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Estado de Minas O GRITO DOS CARTAZES

Como ficou o Brasil cinco anos depois da onda de protestos em 2013

Muitas demandas daquele junho de 2013 continuam sendo sonho distante, como a 'educa��o e sa�de com padr�o Fifa'


postado em 01/07/2018 06:00 / atualizado em 05/07/2018 17:26

“� tanta coisa que n�o cabe num cartaz.” Era uma das tantas frases que h� cinco anos povoaram as ruas do Brasil nas manifesta��es que ficaram conhecidas como Jornadas de Junho, em 2013, durante a Copa das Confedera��es. Com demandas que iam do combate � corrup��o, passando pela melhoria dos servi�os p�blicos e a redu��o do pre�o da passagem de �nibus, que eclodiu o movimento nas capitais brasileiras, o grito das ruas, estampado em milhares de cartazes, abriu ciclo hist�rico de crise pol�tica na sociedade brasileira. Combativa, a popula��o justificava que “n�o era pelos 20 centavos”, dizia que “o gigante que acordou”, fazia o convite do “vem pra rua” e anunciava que “n�o vai ter Copa”, um ano antes de o Brasil sediar o Mundial de futebol. Sim, teve Copa. Duas no Brasil e, agora, na R�ssia, onde amanh� a sele��o canarinho briga por vaga nas quartas de final. Mas, cinco anos depois, quais as respostas para aquele grito de 2013? Que pa�s � este cinco anos depois? Evidentemente, � tanta coisa que n�o se esgota em uma reportagem.

Desde ent�o, uma crise pol�tica e econ�mica estourou no pa�s. O Brasil, at� aquele momento, ao mesmo tempo, un�ssono e plural, se dividiu, o que ficou claro numa s�rie de manifesta��es e protestos que ocorreram nos anos seguintes. Houve o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), pol�ticos corruptos foram parar atr�s das grades. Em 2014, o maior esquema de corrup��o no Brasil foi revelado, com a Opera��o Lava-Jato, que condenou mais de 140 pessoas. A sa�de e a educa��o est�o longe do “padr�o Fifa”, pedidos recorrentes nos cartazes, e a tarifa de �nibus subiu muito mais do que 20 centavos.

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)

Ao olhar em retrospectiva, o professor do Departamento de Ci�ncias Pol�ticas da UFMG Carlos Ranulfo considera que o Brasil piorou em rela��o �s demandas sociais de 2013, em especial na sa�de e na educa��o. “Parte da demanda de 2013 est� inexequ�vel por causa da Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) 55, que deixa o governo completamente amarrado”, diz. Tamb�m segundo a diretora-executiva do Observat�rio Social do Brasil (OSB), Roni Enara Rodrigues, a sa�de e a educa��o “padr�o Fifa” est�o longe de ocorrer. “Isso passa pela efici�ncia no uso dos recursos p�blicos”, destaca. A PEC 55, aprovada no governo Michel Temer, estabeleceu um teto para gastos p�blicos.

Um dos entraves para os avan�os sociais � porque pol�ticos det�m o controle de grande parte das decis�es estrat�gicas de pol�ticas p�blicas e aloca��o de recursos or�ament�rios, de acordo com o consultor s�nior da Transpar�ncia Internacional (TI) no Brasil, Fabiano Ang�lico. “Hospitais ‘padr�o Fifa e escolas ‘padr�o Fifa’ s� ser�o vis�veis quando as lideran�as pol�ticas tiverem legitimidade, honestidade e compet�ncia para escolher os melhores quadros t�cnicos e assim liderar a implementa��o de melhores pol�ticas”, afirma.

Especialistas, reconhecem, por�m, avan�os no combate � corrup��o. “Houve a contribui��o da Opera��o Lava-Jato, que prendeu v�rios corruptos, o que antes seria inimagin�vel. Houve avan�o em legisla��es que previnem a corrup��o, mas nossa maior barreira est� no Congresso”, ressalta Roni.

‘SONHOS E CONTRADI��ES’

Estopim para as manifesta��es, o transporte p�blico ainda � desafio para o pa�s. Se, na �poca, o aumento da tarifa de �nibus levou o Brasil a dar o grito e ir para as ruas, em maio passado, o pre�o da gasolina e do �leo diesel motivou caminhoneiros a parar as estradas e o pa�s. “Os movimentos sociais ganharam organiza��o e capacidade de atua��o, mas a gente n�o teve muitos avan�os em mobilidade. Empresas de �nibus continuam dando as cartas, o pre�o da passagem aumentou e houve a redu��o na oferta de transporte”, destaca o economista Andr� Veloso, integrante do movimento Tarifa Zero.

“Acabem com a corrup��o ou acabamos com a Copa”

(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A.Press)
(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A.Press)

Teve Copa de 2014, chegou a Copa de 2018 na R�ssia e o Brasil est� longe de acabar com a corrup��o. “A velha classe pol�tica – ao ver seu poder amea�ado por conta do avan�o das investiga��es anticorrup��o – tem agido no modo ‘autossalva��o’, operando com baix�ssima legitimidade e colocando em risco a democracia e a confian�a da sociedade em suas institui��es. A classe pol�tica atual � completamente avessa a reformas que venham a atacar, de forma sist�mica, a corrup��o: o problema n�mero 1 do pa�s na avalia��o dos brasileiros”, afirma o consultor s�nior da Transpar�ncia Internacional no Brasil Fabiano Ang�lico.

“Ou para a roubalheira ou paramos o Brasil”
(foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
(foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)

A roubalheira n�o parou no Brasil, mas cada vez mais os brasileiros t�m ido � rua para protestar. A partir de 2015, movimentos contr�rios ao governo Dilma Rousseff fizeram press�o, o que culminou no impeachment da presidente. Em rea��o, cr�ticos ao que consideraram golpe parlamentar imposto no Brasil tamb�m tomaram as ruas para protestar. A pris�o do ex-presidente Lula tamb�m motivou uma s�rie de atos. Mais recentemente, em maio, caminhoneiros pararam o Brasil, levando a uma crise de abastecimento, ao protestar contra o pre�o dos combust�veis e dos fretes e a desvaloriza��o da categoria.

“Japan. We change our soccer for your education”
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)

Levantamento do Minist�rio da Educa��o mostra que, dos 20 objetivos previstos no Plano Nacional de Educa��o (PNE), apenas um foi cumprido integralmente – o aumento de professores do ensino superior com p�s-gradua��o –, sendo que a metade dificilmente conseguir� ser atingida. A lei determina que todas as metas estejam cumpridas at� 2024. Segundo o Observat�rio do PNE, o pa�s n�o conseguiu, por exemplo, universalizar o atendimento escolar para toda a popula��o de 15 a 17 anos at� 2016. Atualmente, o percentual de jovens nessa faixa et�ria na escola � de 84,3%. Na compara��o com o Jap�o, o Brasil tem em m�dia 7,8 anos de escolaridade, contra 12,5 anos do pa�s nip�nico.

 

 


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