
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) afirmou, por meio de carta aos prefeitos de Santa Catarina, que est�o reunidos at� esta quinta-feira (14) em Florian�polis, que � candidato a presidente da Rep�blica nas elei��es deste ano. "E se hoje eu sou candidato a presidente de novo, � porque na democracia quem decide os governantes � o povo", disse o ex-presidente, depois de saudar os prefeitos e listar feitos de seu governo para o estado.
De acordo com a Lei da Ficha Limpa, condenados em segunda inst�ncia, a exemplo de Lula, setenciado a 12 anos e um m�s em segunda inst�ncia, ficam ineleg�veis. O prazo para registro de candidatura para as elei��es deste ano � 15 de agosto. Caso o PT registre a candidatura do ex-presidente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dever� se pronunciar sobre o assunto.
A carta foi lida nesta quarta-feira pelo secret�rio nacional do PT, Em�dio de Souza, em Florian�polis, onde acontece desde a segunda-feira (11), o XVI Congresso dos Prefeitos de Santa Catarina.
De acordo com o texto lido pela dirigente petista, Lula enfatizou que "duvida" ter havido um governo federal que "levou mais recursos para os prefeitos de Santa Catarina" do que o dele pr�prio.
Com discurso de candidato, Lula chega a fazer promessas. "Eu quero trazer muita experi�ncia e di�logo para ao mesmo tempo termos responsabilidade fiscal, resolvermos o d�ficit e retomarmos os investimentos sociais e em infraestrutura".
O ex-presidente tamb�m aproveita para reiterar que � inocente. "Encontro-me em uma cela, condenado injustamente por atos indeterminados”, reclama. De acordo com Lula, o juiz que o condenou, sem citar o nome de S�rgio Moro, "n�o determinou o que ele fez de errado". "Por causa de um apartamento que n�o � meu, do qual nunca tive a chave, nem a escritura, e no qual jamais dormi. Condenado a dormir doze anos preso por algo que n�o � nem nunca foi meu".
Leia abaixo a �ntegra da carta
"Meus caros amigos prefeitos de Santa Catarina reunidos em Florian�polis,
Ser prefeito � governar pr�ximo de sua gente. � ter responsabilidade de cuidar. � estar na ponta dos problemas e das solu��es. Voc�s que recebem o povo na porta de casa pedindo ajuda, e sabem como tem aumentado o sofrimento da popula��o. Voc�s n�o podem se esconder em um pal�cio em Bras�lia ou no est�dio de uma televis�o. Voc�s n�o tem cargo vital�cio. Voc�s a cada quatro anos tem que ir na rua pedir voto, olhar o povo nos olhos e pedir a renova��o da confian�a deles em voc�s, enquanto todos dizem o tempo inteiro que todos os pol�ticos n�o prestam. Voc�s, independente do partido e da linha de pensamento, assumem a responsabilidade de serem os l�deres das suas cidades. Por isso tenho o maior respeito e admira��o por quem aceita esse desafio de cuidar de um munic�pio.
Alguns talvez tenham sido prefeitos quando eu fui presidente. Tenho orgulho de dizer que jamais descriminei prefeito por partido, se gostava ou n�o gostava de mim. Todos foram bem atendidos, sem qualquer discrimina��o. Criamos uma sala de atendimento e equipe especial no Pal�cio do Planalto s� para atender os prefeitos. Porque voc�s n�o representam um grupo ou um partido. Representam toda a popula��o das suas cidades.
Durante meus mandatos aumentamos os repasses para os munic�pios. Criamos o Fundeb para ampliar o financiamento da educa��o. Demos apoio na merenda e no transporte escolar. Levamos campus universit�rios para o interior, para n�o ser como antigamente, s� na capital. Da Federal de Santa Catarina criamos campus em Ararangu�, Blumenau, Curitibanos e Joinville. A Universidade Federal da Fronteira Sul em Chapec�. Os Institutos Federais de Ensino, com 37 campus e 43 mil alunos no estado. Fizemos o Minha Casa Minha Vida, o PAC e o Bolsa Fam�lia em parceria com o poder local. E o governo Dilma criou os Mais M�dicos, para atender uma reivindica��o dos prefeitos que n�o conseguiam levar m�dicos para o interior e as periferias das grandes cidades. Apanhou muito por causa dos Mais M�dicos. Mas hoje milh�es s�o atendidos pelos profissionais desse programa.
Apoiamos a ind�stria, aumentamos o financiamento para a agricultura e o apoio para os pequenos produtores. Criamos a lei dos cons�rcios p�blicos, que permitiu a cria��o de cons�rcios de grupos de munic�pios, um instrumento importante para os prefeitos das regi�es metropolitanas e das pequenas cidades.
Duvido que tenha tido um governo que levou mais recursos para os prefeitos de Santa Catarina do que o meu. E se hoje eu sou candidato a presidente de novo, � porque na democracia quem decide os governantes � o povo. Voc�s s�o prefeitos eleitos pelo povo, e tem que ser respeitados por isso. E eu quero garantir que se eu tiver a honra de ser presidente do Brasil mais uma vez, haver� di�logo, coopera��o e respeito aos prefeitos, para trabalharmos juntos na supera��o da atual crise e voltarmos para o caminho do desenvolvimento e da conviv�ncia democr�tica.
Porque o pa�s n�o pode continuar apenas no rumo dos cortes de investimentos e pol�ticas sociais que est�o destruindo nosso presente e nosso futuro.
Voc�s sabem o que ir� significar a PEC do Teto de Gastos para os prefeitos. Ela ir�, de forma crescente, inviabilizar a gest�o p�blica n�o s� no governo federal, mas tamb�m nos munic�pios. Sejam voc�s do partido que forem, apoiem o candidato que quiserem, voc�s sabem que essa medida n�o pode ser mantida se a gente quer um futuro vi�vel para o Brasil.
Eu quero trazer muita experi�ncia e di�logo para ao mesmo tempo termos responsabilidade fiscal, resolvermos o d�ficit e retomarmos os investimentos sociais e em infraestrutura. N�o � f�cil, mas eu sou o �nico candidato que pode dizer que j� fez exatamente isso quando foi presidente. E � pelo que eu fiz como presidente que voc�s podem ter certeza: n�o tem candidato nessa elei��o que conhe�a mais o Brasil e Santa Catarina do que eu.
Esse ano estive novamente em Santa Catarina, na etapa Sul das caravanas que percorreram estradas de 15 estados em 3 regi�es do pa�s. Passei por Florian�polis, por Chapec�, pela regi�o oeste. Eu sei que voc�s tem uma economia forte e diversificada, com ind�stria, agropecu�ria e turismo. Uma hist�ria menos marcada pela desigualdade e pelo analfabetismo que outros estados. Eu sei que o desemprego � o mais baixo do Brasil. Mas sabemos que voc�s n�o est�o isolados da crise que afeta o pa�s.
Conversei com produtores de leite que tem vendido seus produtos abaixo do pre�o. A greve dos caminhoneiros, fruto da pol�tica absurda de pre�os de combust�veis na Petrobr�s implantada por Pedro Parente, levou ociosidade para nossas refinarias, preju�zos na balan�a comercial e o caos para atividade chave do transporte de carga nas estradas, que conectam quase toda a nossa economia. As cadeias de produ��o de aves e su�nos que estavam indo t�o bem, tem sofrido nos �ltimos anos, e foram severamente prejudicadas pela greve.
A instabilidade do pa�s, a falta de paz, vai minando investimentos, projetos de longo prazo, empregos, cidades, fam�lias. A pobreza, que estava diminuindo, e a fome, que tinha praticamente desaparecido, voltaram a crescer.
Cen�rio t�o diferente daquele de quando deixei o governo.
Voc�s se lembram. Governei no per�odo de mais longa paz social no Brasil. Governei praticando o di�logo e o ideal de que se tem que governar para todos, com um carinho especial para quem mais precisa. N�o me arrependo um instante disso. Quero praticar ainda mais o di�logo em um governo feito junto com os governadores, os prefeitos, trabalhadores e empres�rios debatendo e construindo juntos as solu��es para o pa�s.
S� um presidente eleito pelo voto poder� retomar o caminho do desenvolvimento. Eu sei que podemos superar esse caos iniciado em 2014, quando alguns poucos decidiram n�o aceitar o resultado das urnas e sabotar o governo do PT para voltarem ao poder.
Eu conversei com muitos estudantes de universidades do estado que vem o governo cortar investimentos em educa��o e pesquisa. Um estado como Santa Catarina s� vai avan�ar ainda mais com educa��o, pesquisa, universidades, tecnologia. A redu��o dos investimentos nessa �rea retiram o futuro que o Brasil poderia ter.
Al�m da situa��o prec�ria das nossas universidades p�blicas nos �ltimos anos, a Universidade Federal de Santa Catarina e a cidade de Florian�polis onde est�o reunidos viveu uma trag�dia ano passado. A morte do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo. A sua morte n�o foi suic�dio, foi um assassinato. Mataram sua reputa��o, sua hist�ria, sua dedica��o de d�cadas � universidade p�blica. Ele n�o resistiu � esse linchamento da m�dia, de acusa��es falsas contra sua honra.
O reitor foi v�tima de uma teoria, de um processo, que acha que para condenar algu�m n�o se tem que ter provas, mas sim destruir sua imagem p�blica. Muita gente celebra quando tal linchamento atinge um advers�rio pol�tico. Quando acham que isso � para acabar com o Lula e o PT. Mas hoje isso atinge a exporta��o de carnes, de frangos, milhares de empregos em construtoras, e at� um reitor de uma universidade, v�timas da mesma vontade de uns poucos de aparecer no Jornal Nacional. Claro que a corrup��o tem que ser combatida e meu governo foi o que mais institui leis e refor�ou a pol�cia federal para combater a corrup��o. Mas como ficam os inocentes e os atingidos injustamente por esses processos midi�ticos?
Encontro-me em uma cela, condenado injustamente por “atos indeterminados”, j� que o juiz n�o sabe dizer o que eu fiz de errado, e por causa de um apartamento que n�o � meu, do qual nunca tive a chave, nem a escritura, e no qual jamais dormi. Condenado a dormir doze anos preso por algo que n�o � nem nunca foi meu.
Eu sei que n�o fui condenado em tempo recorde por um apartamento no Guaruj� onde nunca fiquei sequer um dia. Mas para evitar que o povo brasileiro mande eu passar mais quatro anos trabalhando no Pal�cio do Planalto, como fiz por oito anos entre 2002 e 2010.
Eu n�o cometi crime algum e confio e aguardo o reconhecimento da minha inoc�ncia ou que aqueles que me acusam apresentem alguma prova da minha culpa.
Eu n�o fugi. Eu n�o desisti, nem jamais irei desistir do meu pa�s.
E voc�s tamb�m n�o devem desistir jamais de lutar para resolver os problemas das suas cidades. De lutar, de ouvir o povo, de debater os problemas, de reconhecer as dificuldades sem baixar a cabe�a.
Os dias atuais podem parecer dif�ceis, podem parecer querer destruir toda a esperan�a, mas como canta Chico Buarque, amanh� h� de ser outro dia. Um dia que vir� quando o povo expressar a sua vontade sobre o Brasil de forma democr�tica nas urnas.
E � na democracia que eu tenho certeza que o pa�s voltar� a encontrar seu rumo, que o Brasil encontrar� o caminho para ser feliz de novo.
Tenham um grande encontro e que Deus ilumine voc�s nesse trabalho t�o importante e bonito que � ser prefeito.
Lula"
