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Estado de Minas

Opera��o Lava-Jato provoca mais investiga��es sobre corrup��o no pa�s

A��es da PF com foco na apura��o de atos de corrup��o cometidos por pol�ticos aumentaram 411% em cinco anos


postado em 02/07/2018 06:00 / atualizado em 02/07/2018 07:48

Sede da Polícia Federal em Curitiba, berço da Operação Lava-Jato, considerada um marco no combate à corrupção, que completou quatro anos(foto: Mauro Pimentel/AFP 6/4/18)
Sede da Pol�cia Federal em Curitiba, ber�o da Opera��o Lava-Jato, considerada um marco no combate � corrup��o, que completou quatro anos (foto: Mauro Pimentel/AFP 6/4/18)

Bras�lia – Os esc�ndalos de corrup��o no Brasil levaram a sociedade a fazer an�lises mais duras sobre crimes como pagamento de propina e lavagem de dinheiro. Tida como marco para o combate a essas a��es, a Opera��o Lava-Jato, que completou quatro anos em mar�o, desencadeou uma s�rie de outras investiga��es. Mais que isso. Mudou a forma como a popula��o, agentes p�blicos, de seguran�a e da Justi�a encaram os esquemas.

Levantamento da Pol�cia Federal, feito a pedido da reportagem, revela que o n�mero de opera��es de combate � corrup��o aumentou 411% em cinco anos. Passou de 56, em 2013, para 286, em 2017. Em cinco anos, o total de pris�es chega a 1.946 e a de opera��es 621. Nesse per�odo, centenas de pessoas foram presas por cometer crimes como corrup��o, forma��o de quadrilha, lavagem de dinheiro, fraude, obstru��o da Justi�a e recebimento de vantagem indevida, entre outros.

Para especialistas, os n�meros mostram a mudan�a de comportamento na sociedade, que se empoderou. Eles acreditam que a press�o popular fez com que institui��es como a Pol�cia Federal (PF), o Minist�rio P�blico Federal (MPF), a Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) e o Supremo Tribunal Federal (STF) ficassem ainda mais rigorosos com essas apura��es.

Para Cristiano Noronha, analista pol�tico da consultoria Arko Advice, muitos esquemas s� foram descobertos a partir da colabora��o de algum dos investigados com o MPF e a Pol�cia Federal — a famosa dela��o premiada. “A sociedade percebe que est� havendo um aumento nos casos de corrup��o por causa das investiga��es e das den�ncias. Isso se deve, em parte, � colabora��o dos investigados.” O cen�rio, diz Cristiano, reduz o n�vel de toler�ncia da sociedade. Para ele, a falta de convic��o do brasileiro na pol�tica e os esc�ndalos revelados nos �ltimos anos tendem a fortalecer os candidatos que levantarem a bandeira anticorrup��o.

Rui Tavares Maluf, cientista pol�tico da Universidade de S�o Paulo (USP), acredita que o aumento das opera��es reflete o aumento da parcela da sociedade que � intolerante com essas pr�ticas. “Com opera��es bem-sucedidas, passa-se a ter mais informa��es, abre-se nova janela que n�o estava sendo vista antes. O n�mero de pessoas inconformadas aumentou”, avalia.

Instrumentalizado

“N�o � poss�vel desarticular o combate � corrup��o instrumentalizado no Brasil. Mesmo com a troca de comando de l�deres de institui��es dedicadas a esse trabalho”, explica Ant�nio Jos� Barbosa, professor de hist�ria pol�tica contempor�nea da Universidade de Bras�lia (UnB). Ele diz que as institui��es s� funcionam perfeitamente com pessoas que t�m diferen�as, idiossincrasias e interesses. “Essas diferen�as n�o t�m for�a para paralisar ou mesquinhar uma opera��o como a Lava-Jato. A sociedade n�o permitiria isso”, pondera.

Ant�nio acredita que ainda � cedo para se falar em mudan�a cultural, mas avalia que desde o mensal�o (esc�ndalo de corrup��o envolvendo a compra de votos Congresso) e o petrol�o (esquema de desvio e pagamentos de propina na Petrobras), algumas institui��es mudaram sua forma de agir.

Exemplo disso foi quando o ex-procurador-geral da Rep�blica Rodrigo Janot criticou a sucessora, Raquel Dodge, de atrapalhar a Lava-Jato. Janot disse que Dodge e o ex-diretor da Pol�cia Federal Fernando Seg�via estavam dificultando as investiga��es da opera��o Lava Jato e desviando o foco de alguns pol�ticos.

Mesmo com as acusa��es, Ant�nio destaca que ningu�m “impediu” o combate � corrup��o. “As diferen�as de personalidade e de natureza de cada l�der desses �rg�os n�o s�o fortes suficientes para acabar o trabalho de combate � corrup��o. Pode ter momento de maior visibilidade, outros de maior quieta��o, mas ele vai continuar incessantemente”, conclui.

Heran�a cultural

O soci�logo Ant�nio Carlos Mazzeo, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), destaca que a corrup��o est� enraizada na cultura humana. Segundo ele, essa pr�tica ficou mais comum com a acumula��o de riqueza e propriedade privada. “A corrup��o tem sido combatida ao longo dos s�culos, sobretudo nas sociedades capitalistas que criaram leis e institui��es que deram o m�nimo controle”, explica.

No Brasil, a origem colonial – em que o pa�s se ligava a uma metr�pole decadente e corrupta — colaborou com esse perfil. “A corte, que se instalou no Rio de Janeiro, era muito corrupta. A corrup��o � end�mica na sociedade brasileira”, acrescenta. Para ele, combate � corrup��o tem que ser feito de modo que a popula��o protagonize a discuss�o, do contr�rio h� desvios. “Essa bandeira acaba sendo usada pelo pol�tico que quer fazer demagogia”, critica.

 

 


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