Bras�lia - Para ampliar o eleitorado, o ex-capit�o Bolsonaro moldou o discurso e virou apenas Jair nos grupos de redes sociais que defendem sua campanha ao Pal�cio do Planalto. "Vou continuar atirando, mas agora com silenciador", disse o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) � reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
Bolsonaro disse que pretende atender aos apelos da equipe que formula sua candidatura e adotar um estilo mais conciliador, t�cnico e moderado, levando em conta as primeiras pesquisas de marketing que chegaram ao seu grupo. O deputado, no entanto, deixou clara sua preocupa��o com a esp�cie de pacto que fez com seus seguidores mais radicais, na internet e nas esferas militares: "Tenho pelo menos cem mil marqueteiros pelo Brasil".
O presidenci�vel sofreu um rev�s logo no primeiro teste do esfor�o em demonstrar "p� no ch�o" em assuntos que costumam ter efeitos colaterais no debate eleitoral, como responsabilidade fiscal. Acostumado aos aplausos de seus fi�is seguidores, Bolsonaro foi vaiado quando tentou juntar frases de compromisso com as finan�as p�blicas e declara��es divertidas ao responder a perguntas sobre sa�de, educa��o e saneamento b�sico durante a tarde desta quarta-feira, 23, na Marcha dos Prefeitos.
Minutos depois das cr�ticas, ele desabafou a pessoas pr�ximas: "Se querem o Jairzinho paz e amor, n�o v�o ter. Eu n�o pago marqueteiro".
Bolsonaro afirmou � reportagem que h� mais de um ano busca di�logo com setores diversos da sociedade - empres�rios, economistas e lideran�as sociais. Um aliado do deputado no Congresso relata que, no fim de mar�o, em uma reuni�o em Bras�lia para discutir a campanha, houve uma certa "queda de bra�o", entre os apoiadores do pr�-candidato na discuss�o sobre a necessidade de uma mudan�a gradual nos discursos. Venceu a turma que pediu mais discursos t�cnicos e moderados, voltados especialmente ao p�blico feminino.
Dificuldades
A presen�a de Bolsonaro no encontro com os prefeitos exp�s a sua dificuldade em se apresentar para p�blicos diferentes da tradicional plateia de terminal de aeroporto, que grita "mito" toda vez que o pr�-candidato brada contra a bandidagem.
Bolsonaro usou parte do seu discurso nesta quarta-feira para defender ruralistas e atacar ambientalistas. Os prefeitos, por�m, demonstraram indiferen�a com os temas tradicionais do presidenci�vel. Em busca de socorro financeiro, os chefes municipais se irritaram quando Bolsonaro puxou da manga uma brincadeira e disse que "se a pessoa tiver emprego ela n�o precisa ir para o hospital".
Ali, segundo um interlocutor, Bolsonaro tamb�m demonstrou dificuldades em levar ao palanque as ideias do seu principal conselheiro na �rea econ�mica. Nas �ltimas semanas, o economista Paulo Guedes tem discutido com o pr�-candidato a quest�o das restri��es or�ament�rias em an�lises que incluem reformas trabalhista, tribut�ria e previdenci�ria. Guedes � um dos que j� seguem � risca o uso apenas do primeiro nome do presidenci�vel.
No caso do principal discurso de Bolsonaro, o endurecimento de medidas de combate � criminalidade, a ideia � dar embasamento t�cnico a declara��es que soaram pol�micas e radicais como a da promessa de dar fuzil a fazendeiro para enfrentar o crime no campo. Agora, o pr�-candidato ressaltar� a necessidade de armas de cano longo e facilidade no porte de armas em algumas situa��es.
No momento em que ensaia a ado��o de uma estrat�gia adotada pelo tucano Geraldo Alckmin, que na elei��o de 2006 tirou o sobrenome da campanha, Bolsonaro s� n�o quer copiar o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva que deixou de lado a imagem de radical para ultrapassar os 30% do eleitorado.
Tamb�m se irrita quando o comparam ao ex-presidente Fernando Collor (PTC-AL), por achar que avan�ar� no processo eleitoral sem acusa��es de corrup��o. "N�o me comparem ao Lula nem ao Collor", reagiu na conversa com a reportagem.