
A greve dos caminhoneiros deixou importantes li��es para o governo federal que n�o ficar�o apenas no papel. A mobiliza��o dos transportadores mostrou ao Comit� Gerenciador da Crise que � preciso acelerar o ritmo de constru��o dos centros de intelig�ncia regionais integrados ao centro nacional, em Bras�lia. Essa estrutura servir� n�o apenas para combater o crime organizado, como tamb�m para monitorar manifesta��es e amea�as de paralisa��o de outras categorias. E isso ser� colocado em pr�tica at� o fim do ano.
O Pal�cio do Planalto tenta com isso evitar novo desgaste, como o ocorrido durante a paralisa��o dos caminhoneiros, que comprometa a governabilidade at� o fim do mandato do presidente Michel Temer. Ontem, de acordo com a pequisa do Datafolha, realizada depois da manifesta��o dos transportadores que parou o pa�s, a reprova��o do governo atingiu 82% — a maior rejei��o desde a redemocratiza��o.
O monitoramento de poss�veis paralisa��es tem como objetivo possibilitar que governos estaduais e federal se antecipem e tenham melhores condi��es de di�logo. Antever a eclos�o de reivindica��es trabalhistas � algo para o qual os gestores p�blicos n�o podem mais se dar ao luxo de fazer vista grossa. O Planalto n�o acredita que alguma outra categoria tenha condi��es de parar o pa�s como fizeram os caminhoneiros. Mas reconhece que � melhor prevenir do que remediar, admite um interlocutor do governo. “O movimento dos caminhoneiros veio para mostrar que � preciso acelerar o ritmo de constru��o dos centros de intelig�ncia e coloc�-los para monitorar n�o apenas a seguran�a nacional, mas, tamb�m, uma amea�a de paralisa��o. Tudo em um trabalho conjunto com os estados.”
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A l�gica do governo � evitar que uma greve atinja intensidade maior e ecoe entre a popula��o. Ainda que a mobiliza��o de uma categoria atinja uma propor��o localizada, o objetivo � evitar que o movimento bloqueie acessos estrat�gicos, abastecimento e interfira em direitos constitucionais. Por isso, havendo a identifica��o pelos centros de intelig�ncia de uma onda grevista que possa gerar problemas, governadores ser�o comunicados a fim de tra�arem as estrat�gias necess�rias.
Integra��o
Outra medida que ser� colocada em pr�tica � uma integra��o digital e de conceitos de gest�o entre governos federal e estaduais. O objetivo � aprender a lidar com os protestos na era do chamado “sindicalismo de redes”. Foi dessa forma que o ministro extraordin�rio da Seguran�a P�blica, Raul Jungmann, definiu boa parte das a��es dos caminhoneiros durante a greve. A troca de informa��es entre eles, pelas redes sociais, pegou o Planalto de surpresa. Sobretudo tendo v�rios l�deres comandando por meio dessas ferramentas.
As estrat�gias para sobressair na era desse “sindicalismo de redes” ainda est�o sendo debatidas pelo governo. Uma ideia � infiltrar agentes de intelig�ncia em grupos de internet. “� poss�vel que consiga. � a for�a do Estado”, pondera um interlocutor do governo. Mais do que t�ticas e de usar tecnologia para monitorar as redes sociais, no entanto, est� a mudan�a de conceito de gest�o e de racioc�nio integrado entre estados e o Executivo federal. “Em cada estado, foi montada uma estrutura pr�pria. Hoje, um governo tem um sistema mais tecnol�gico e um outro n�o. � uma demonstra��o de que n�o se pensou de forma integrada. E isso vai mudar. O governo acordou e sair� da in�rcia anal�gica para a era digital”, acrescenta.
Diagn�stico
O conceito digital em forma de diagn�stico e sugest�es � o legado que o governo pretende deixar para as pr�ximas gest�es, sob a �tica da seguran�a do pa�s. Um documento est� sendo preparado para repassar o conhecimento obtido pelo governo durante a greve dos caminhoneiros e todas as medidas de intelig�ncia adotadas posteriormente � crise.
O ministro-chefe do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI) da Presid�ncia da Rep�blica, S�rgio Etchegoyen, destacou, durante a crise, que cada minist�rio e �rg�o envolvido ficar� encarregado de sistematizar as li��es aprendidas. “Para que possamos produzir um documento que preserve a mem�ria, fa�a o diagn�stico, identifique as causas e as consequ�ncias e a forma como trabalhamos. Guardar e ter isso escrito para poder tirar os ensinamentos necess�rios � um enorme patrim�nio de conhecimento”, ponderou.
“Para que possamos produzir um documento que preserve a mem�ria e fa�a o diagn�stico, identifique as causas, consequ�ncias, e a forma como trabalhamos. Guardar e ter isso escrito para poder tirar os ensinamentos necess�rios � um enorme patrim�nio de conhecimento”
S�rgio Etchegoyen, ministro-chefe do GSI.
