e de petistas junto a segmentos do eleitorado no estado, o deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM) tamb�m aposta na terceira via. E se at� dezembro do ano passado ele era o nome da prefer�ncia do senador Antonio Anastasia (PSDB), agora Rodrigo Pacheco n�o abre m�o de concorrer e, inclusive, enfrentar o tucano nas urnas.
Advogado especialista em direito penal, aos 41 anos, Rodrigo Pacheco � segundo pr�-candidato entrevistado pelo Estado de Minas que vai ouvir os principais concorrentes ao governo. A primeira entrevista foi com o senador Antonio Anastasia (PSDB). Em primeiro mandato, Pacheco, que presidiu a Comiss�o de Constitui��o e Justi�a da C�mara dos Deputados, responsabiliza petistas e tucanos pelo ambiente de hostilidade no pa�s.
E reserva cr�ticas aos governos de Pimentel e aos 12 anos da gest�o tucana de A�cio Neves e de Anastasia. “O incha�o da m�quina p�blica, ou seja a quantidade de apadrinhados pol�ticos, a quantidade de estrutura de estado, que acaba deixando o estado um elefante branco sem efetividade dos servi�os p�blicos. Essa � uma cr�tica que fa�o a ambos governos. Vou fazer diferente do PT e diferente do PSDB. E nenhum dos dois corrigiu o d�ficit p�blico”, afirma.
Quais s�o, em sua avalia��o, os tr�s principais problemas de Minas?
Para alcan�armos o desenvolvimento social, desenvolvimento humano e investir na educa��o, sa�de e seguran�a, trip� que deve ser a prioridade de todo o governo, precisamos trabalhar pelo desenvolvimento econ�mico. � preciso tirar Minas do atraso, atraso sucessivo de d�cadas, para que o estado d� passo � frente e seja for�a motriz do Brasil. Temos condi��o pra isso na ind�stria, no agroneg�cio, nos servi�os, no conhecimento que temos nas muitas faculdades e institutos t�cnicos. Precisamos realmente tornar Minas um celeiro de desenvolvimento econ�mico. Para isso, o principal problema de Minas hoje � a falta de lideran�as de express�o nacional para trazer recursos de investimentos da Uni�o e do setor privado. Um segundo problema, � a falta de planejamento de a��es. � preciso sair do campo de discurso e realizar a��es efetivas para se chegar ao equil�brio fiscal, que � pressuposto do bem-estar de Minas e dos mineiros. Estamos com deficit p�blico m�dio de R$ 7 bilh�es, com proje��o que supera os R$ 10 bilh�es para 2019. Isso precisa ser corrigido, com planejamento, com crescimento econ�mico e arrecada��o respons�vel e com a conten��o de despesas sup�rfluas, n�o dos servi�os p�blicos essenciais.
A tentativa de diversifica��o da economia mineira n�o � nova. Sucessivos governos v�m trabalhando para isso. O que far� diferente?
Ao liderar o processo de protagonismo de Minas Gerais, nosso estado deve ser uma voz determinante para que seja aprovada a Reforma Tribut�ria em n�vel nacional. Em conson�ncia com isso, queremos estabelecer um regime tribut�rio em Minas, que mude o nosso atual status de segundo estado com maior carga tribut�ria no Brasil. Al�m disso vamos dar seguran�a jur�dica para quem quer empreender nas rela��es com o governo. E queremos apresentar um ambiente de desburocratiza��o, especialmente com aplicativos e a tecnologia para facilitar a vida do cidad�o que quer gerar renda e emprego. Queremos atrair principalmente ind�strias limpas, inovadoras, de conhecimento, de tecnologia, microeletr�nico, diagn�sticos de imagem, uma s�rie de segmentos que v�m crescendo no mundo inteiro, sem contudo, abrir m�o de nossa voca��o. A minera��o integra um rol de segmentos de ind�strias que correspondem a 30% do PIB mineiro. Mas a minera��o vive hoje um desprest�gio pol�tico, porque nem na Ag�ncia de Minera��o que foi criada temos um representante. H� in�meros projetos de minera��o que est�o parados ou atrasados na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel. Poder�amos estar gerando bilh�es em receitas, obviamente respeitando o meio ambiente, respeitando as pessoas. Por outro lado, no agroneg�cio, somos carro-chefe no caf�, leite e cana-de-a��car. E criando ambiente prop�cio para quem queria produzir, a partir da integra��o entre a Secretaria de Agricultura e de Meio Ambiente, para facilitar a vida do produtor rural. E algo que � importante, � dar a ele seguran�a p�blica na zona rural, por conta dos constantes crimes praticados, o que acaba por inibir a vontade da pessoa de querer permanecer na zona rural.
O senador Antonio Anastasia (PSDB), pr�-candidato ao governo de Minas, em princ�pio incentivou a sua candidatura. Inclusive o sr. chegou a se desfiliar do MDB e ingressou no DEM porque n�o teve garantia no antigo partido de que seria indicado candidato. Como est� a sua rela��o com Anastasia, agora que ser� seu advers�rio? H� possibilidade de uma composi��o com o PSDB?
De fato, at� h� pouco tempo eu tinha o apoio pessoal dele. Sei que n�o era a maioria do PSDB, mas era a posi��o dele em rela��o � nossa pr�-candidatura. Mas pelas circunst�ncias, ele decidiu tamb�m ser candidato a governador. O que fica � o respeito m�tuo, mas a firmeza da minha pr�-candidatura. Seremos advers�rios.
Por que ele mudou de ideia, ficou m�goa?
N�o ficou m�goa alguma. Vamos fazer disputa sadia, no campo das ideias, e cada um mostrando o projeto que tem para Minas, pois o meu � um projeto de futuro.
Pelo momento, as pesquisas sugerem uma poss�vel polariza��o entre o governador Fernando Pimentel (PT) e o senador Antonio Anastasia (PSDB). Mas como ambos tamb�m sofrem um desgaste pol�tico em Minas, � poss�vel que se abra espa�o para uma candidatura de terceira via. Na tentativa de assumir essa posi��o, h� tamb�m o ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB). Em sua opini�o, haver� espa�o para o crescimento de duas candidaturas fora do eixo PT-PSDB?
Acho que seria muito ruim para Minas uma polariza��o entre PT e PSDB, sem uma alternativa de terceira via. Se mais de um candidato representa essa terceira via, que bom. Vamos ent�o para a disputa, para o campo das ideias. Deixa iniciar a campanha, fazer os debates, as entrevistas, percorrer o estado, e o eleitor ter� op��o entre 4, 5, 6 candidaturas em que votar. Esses arranjos pragm�ticos no campo eleitoral para diminuir o n�mero de candidaturas, para minar outras candidaturas, s�o antidemocr�ticos e desatendem aos interesses de mineiros, que precisam ter op��o na hora do voto.
Que avalia��o faz do governo de Marcio Lacerda � frente da Prefeitura de Belo Horizonte?
Houve pontos positivos e pontos negativos. Agora uma coisa � administrar a prefeitura da capital, da qual normalmente os prefeitos saem muito bem avaliados. Outra coisa � administrar o segundo estado da federa��o, que � um estado endividado, com uma crise enorme, e que precisa ter realmente um planejamento muito eficaz e for�a pol�tica para resolver.
E o sr. dar� conta dessa tarefa?
Tenho absoluta convic��o disso, sen�o n�o seria candidato.
Que avalia��o faz do governo Fernando Pimentel?
Fa�o avalia��o ruim. H� uma sucess�o de erros. Falta de planejamento, falta de lideran�a, falta de comprometimento com quest�es b�sicas do estado, atraso de sal�rios dos servidores, n�o repasse de recursos que pertencem aos munic�pios, confisco de dep�sitos judiciais. Uma sucess�o de malfeitos, que acabam por deixar o governo sem uma marca, sem uma bandeira, sem uma realiza��o para Minas Gerais.
E que avalia��o o sr. faz do governo A�cio-Anastasia no per�odo tucano em Minas?
Estou h� tr�s anos e meio na pol�tica, exatamente o tempo do Pimentel no governo do estado. A avalia��o que fa�o desse per�odo tucano � como cidad�o, n�o como pol�tico. Acho que foram governos melhores do que o atual, em termos de planejamento e de gest�o. Mas foram governos que olharam mais n�meros do que pessoas. Em que o PSDB se parece muito com o PT? O incha�o da m�quina p�blica, ou seja a quantidade de apadrinhados pol�ticos, a quantidade de estrutura de estado, que acaba deixando o estado um elefante branco sem efetividade dos servi�os p�blicos. E nenhum dos dois governo corrigiu o d�ficit p�blico. Essa � uma cr�tica que fa�o a ambos governos. Vou fazer diferente do PT e diferente do PSDB.
Qual � o poss�vel campo de alian�as com que trabalha? J� tem vice para a chapa?
Neste momento temos conversas adiantadas com PP, o Avante, o PTC, o PEN e o PMB, al�m da coes�o do nosso partido, o DEM, em torno da candidatura pr�pria. Mas ultimamente temos mantido rela��o mais pr�xima com o meu antigo partido, o MDB e o Solidariedade do ex-presidente da Assembleia Dinis Pinheiro. Esses partidos podem eventualmente compor sim, a chapa majorit�ria. Mas a indica��o do vice, vagas do Senado vai depender da concretiza��o da coliga��o.
Antes no MDB e agora no DEM, o sr. � base pol�tica do governo Michel Temer na C�mara dos Deputados?
N�o me considero base do Temer. Sempre fui um deputado independente. At� porque fui eleito com o apoio dos 93 mil votos sem ajuda de governo nem ajuda de partido. Sempre votei segundo a minha consci�ncia, o que ela me impunha para o pa�s.
O sr. votou favoravelmente ao processo de impeachment, apontado por acad�micos e diversos setores da sociedade como um golpe tamb�m parlamentar. Qual foi a sua motiva��o para apoiar o afastamento de Dilma?
Foi um processo jur�dico e pol�tico e a minha convic��o foi formada levando em conta entendimento da OAB e a orienta��o do meu partido pol�tico. Eu ainda considero que havia necessidade do impeachment pela falta de condi��es pessoais da presidente Dilma de continuar. Votei como votaria hoje. Mas de fato devo reconhecer, que houve sim certa m� vontade da C�mara para com a presidente Dilma. Houve mesmo. Talvez um outro presidente, com maior capacidade de articula��o, poderia ter evitado…
Da mesma forma como Michel Temer evitou na C�mara dos Deputados as den�ncias apresentadas contra ele pelo Minist�rio P�blico Federal?
S�o situa��es diferentes. Uma era o impeachment, que cassava. E a outra era a admissibilidade de duas den�ncias, de natureza criminal, que voltar�o a correr em 1º de janeiro de 2019. Foram situa��es diferentes, mas s�o situa��es que demonstram que a for�a pol�tica de Temer no Congresso era maior do que a de Dilma.
Em sua avalia��o, ficar� mais dif�cil governar o Brasil e governar os estados, no sentido de que o futuro presidente e governadores estar�o mais ref�ns dos Legislativos? Os demais Poderes tamb�m andam se atropelando...
Sim. Acho que h� um descumprimento dos pap�is individuais dos Poderes. O STF interfere muito no papel dos outros poderes. H� uma interfer�ncia desmedida e descabia do Judici�rio na pol�tica. � justamente a judicializa��o da pol�tica, como existe tamb�m a politiza��o do Judici�rio, que s�o fen�menos que precisam ser combatidos, a partir de mecanismos de controle e de cumprimento da Constitui��o. Tamb�m o Executivo respeita pouco o Legislativo, que por sua vez n�o tem a sustenta��o de base que � da opini�o p�blica e da sociedade, que n�o o legitima. Se n�o houver conscientiza��o e amadurecimento das institui��es para cada um cumprir o seu papel com serenidade vamos ter mais dificuldades no Brasil. Atribuo grande responsabilidade ao que est� acontecendo hoje ao PT e ao PSDB, que criaram esse ambiente de hostilidade no Brasil. Do “n�s contra eles”, que � algo que tem feito atrasar muito o desenvolvimento do pa�s.